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Palácio Alvor

Palácio Alvor

O ponto de interesse Palácio Alvor encontra-se localizado na freguesia de Estrela no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, maneirista e barroca, arquitectura residencial, maneirista e barroca e arquitectura cultural do século 20. Museu composto por três núcleos articulados, reaproveitando um antigo palácio, a antiga igreja de um Mosteiro e um corpo novo, remodelados e adaptados a salas de exposição, com remodelações sucessivas ao longo do séc. 20, acompanhando as alterações dos conceitos museulógicos. Está implantado num amplo palácio, de fundação maneirista, do tipo casa comprida, mas evoluindo em dois pisos, o nobre marcado por amplas janelas rectilíneas, rematadas por simples frisos e cornijas, o qual possui portais de verga recta, com modinatura maneirista, flanqueado por pilastras e frisos de acantos, onde surge a pedra de armas de um dos seus proprietários, os Marqueses de Pombal, rematando em fragmentos de frontão com pináculos, que centram janelas mais elaboradas, rodeadas por aletas, mas com remate mais tardio, composto por tímpano concheado. Possui uma grande regularidade de fenestração, com as fachadas simétricas, flanqueadas e ritmadas por pilastras toscanas colossais, divididas em dois pisos por friso de cantaria. O acesso ao interior faz-se por amplo vestíbulo, de onde partem arcadas de volta perfeita, que acedem a escadaria do tipo imperial, de três lanços,os superiores divergentes, que ligam ao andar nobre, com as salas intercomunicantes, através de vãos rectilíneos. Surge no espaço de um antigo convento carmelita, de que subsiste parte da igreja e do coro-baixo, bastante alterado e transformado em sacristia, a qual é de planta longitudinal simples, composta por nave e capela-mor com as mesmas dimensões, possuindo capelas laterais e retábulo-mor, tudo amplamente ornado por talha barroca do estilo joanino e por azulejo historiado, com cenas alusivas a Cristo e a Santa Teresa. Possui cobertura em caixotões com pinturas em cartelas assimétricas, tipicamente rococós, com simbologia mariana. O corpo mais recente evolui em dois pisos, com mezzanino, tendo acesso por amplo portão de verga recta, encimado por figuras alegóricas, tendo, no interior, várias salas, com acesso por ampla escadaria. O palácio é bastante simples, integrando-se no esquema maneirista, com as fachadas rasgadas regularmente por vãos rectilíneos, onde apenas os portais, em número de dois e gémeos, revelam uma maior decoração, estando encimados por janelas de sacada, com remates mais tardios, de influência barroca. No interior, possui uma interessante sala em "boiserie", com decoração tipicamente rococó, doada ao Museu e montada numa das suas dependências. Algumas delas apresentam estuque decorativo, barroco e rococó, formando pequenos embelmas ou cartelas decoradas por elementos fitomórficos e concheados. A escadaria é imponente, encontrando-se antecedida por arcadas que se apoiam em amplos pilares toscanos. A igreja constitui um interessante exemplar, bastante simples do ponto de vista arquitectónico, despojada exteriormente, apenas se destacando as insígnias da Ordem, possuindo um interior exuberante, com ampla decoração de azulejo historiado e de padronagem, possuindo um frontal de altar a imitar passemanaria, atribuído às oficinas de Talavera, de talha joanina nos retábulos mor e laterais, sendo mais contidas as duas capelas laterais, profundas e abertas para a clausura, permitindo às freiras o acesso às mesmas. O baldaquino tem semelhanças com os da Igreja de Nossa Senhora da Pena (v. PT031106240010) e da Igreja da Encarnação (v. Pt031106240182), este último lavrado em prata. Mantém o enquadramento do coro-alto de várias sepulturas, algumas armoriadas e com legendas, tendo desaparecido o recheio do coro-baixo e algumas estruturas retabulares. O corpo novo adapta-se, de forma harmónica, ao conjunto, com linhas sóbrias e rectilíneas, praticamente sem iluminação, possuindo dois pisos e um mezzanino, com um cunho de modernidade interna, que não se revela no exterior.

