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Mãe de Água das Amoreiras

Mãe de Água das Amoreiras

O ponto de interesse Mãe de Água das Amoreiras encontra-se localizado na freguesia de Santo António no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura infraestrutural, barroca e neoclássica. Mãe de Água de planta rectangular simples, com cobertura em terraço, protegido por platibanda plena, rasgada, em todas as fachadas, por janelas em arco de volta perfeita e molduras simples, que permitem uma iluminação interior uniforme. Fachada principal com corpo avançado, com acesso por dois lanços de escadas divergentes, levando a duas portas em arcos de volta perfeita, de acesso ao interior. Fachadas marcadas por duplas pilastras toscanas, encimadas por cornija decorada por gárgulas. Interior com três alas de três tramos, com coberturas diferenciadas em abóbadas de aresta, suportadas por pilares e pilastras toscanas. O tanque recebe água através de uma cascata. A Mãe de Água podia ter sido planificada com uma dimensão unicamente utilitária, sendo o grande reservatório que garantia o abastecimento de água a Lisboa, no âmbito das Águas Livres, mas que foi assumida como pretexto para a elaboração de um espaço de carácter artístico, para o qual também contribuiu a sua localização, que lhe dá imponência tornando-o mais forte e evidente. O edifício apresenta linhas arquitectónicas de grande sobriedade e simplicidade, que apesar de tudo não deixam de recorrer aos elementos clássicos, como é o caso da ordem toscana. Os únicos elementos decorativos existentes são as gárgulas que se dispõem na cornija*10 e o esquema da escadaria na fachada principal, com efeito cenográfico. Os vãos que se rasgam em todas as fachadas apresentam dimensões reduzidas relativamente ao espaço onde se inserem, estes em conjunto com as pilastras, conseguem transferir para o exterior a organização do espaço interno, que adoptou a estrutura das igrejas-salão quinhentistas, cujo espaço aqui parece duplicar devido aos jogos de água. No interior, destacam-se as janelas com conversadeiras e a cascata, o elemento mais artístico do conjunto, que abastece o tanque, com bica em forma de cabeça de golfinho.

Planta quadrangular, irregular, com dois corpos avançados, nas fachadas principal e posterior, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas, com cobertura em terraço. Fachadas em cantaria de calcário aparente, flanqueadas por duplas pilastras toscanas colossais, encimadas por cornija onde se dispõem gárgulas em forma de animais fantásticos, rematadas em platibanda plena. Fachada principal, voltada a S., composta pelo corpo da Mãe de Água*3, a que se adossa, ao centro, um corpo saliente, ladeado por duas escadas exteriores simétricas e divergentes, cada uma delas com dois lanços, tendo guarda corpo em cantaria almofadada, que terminam em patamares, onde se rasgam portas de verga recta encimadas por bandeiras em arco de volta perfeita com fechos salientes e molduras simples de cantaria, com os vãos protegidos por duas folhas de madeira e almofadas pintadas de verde. A face central do corpo possui uma janela em arco de volta perfeita, protegida por caixilharia de madeira pintada de branco, com vidro simples. As fachadas laterais são semelhantes, viradas a E. e O., de três panos divididos por pilastras toscanas, colossais, cada um deles rasgado por janelas de arco de volta perfeita, com molduras e fechos salientes. Adossado sensivelmente a meio da fachada lateral esquerda, encontra-se uma clarabóia, de planta recta, rebocada e pintada de branco, rematada em cornija, rasgada por duas janelas rectilíneas e porta de verga recta, todas emolduradas, as primeiras protegidas por gradeamento de ferro pintado de verde e a última protegida por uma folha de madeira da mesma cor. Esta estrutura encontra-se ligada interiormente por meio de uma escada de cantaria à Casa do Registo *4, situada sob ela, do lado de fora do muro mas adossada a ele, apresentando planta rectilínea, com cobertura em telhado de três águas, com fachadas em cantaria de calcário aparente, rematadas em cornija, rasgada ao centro por porta de verga recta encimada por janela rectilínea semelhante às que se encontram nas fachadas laterais. Sobre esta, no muro que envolve o edifício, surge uma tabela rectilínea com moldura almofadada, encimada por cornija e assente em falsas mísulas ornadas por lacrimais, onde surge a inscrição: "JOANNES. V. LUSITANORUM REX MAGNIFICUS LIBERALIS CIVITATI PROPITIUS EXCIPIENDIS AQUIS POPULO MANANTIBUS HANC MOLEM STRUENDAM GURAVIT URBIS ORNAMENTUM ORBIS MIRACULUM TANTI NOMINIS AETERNITATI. S" *5; sob este, o escudo e coroa reais e a inscrição AND1811". Fachada posterior rasgada por três janelas de arco de volta perfeita, com molduras e fechos salientes, encontrando-se adossada, ao centro, a arcaria do último troço do Aqueduto das Águas Livres. INTERIOR em cantaria de calcário aparente, em aparelho isódomo, com três alas de três tramos cada, com paredes rasgadas por vãos com conversadeiras, tendo coberturas diferenciadas em nove abóbadas de aresta, rebocadas e pintadas de branco, apoiados em pilastras toscanas e em quatro grandes pilares da mesma ordem arquitectónica, de secção quadrangular e ângulos chanfrados, que se encontram no centro do tanque entre os quais surge uma plataforma de madeira com acesso pelo lado E.. O tanque mede 28,75 m. de comprimento; 24,55 m. de largura e 8,70 m. de profundidade, estando rodeado por uma plataforma pavimentada a lajeado de calcário, delimitado por guarda em cantaria *6; no lado O. apresenta um volante em ferro, que acciona uma válvula de saída de água. Na parede N., assenta uma cascata de pedra*7, apoiada num corpo semicircular implantado no fundo do tanque, sendo coroada superiormente por um golfinho *8 de cuja boca sai água vinda do Aqueduto das Águas Livres; é rasgada, de ambos os lados, por arcos de volta perfeita, que se abrem para um corredor curvo em cantaria, que permite a passagem pelo seu interior, com cobertura em abóbada de berço. Sobre a cascata, surge uma janela rectilínea, com guarda vazada em ferro pintada de verde. No lado E., situa-se uma escada de um lanço, que se apoia num pilar quadrangular colocado no ângulo do tanque e numa plataforma que nasce no fundo do reservatório, com um portão de acesso em ferro vazado, pintado de preto e guarda em cantaria; no topo da escada, rasga-se uma porta de verga recta, a qual dá passagem a um estreito corredor com cobertura em abóbada de berço, rasgado no interior por uma galeria com entrada protegida por portão em ferro vazado*9, junto ao qual se situa outra escada, de um lanço, que vai desembocar num terraço plano, com inclinação sul-norte, com passeios largos e elevados a toda a volta, com acesso por escadas de quatro degraus em cada um dos lados, pontuados por plintos paralelepipédicos.

