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Núcleo urbano de Vila Viçosa

Núcleo urbano de Vila Viçosa

O ponto de interesse Núcleo urbano de Vila Viçosa encontra-se localizado na freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu no municipio de Vila Viçosa e no distrito de Évora.

Núcleo urbano sede municipal. Vila situada em planície. Vila medieval de fundação senhorial com castelo, cerca e arrabalde. Faz parte do conjunto de núcleos medievais com muralhas defensivas existentes no Alentejo - como é o caso do Redondo, Monsaraz e Estremoz - nasce da reorganização militar ocorrida após a reconquista, no final do séc. 13. Vila resultante de duas expansões urbanas, uma primeira de raiz medieval, que inclui o aglomerado intramuros e o castelo caracterizado por ruas mais estreitas e sinuosas e uma segunda de raiz renascentista. Etapa medieval de ocupação intra e extramuros com ruas já algo regulares, tendo a sua expansão mais regrada acontecido a partir do séc. 16, resultante da decisão da Casa de Bragança de trocar o paço da alcáçova pela sua casa de campo. Fruto da segunda expansão assiste-se a um grande incremento construtivo, com a fundação da maior parte dos conjuntos monásticos existentes, a construção do Paço Ducal e da grande maioria das casas nobres, expansão esta feita de forma regrada e planeada e tomando como ponto fulcral o Terreiro do Paço. A vila caracteriza-se pela regularidade e ortogonalidade do seu traçado, quarteirões de formato rectangular e hierarquização de vias: as principais com orientação N-S sobrepondo-se às travessas de orientação E-O, configurando quarteirões que atingem assim grandes dimensões. Na arquitectura residencial corrente não se identifica uma tipologia residencial predominante antes convivem entre si casas unifamiliares e plurifamiliares, casas abastadas, palacetes e palácios, assumindo o conjunto alguma diversidade. Os jardins são vedados, na parte posterior ou lateral da casa, apenas acessíveis através da casa ou pelo pátio. Os azulejos são comuns em elementos de água ou namoradeiras e em painéis em muros, rasgados frequentemente por janelas ornadas de gradeamentos de ferro forjado, ou por mirantes e alpendres. Vila Viçosa é cabeça de Comarca (Costa, 1706). Integração na Casa de Bragança desde 1542. Vila de forte identidade cultural associada à presença de famílias nobres, com destaque para a linhagem de D. Nuno Álvares Pereira, e da família real (entre os sécs. 17 e 18) que se reflecte na singularidade de algumas das suas construções. Apesar de ter sido alvo de variadas construções durante dos sécs. 18 e 19 a malha urbana da vila não sofreu alterações, mantendo a sua lógica inicial de traçado. Vila Viçosa foi um dos locais residenciais de eleição da Casa de Bragança. O conjunto formado pelo Paço Ducal, a Igreja dos Agostinhos, a Igreja das Chagas, o Paço do Bispo e a Tapada, rodeando o vasto largo empedrado, centrado pela estátua equestre de D. João IV, pode ser considerado ímpar em termos monumentais, no que respeita à escala volumétrica e funcional, congregando num mesmo espaço vivências senhoriais, recreativas e religiosas, e dentro destas as monásticas, clericais, devocionais e sepulcrais, já que a Igreja dos Agostinhos é Panteão dos senhores da Casa de Bragança, enquanto as duquesas se faziam sepultar nas Chagas. O facto de esta vila ter sido incluída no rol dos bens patrimoniais da Casa de Bragança, tornou-a parte integrante da História de Portugal, e marcou o seu desenvolvimento urbano e monumental. Atraídos pela corte da Casa brigantina muitos foram os artistas e humanistas, nacionais e estrangeiros, que se deslocaram e viveram em Vila Viçosa. Ai exerceram influências ainda hoje patentes no traçado das ruas, na arquitectura militar, de que é exemplo o castelo artilheiro, na arquitectura civil, como demonstram o paço ducal, algumas casas senhoriais dotadas de "loggia", jardim e casa de fresco. Há uma notável concentração de igrejas e conventos, com as suas cercas praticamente intactas, e de aquedutos e fontes. De realçar o vastíssimo espólio de património integrado, ainda coevo, do qual se destacam: a pintura mural, os trabalhos de massa, esgrafitos, pavimentos e azulejos e que aliam aos modelos eruditos os de tradição popular. Vila Viçosa reúne um acervo azulejar que, para além de ter chegado aos nossos dias conservado nos locais de origem, ilustra praticamente todos os momentos cruciais da evolução do azulejo em Portugal até ao século XVIII: as influências hispano-árabes, os contactos com a Flandres e a Itália, o gosto pela linguagem barroca, com a utilização intensa do azul e branco em grandes painéis historiados. Destacam-se conjuntos particularmente representativos como os painéis quinhentistas encomendados em Antuérpia para o Paço Ducal, a padronagem de influência italo-flamenga da capela-mor da Igreja de Santo António, o revestimento barroco da capela do Santíssimo Nome de Jesus, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, ou ainda os painéis ilustrando passos da vida de São Nicolau Tolentino, na igreja do convento dos Agostinhos. Paralelamente ao azulejo de composição figurativa, Vila Viçosa conserva igualmente belíssimos exemplares de padronagem seiscentista, como os revestimentos da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e da Igreja da Misericórdia. As ocorrências epigráficas destacam-se pela abundância e em especial pelo modo como estão organizadas nos pavimentos de quadricula nas igrejas dos Agostinhos e da Conceição. Foi em Vila Viçosa que se fixou a primeira casa da Ordem dos Capuchos em Portugal e aí nasceu, sob os auspícios de D. João IV, o culto à Nossa Senhora da Conceição como padroeira e protectora de Portugal, este dando origem a um abundante e rico espólio devocional de significativa carga simbólica que os fiéis continuam a alimentar com a oferta de objectos. Vila Viçosa preserva incólume a sua ambiência histórica e é esta característica que mais a singulariza.