Planta rectangular irregular, composta por três corpos articulados e escalonados, correspondentes ao reaproveitamento do antigo Palácio Alvor, formando um rectângulo simples, com cobertura homogénea em telhado de dez águas, com o corpo rectangular da antiga Igreja das Albertas, de cobertura homogénea a duas águas, e o corpo novecentista do Museu, de planta rectangular simples, com três torreões nos ângulos e corpo central posterior elevado, com coberturas diferenciadas em telhados de seis, duas e quatro águas e enorme clarabóia central. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, excepto a correspondente à Igreja das Albertas, pintada de bege, percorridas por alta faixa capeada a cantaria de calcário aparente, com cunhais em cantaria do mesmo material, rematadas em friso, cornija e beirada simples. Fachada principal virada a O., de disposição simétrica, evoluindo em dois pisos, separados por mezzanino, rasgado regularmente por janelas rectangulares, flanqueadas por pequenas pilastras toscanas, dividida por cinco panos, definidos, inferiormente, por pilastras toscanas e, superiormente, por faixas de cantaria, sobrepujadas por gárgulas, assentes em pequenas mísulas. O pano central é rasgado por portal de verga recta, flanqueado por duplas pilastras toscanas salientes, assentes em plintos paralelepipédicos, as exteriores com a base interrompida em volutas; sustentam entablamento liso, percorrido, superiormente, por pequeno friso denticulado, que sustenta frontão interrompido, sobre o qual surgem duas figuras de vulto, a representar a Pintura e a Escultura, que enquadram pequeno espaldar de cantaria, curvo e contendo apainelado, com pingentes na base, onde surge a inscrição "MVSEV NACIONAL DE ARTE ANTIGA". Os panos laterais são cegos, excepto os exteriores, com uma janela no piso inferior. Fachada lateral esquerda, virada a N., composta por três corpos, correspondentes ao palácio, à igreja e ao corpo mais recente. O primeiro evolui em dois pisos, divididos por friso de cantaria, e em quatro panos definidos por pilastras e faixa de cantaria, no primeiro e segundo pisos, respectivamente, rasgado regularmente por vãos rectilíneos. No embasamento, abrem-se sete janelas jacentes, servindo de respiradouros. O piso inferior é rasgado por 19 janelas rectangulares, com molduras simples de cantaria e por dois portais semelhantes, flanqueados por duplas pilastras toscanas, que sustentam um amplo friso, decorado por acantos enrolados e pelas armas dos Carvalho, sustentadas por "putti" de vulto, flanqueado por quarteirões decorados por elementos vegetalistas e por dois fragmentos de frontão, encimados por pináculos galbados, já a invadir o segundo piso; sobre estes, janelas de sacada em cantaria e guarda de ferro forjado pintado de verde, com os vãos rodeados por molduras recortada por volutas, rematados por frontão semicircular, com o tímpano ornado por concha, sobrepujado por três pináculos, dois de bola e um bojudo; no segundo piso, 19 janelas de sacada, semelhantes às anteriores, com molduras simples, em cantaria. Sucede-se o corpo correspondente à igreja, com portal de verga recta *1 e moldura dupla, encimado por friso almofadado em calcário vermelho, e frontão interrompido por tabela, contendo escudo e coroa aberta, encimado por frontão triangular, com cruz latina e pináculos piramidais no vértice. Superiormente, três janelas rectilíneas, com molduras simples. O corpo mais recente evolui em dois pisos com mezzanino, rasgado por janelas semelhantes às da fachada principal, dividido em três panos, por pilastras e faixas de cantaria, o central de menores dimensões e cegos, sendo o do lado esquerdo rasgado, no primeiro piso, por três janelas rectilíneas e o do lado direito por uma, todas com molduras de cantaria. Fachada lateral direita, virada a S., marcada pelo corpo recente, com fachada semelhante à anterior e reentrante, tendo no ângulo do corpo novo pequenas janelas rectilíneas e uma porta de verga recta, o corpo do antigo palácio, a que se liga por um passadiço, inferiormente marcado por arco de volta perfeita e superiormente por parede envidraçada. Este corpo evolui em três pisos, aproveitando o desnível do terreno, com quatro panos definidos por pilastra e faixa de cantaria. No piso inferior, surgem quatro portas de verga recta, de acesso à zona do bar, surgindo no segundo, 18 janelas de peitoril com molduras de cantaria recortadas e, no segundo