Arquitectura residencial barroca, seiscentista. A Ermida de Santo Ildefonso apresenta planta idêntica à Ermida de São João Baptista da Carrasqueira (v. PT040714030012).
Planta composta pela, casa com torre de planta quadrangular no extremo E., ermida de Santo Ildefonso de planta em cruz grega, com topos arredondados, envolvida por antiga divisória de muros "rompentes", afrontando a casa, fonte entre a fachada principal da casa e a ermida e pomar com nora de planta quadrangular e aqueduto. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de duas e quatro águas e coruchéu na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, ostentando embasamento e friso pintados de ocre. Fachada principal a S., tendo no extremo O. relógio de sol, regular, vertical, de duas faces, ostentando tabela com representação do sol, aludindo aos Lucenas; no corpo principal dois portais anchos e abertos em arcos de meio ponto, rematados por acrotérios. Fonte em cantaria de mármore branco com taça decorada com tabelas cegas, ornadas com toros encordoados, escudetes de mascarões, ramagens de folhagem, abraçada nos ângulos por quimeras zoomórficas, estilizadas, e com repuxo decorado por grupo de golfinhos. Nora rasgada internamente por cinco tramos de arcadas em arco de volta perfeita, reforçadas a S. por botaréus inclinados, coroados por pináculos piramidais, quebrando a simetria do terraço, trasfurado com grelhas de tijolo ao gosto mourisco. Aqueduto com arcadas em arco de volta perfeita, de alvenaria, abastecendo a cozinha da casa por meio da gorra de alcatruzes de cobre que, era movida por tracção animal. No topo N., no muro da quinta a primitiva Cruz de Peixinhos, em mármore, sobre a janela de grilhagem mourisca, disposta em cruzetas de Santo André.
Materiais
Observações
*1 - O aqueduto e a fonte foram parcialmente reconstruídos, sendo a fonte proveniente de local desconhecido; *2 - D. Luísa Teresa Antónia da Costa Feio natural de Vila Viçosa, da linhagem da Casa dos Feios, segundo Túlio Espanca moradores na R. de São Sebastião da Ilha, primeira mulher do Morgado de Peixinhos, e, D. José Martinho de Lucena Noronha Almeida e Faro eram parentes dos irmãos D. Bernardo António de Lucena e Noronha e André Jerónimo de Lucena, filhos e netos de D. Afonso de Lucena, segundo, e de Francisco de Lucena, respectivamente; *3 - D. Afonso de Lucena, natural de Trancoso, filho de Manuel de Lucena e de D. Isabel de Nogueira Saraiva; eram seus irmãos, Fernão de Matos de Noronha, cónego das sés de Lisboa e Évora, além de secretário do Conselho de Portugal em Madrid e, João de Lucena, autor da História da Vida do Padre Francisco de Xavier, publicada em 1600; D. Afonso de Lucena foi uma figura notável, com ligações muito estreitas à Casa de Bragança, tendo acumulado funções de prestígio, tal como confirmam diversas lápides existentes na Igreja da Esperança (v. PT040714030006), cujo jazigo da capela-mor foi convertida em panteão da família dos Lucena, por doação do Duque de Bragança D. Teodósio II; foi desembargador do Duque de Bragança D. João I, conselheiro e secretário da duquesa D. Catarina, tendo sido, nessa qualidade, co-autor das Allegações, onde defendeu a validade da pretensão da Duquesa ao trono de Portugal; foi ainda comendador de Santiago de Parada, Santa Maria da Vidigueira e de Santiago de Monsaraz, cavaleiro da Ordem de Cristo, alcaide-mor das vilas de Portel, e Évora Monte, pelo menos, durante 1589, segundo fontes documentais do Arquivo Histórico da Casa de Bragança; *4 - Era conhecido pelo estrangeiro de Peixinhos e foi sepultado na nave da Igreja do Convento dos Agostinhos (v. PT040714030005); *5 - Até então o morgado de Peixinhos era administrado pela Casa de Bragança, dado que, quando foi instituído por Afonso de Lucena, ficou definido, em escritura, que, o seu rendimento revertia para proveito dos criados da mesma casa, no caso não haver descendência; esta cláusula foi tida em conta aquando da proscrição da família no contexto da traição de Afonso de Lucena.