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Tapada Real

Tapada Real

O ponto de interesse Tapada Real encontra-se localizado na freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu no municipio de Vila Viçosa e no distrito de Évora.

Espaço verde de produção agrícola / Espaço verde de produção animal / Espaço verde de recreio. Tapada limitada por muro, construída para criação de caça e/ou gado e aproveitamento de mato e lenha. Maioritariamente florestada contendo campos agrícolas, horta e espaço ajardinado. Encontra-se dividida em duas partes: a tapada pequena ou tapada de cima e tapada grande ou tapada de baixo. A primeira está mais próxima da cidade e contém a maior parte dos elementos construídos como pequenas casas, um forno de cal e capelas em dois dos seus outeiros. Na segunda fica o monte onde se inclui o principal edifício da tapada: o paço e uma capela na sua proximidade. A Tapada foi um dos primeiros coutos de caça estabelecidos em Portugal. Constitui uma unidade paisagística facilmente diferenciável da envolvente a nível biofísico e visual. Intra-muros é pontuada por uma rico património arquitectónico que preserva a maior parte das suas características originias.

De planta aproximadamente triangular com os ângulos truncados. Tem a base voltada a E., e é limitada exteriormente e dividida em duas partes por muro.1.1. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA - 1.1 - ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS: Relevo: situada nas faldas da plataforma de Estremoz, no prolongamento da serra da Ossa, entre os 300m de altitude a NE. e os 420 a SO., caracteriza-se por um relevo ondulado com plataformas recortadas pela erosão nos cumes e afloramentos rochosos nas encostas. Constituída por planaltos e vales, tem um primeiro planalto entre o muro a E. e a S., o ribeiro de Borba a E. e a ribeira das Águas Férreas, que domina grande parte da paisagem circundante e apresenta algumas elevações acima da cota média. Um segundo planalto fica entre o ribeiro de Borba e o de Albufeira. O terceiro, que é o maior em superfície, situa-se entre o ribeiro de Albufeira e a ribeira de Asseca. Os principais vales são o das Águas férreas, o de Borba e o de Albufeira. Declives: O terreno apresenta declive ligeiramente acidentado; Rede hidrográfica: atravessada por várias bacias de recepção de água das chuvas com destaque para a ribeira das Águas Férreas, a ribeira do Barranco do Rabão e Barranco da Tapada onde existe uma albufeira. São também consideráveis a bacia do ribeiro de Baixo e a do ribeiro dos Peleiros. É ainda atravessada pela ribeira da Asseca de que são afluentes os ribeiros de Borba e de Albufeira no sentido N.-S. que se juntam quase à saída da tapada. O regime de águas é torrencial. Geologia: formações xistosas do período do silúrico superior (Paleozóico). A plataforma de Estremoz resulta de uma dobra anticlinal cujo eixo NO.- SE. coincide com a direcção da mancha do silúrico superior produzindo uma fenda que pôs a descoberto o terreno subjacente através da erosão.; Solos: mediterrâneos vermelhos de fase delgada e litossolos esqueléticos de origem xistosa, nomeadamente: solos vermelhos não calcáreos sobre xisto, solos pardos avermelhados não calcários sobre xisto, solos selgados sobre xisto, solos esqueléticos e aluviões. O predomínio dos solos esqueléticos confere aos solos da tapada baixa fertilidade. Das cotas mais elevadas para as mais baixas existem xistos ferruginosos com veios de sexquióxido de ferro e xistos micáceos. Nos solos assentes sobre calcário a água é retida em depósitos subterrâneos vindo a ressurgir em nascente no contacto do xisto com o mármore.1.2. CLIMATOLOGIA: clima temperado, sub-húmido, com chuva deficiente no verão. Segundo dados recolhidos na estação metereológica de Elvas (entre 1941 e 1945), a precipitação média anual é de 606.6mm distribuídos pelos meses entre Outubro e Março, sendo Janeiro o mês mais chuvoso com 74.9mm. Entre Julho e Setembro a precipitação é inferior a 10mm. A temperatura média anual é de 16.1 ºC. O mês mais frio é Janeiro com temperatura média de 8.3 ºC e o mais quente é Julho com temperatura média de 24.9 ºC. Em Janeiro atinge-se os mínimos das temperaturas máximas e mínimas mensais com 13.3 ºC e 8.3 ºC, respectivamente, e em Julho os máximos das temperaturas máximas e mínimas com 33.6 ºC e 24.9 ªC, respectivamente. 