pano, por duas janelas jacentes. No terceiro piso, 18 janelas de sacada, com guarda em ferro forjado pintado de verde, com o vão ostentando molduras simples, rematando em friso e cornija; no segundo pano, surgem três arcos de volta perfeita, assentes em colunas toscanas e em altos plintos almofadados, que protegem uma ampla varanda, para onde abrem três janelas em arco de volta perfeita. Fachada posterior com dois panos, o do lado direito em ressalto, ambos rasgados por uma janela de peitoril e moldura simples no piso inferior, com uma janela jacente na faixa de cantaria. INTERIOR marcado pela Portaria, rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajes de calcário polido, tendo, no lado direito, a bilheteira e, no oposto, o bengaleiro. O acesso ao vestíbulo processa-se por amplas portas de vidro, enquadradas por quatro pilastras toscanas. O vestíbulo é amplo, pavimentado a calcário e com tecto falso, de onde evoluem as escadarias metálicas de dois lanços convergentes até um patim, que liga a duas alas de exposição laterais e uma central, de onde parte um lanço de escadas, que liga ao piso superior, onde se situam as salas de exposição de pintura portuguesa, com a zona central marcada por arcadas, sustentadas por pilares toscanos. O piso inferior acede à loja, a uma cafetaria e às salas do antigo palácio, formando dois corredores paralelos, com várias dependências intercomunicantes, através de portas de verga recta com molduras em cantaria de calcário vermelho, que se ligam por dependências perpendiculares, com pavimentos em soalho ou parquet, alguns formando elementos geométricos, e tecto rebocado e pintado, de onde se dependura estrutura falsa, onde se implanta o sistema de iluminação; três salas apresentam estuque decorativo pintado de branco, com sancas, ostentando quarteirões e tecto com apainelado contracurvo, decorado com fartos elementos fitomórficos; a ala interna interrompe-se na escadaria nobre do palácio, que parte de um amplo vestíbulo que acede à sala de exposições temporárias, às escadas que ligam ao bar e, no lado esquerdo, à biblioteca e auditório. A escadaria é antecedida por três arcadas de volta perfeita, assentes em pilares de cantaria, de onde parte um lanço central, que evolui em dois lanços divergentes, em cantaria, guarnecidos de guardas muradas em cantaria a partir de patamar intermédio, amplamente iluminadas por três janelas em arcos de volta perfeita, com balaustrada inferior. A escada acede a um portal aparatoso, em arco de volta perfeita, envolvido por moldura recortada por volutas, enrolamentos e fragmentos de cornija, rematado pelas armas dos Carvalho, constituída por uma estrela, e coroa, tudo envolvido por acantos e concheados. No piso superior, a Sala Patiño, formada por apainelados decorados com talha dourada, formando elementos fitomórficos, e por espelhos, estes encimados por cenas entalhadas, representando "putti", tendo as sobreportas pintadas com alegorias às Belas-Artes (Arquitectura, Pintura e Escultura), possuindo fogão de sala em mármore, ornado por concheados e elementos fitomórficos, com o interior em ferro. Partindo do vestíbulo, existe uma porta, no lado esquerdo, de acesso ao que subsiste do Convento das Albertas, situado a um nível inferior, correspondente ao antigo coro-baixo, onde se inscreve um lanço de escadas metálicas de acesso àquele espaço, com pavimento de madeira e tecto do mesmo material, que liga à capela por arco abatido, com o fecho saliente e assente em duas pilastras toscanas. No lado direito, dois amplos vãos, protegidos por guardas metálicas, permitindo a visualização do espaço a partir do vestíbulo. Sobre o arco do coro, a antiga grade do coro-alto, entaipado, rodeado por talha dourada e três painéis pintados a representar Santo Elias, Santa Teresa, a "Transverbação" e, no topo, uma Sagrada Família. A Capela é de planta longitudinal, composta por nave e capela-mor, a primeira com cobertura de madeira em masseira, pintadas de branco, divididas em caixotões, com molduras douradas, e pontuados por florões, também dourados, com pavimento em ladrilho cerâmico, onde se inscrevem algumas lápides sepulcrais. As paredes estão revestidas a azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, formando silhares, interrompidas por faixas verticais entalhadas, surgindo, na nave, o "Aparecimento de Cristo a Santa Teresa" e "Cristo a caminho do Calvário, no momento em que encontra