Materiais

Estrutura, pilastras, cornija, gárgulas, guardas das escadas, modinaturas, plintos, golfinho, conversadeiras, bancos, lápides, pilares, pavimento, escadas em cantaria de calcário; portas, plataforma e caixilhos de madeira; janelas com vidro simples; grades, portões, volante da válvula do tanque em ferro.

Observações

*1 - o Decreto de 19 de Fevereiro de 2002, vem alterar a redacção do decreto de 16 de Junho de 1910, publicado em 23 de Junho de 1910 que designava o imóvel como "Aqueduto das Águas Livres, compreendendo a Mãe de Água", passando a ter a seguinte DOF: " Aqueduto das Águas Livres, seus aferentes e correlacionados, nas freguesias de Caneças, Almargem do Bispo, Casal de Cambra, Belas, Agualva-Cacém, Queluz, no concelho de Sintra, São Brás, Mina, Brandoa, Falagueira, Reboleira, Venda Nova, Damaia, Buraca, Carnaxide, Benfica, São Domingos de Benfica, Campolide, São Sebastião da Pedreira, Santo Condestável, Prazeres, Santa Isabel, Lapa, Santos-o-Velho, São Mamede, Mercês, Santa Catarina, Encarnação e Pena, municípios de Odivelas, Sintra, Amadora, Oeiras e Lisboa, distrito de Lisboa."; o edifício é também conhecido por Arca de Água, Cálice, Casa de Água, Castelo de Água e Reservatório das Amoreiras. *2 - neste jardim estiveram depositadas, desde 1845 até 1940, dois tritões, duas sereias e duas carrancas, que haviam sido destinadas para um chafariz monumental projectado para o Campo de Santana, e uma estátua alegórica, representando a "Verdade". *3 - inicialmente, estavam previstos três grandes depósitos de água, mas só este foi concluído, tendo os demais sido substituídos por estruturas mais pequenas, normalmente situadas junto aos chafarizes mais importantes; do projecto da Mãe de Água, conhecem-se vários desenhos originais, que permitem identificar quatro versões; nenhuma delas corresponde rigorosamente ao que veio a ser construído, o que se deverá ao longo período de obras pelo qual o edifício passou e ao trabalho de diferentes arquitectos que nele trabalharam, em especial no que diz respeito à cobertura e à platibanda, que em nada correspondem ao que tinha sido pensado inicialmente; comparando o que chegou aos nossos dias e os projectos existentes, as maiores diferenças situam-se ao nível do acesso, da decoração, da hesitação entre o recurso a dois depósitos sobrepostos ou a um único, e na cobertura, que se idealizou em canhão. *4 - Na Casa do Registo, desembocam três galerias: a galeria do Arco; o aqueduto do Loreto e o aqueduto da Esperança. *5 - esta inscrição data do reinado de D. José I, tendo sido colocada em substituição da original. *6 - em meados do séc. 19, assentavam no parapeito desta guarda, no lado S., três esculturas de mármore, uma a meio e duas nos extremos, que entretanto desapareceram. *7 - alguns autores defendem que a pedra utilizada na cascata veio da zona de Belas, perto das Mães de Água Nova e Velha; contudo, esta encontra-se completamente revestida por um sedimento de calcário, tornando imperceptível o seu aspecto original, fazendo com que muitas vezes seja interpretada como uma fonte naturalista. *8 - em imagens antigas da cascata, encontrava-se representada uma estátua de Neptuno sobre a cabeça do golfinho, que poderia fazer parte do chafariz de Neptuno, localizado no Rossio, antes do terramoto de 1755, e que tendo saído ilesa tenha vindo a ser aproveitada e adaptada no cimo da cascata, cerca do ano de 1786, quando se reconstruiu a praça pelo traçado pombalino. *9 - este marca a galeria que vem do Arco das Amoreiras e finaliza o Aqueduto das Águas Livres. *10 - estes elementos não correspondem a qualquer uma das quatro versões projectadas, algumas onde a decoração não se estendia para além de umas esferas no remate do prolongamento das pilastras.