1.3. VALORES BIÓTICOS: Flora: predomina o montado de sobro (Quercus suber) associado em algumas áreas ao azinho (Quercus rotundifolia). Nos vales, áreas de melhores solos encontra-se o castanheiro (Castanea sativa), choupos (Populus sp.) e plátanos (Plátanus sp.). O pinheiro-manso (Pinus pinea) e carvalho-cerquinho (Quecus faginea) surgem dispersos ou isolados e ao longos das linhas de água assinala-se o freixo (fraxinus angustifolia) e a silva (Rubus ulmifolius). São ainda comuns a oliveira (Olea europaea var. europaea) e o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris), O extrato inferior de vegetação é dominado por estevais (Cistus ladanifer) nas colinas, zonas de maior devlive, e por herbáceas anuais nas zonas de menos declive. A tapada grande tem maior cobertura arbórea que a tapada pequena. Fauna: permanece na tapada uma população de veado 2. CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS ANTRÓPICOS: 2.1. PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO: Muro com aproximadamente 3m de altura, em alvenaria com 17330m de perímetro, rasgado por seis portas: de S. Bento ou Porta Real, que servia o paço ducal, de S. Barbara ou Porta Velha, de Mercandela, da Albufeira, junto à ribeira com o mesmo nome, de S. António e do Ferro. Destas, duas permitem o acesso automóvel: a de São Bento, mais próxima da cidade, e a de Albufeira, no outro extremo. Junto ao primeiro portão, com entrada para a Tapada de Cima, localiza-se um monte que se estende adjacente a cada um dos lados do muro. Deste pontão parte o principal caminho da tapada, em macadame, que a atravessa em toda a sua extensão. À sua direita situa-se o outeiro de S. Jerónimo cujo cume constitui o ponto natural mais alto da tapada, encimado pela ERMIDA DE S. JERÓNIMO, com corpo central de planta circular e cuja entrada é antecedida por um pequeno átrio quadrangular coberto. O caminho principal é cortado a pouca distância deste local por outro que passa pelo forno de cal parcialmente subterrado e com entrada a cota inferior. Neste sentido fica o vale da ribeira das Água Férreas onde se encontra a FONTE DAS ÁGUAS FÉRREAS, constituída por muro circular ornamentado com revestimento de empedrados e pedra e encimado por brasão e cruz. Ao centro está uma taça circular que recolhe a água de uma bica singela. Contíguos ao muro estão dois bancos corridos com costas e braços, revestidos a pedra e ornamentados com volutas. À direita fica adjacente um pequeno espaço fechado por porta em cujo interior se encontra um reservatório de água e o canal que conduz à ribeira os excessos. Perpendicular a esta estrada existe um terceiro banco corrido, inserido na encosta rochosa e capeado a pedra. Perto da fonte a ribeira é atravessada por uma ponte seguida de caminho que passa ao lado da FONTE DO CASTANHEIRO. Novamente junto ao caminho principal, caminhando para E. situa-se, perto da Ponta Velha, a CASA DA PORTA VELHA, com uma cerca adjacente. Mais à frente surge o outeiro que dá o nome à ERMIDA DE S. EUSTÁQUIO, antiga atalaia de planta circular, com torre e miradouro sobre a cobertura. Daqui se avista praticamente toda a tapada, Vila Viçosa, Terrugem, Vila Fernando e Olivença em dias de céu limpo. Por trás da ermida existe um relógio de sol encimando um pilar. Em frente á ermida está uma pequena casa em recinto rectangular murado. A O. deste local existe uma nora rodeada por murete e muro exterior, ambos de planta circular. O caminho principal cruza o muro que separa as duas tapadas. A Tapada de Baixo inicia-se num portão de ferro à direita do qual existe uma pequena casa em reconstrução. Mais à frente fica a FONTE DA ROCHA, na base das escarpas rochosas que ladeiam o caminho e que liga à ribeira de Borba. Atravessando a ponte sobre esta ribeira, uma alameda de eucaliptos conduz ao monte principal da tapada. Neste local situa-se o PAÇO e a ERMIDA DE N. S. DE BELÉM. O Paço está ligado nas traseiras a uma pequeno espaço murado que por sua vez liga a um pátio que acede por escadaria a um templete de planta rectangular com arcaria a toda a volta. Daqui se pode observar o denominado touril, recinto murado construído para as ferras e corridas que aí ocorriam. Para lá do touril estabelecem-se as casas dos criados e uma nora com rodeada enquadrada por muro e arcaria. Na zona que antecede o paço, existe um relógio de sol semelhante ao da ermida de S. Eustáquio. A N. do palácio fica a ALBUFEIRA ou LAGOA, onde a água é retida criando um ponto de grande riqueza paisagística. Para lá da encosta que aqui se inicia fica o MARCO DA LUA, cujo nome provém de uma pedra que aí existe com um quarto de lua esculpido. Em seu redor subsistem pequenos recintos de pedra solta em ruínas. a e., fica a denominada HORTA DOS MACHADOS, aproximadamente 2ha murados onde ainda existem ruínas da primitiva casa pertence aos fidalgos com este apelido, antes da sua integração na tapada por D. Teodósio. Existe também um marco comemorativo do encontro do duque D. João Alcaide-mor de Mourão Pedro de Mendonça Furtado.

Materiais

Observações

Reza a tradição que o Marco da Lua surge na sequêcia de uma grande batalha da qual os Mouros saíram vencedrores deixando ali a referida pedra para celebrar o acontecimento. Este era o local preferido de D. carlos, onde ocorriam encontros e almoços relacionados com as caçadas, e vem representado em várias das suas pinturas.