a Virgem", no lado do Evangelho, e no oposto a "Transverbação" e a "Última Ceia"; a zona superior está revestida a talha dourada formando apainelados de acantos e janelas falsas pintadas, no lado da Epístola, confrontantes às janelas opostas..No lado do Evangelho, o púlpito, surgindo, no lado oposto, duas Capelas, dedicadas a Santo Cristo da Fala e a Santa Teresa, totalmente envolvidas por talha dourada. A nave possui teia de madeira balaustrada, dando acesso ao presbitério, onde surgem duas capelas retabulares, dedicadas a Nossa Senhora do Carmo e a São José. Arco triunfal de talha dourada, de volta perfeita, assente em pilastras, possuindo no fecho, as armas dos Carmelitas. A capela-mor tem cobertura de madeira em masseira, com caixotões pintados com cartelas recortadas por acantos, onde se inscrevem alfaias litúrgicas e pavimento em cantaria. Sobre supedâneo de cantaria de calcário liós branco e rosa, com escadas centrais, o retábulo-mor *2, de talha dourada, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, assentes em consolas, que sustentam tímpano ornado por fragmentos de cornija, elementos fitomórficos e, ao centro, as armas da Ordem; ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, contendo trono expositivo, com baldaquino, surgindo, nos eixos laterais nichos em arco de volta perfeita, sustentados por mísulas, onde se integra imaginária. A estrutura é flanqueada por talha dourada, onde se enquadram as portas de acesso à tribuna. Altar paralelepipédico em cantaria branca, vermelha e azul. Nas ilhargas, azulejos historiados a representar a "Última Ceia", no lado do Evangelho e a "Multiplicação dos Pães", no lado oposto.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista de cantaria de calcário e tijolo, com vigas de betão, com as paredes rebocadas e pintadas; embasamento, pavimentos, colunas, frontões, cornijas, frisos, pilastras, cunhais, escadaria, arcada, escultura em cantaria de calcário liós; pavimentos em madeira; paredes em "boiserie"; tectos em estuque pintado; grades das janelas e guardas das escadas em ferro forjado e fundido; candeeiros de bronze; janelas com vidro simples; azulejos seiscentistas e setecentistas, de técnica tradicional; cobertura com telha.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga e edifícios classificados na zona envolvente. *1 - fachada das Albertas com o portal, igual ao actual, flanqueado por uma pequena porta, que daria para o anexo ao coro-baixo, flanqueado por duas janelas quadrangulares, desencontradas; existia uma janela rectilínea, no lado direito do portal. *2 - no retábulo-mor, existia uma tela a representar "Santa Teresa a receber um colar da Virgem, assistido por São José e corte de anjos". *3 - no dormitório principal, virado a S., e dando para uma horta, estavam 12 celas, tendo, ao centro, a Capela dos Anjos, toda de talha dourada e colunas torsas, com o tecto e paredes com anjos pintados, tendo as imagens de Nossa Senhora, que alguém deixara na roda e um São Miguel; existiam, ainda dois dormitórios mais pequenos; no topo da escada regral, existia um grande oratório, protegido por vidraça, com um grande relicário de talha dourada; o coro-alto tinha, a ladear a grade, dois retábulos, em talha dourada e colunas torsas, tendo do lado a Virgem e do outro Deus Pai, surgindo, ao centro, certamente sobre as grades, um Crucificado; no lado do convento, tinha três telas, a representar os "Esponsórios da Virgem", "Ressurreição" e "Apresentação de Maria", surgindo, no lado oposto, devido às janelas, apenas um, a representar "São Gregório"; conforme planta de data desconhecida, o edifício tinha duas capelas adossadas, no corpo da igreja, e duas no corpo do coro-baixo, que se articulava com o claustro, composto por cinco tramos por quadra e, conforme desenho da Academia de Belas-Artes, parte da cerca, ou horta, adossada ao lado S. do convento, encontrava-se sustentada por enorme muro, com um robusto contraforte no ângulo, surgindo oficinas e a restante cerca para O.; *4 - segundo Memória do mesmo, a passagem entre os dois edifícios seria efectuada pela sacristia e em passagem coberta no piso do andar nobre; criação de um tramo de galeria, no topo N., para permitir a circulação do público e ampliar a sala de escultura, criando uma galeria de arcadas a toda a volta da actual entrada; o forro de paredes seria feito a tecido e, no pavimento, aplicação de soalho de pinho à inglesa.