Espaço urbano constituído por duas estruturas distintas correspondentes a duas fases de desenvolvimento do aglomerado, a primeira de traçado medieval e a segunda de traçado renascentista. Implantada numa zona baixa, a povoação estendeu-se numa malha urbana fechada constituída por vias perpendiculares entre si, hierarquicamente dispostas. As vias com orientação N-S sobrepõem-se às travessas de orientação E-O, pela sua dimensão, configurando quarteirões que atingem assim grandes dimensões. O sistema viário principal desenvolve-se desde o Terreiro do Paço até atingir o Rossio (actual Largo D. João IV), no lado oposto. No percurso, cruza perpendicularmente a Praça da República, de configuração rectangular, em cujos topos - de cota superior - se situam o Castelo (v. PT040714030002) a E. e a Igreja de São Bartolomeu (v. PT040714050008) a O. que a enquadram e caracterizam. Duas hipóteses são consideradas para a localização do núcleo fundacional de Vila Viçosa: uma primeira que refere que o aglomerado terá tido origem no cimo do actual monte do castelo ou em sítio próximo; e uma segunda hipótese em que se teria localizado junto da zona das chamadas aldeias - zona localizada a S. do aglomerado urbano junto do Rossio de São Paulo. Em qualquer dos casos, e atendendo à topografia do local, identifica-se o delinear de uma zona mais antiga que inclui o aglomerado intramuros e o castelo e todo aquele que se estendeu pela encosta O. junto à muralha, caracterizado por ruas mais estreitas e sinuosas indicando um traçado de raiz medieval. O castelo, isolado, encontra-se no cimo de uma colina de cerca de 400 metros de altitude; no interior da muralha existe a parte antiga da vila de ruas rectilíneas que se entrecruzam de forma quase ortogonal. No cruzamento dos dois eixos principais situa-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (v. PT040714030007) à volta da qual se desenvolve o cemitério da vila. Este aglomerado inicial, que se foi desenvolvendo para O. em ruas paralelas à estrada que liga Estremoz ao Alandroal, é cortado a meio pela Estrada de Évora (actual Avenida Bento de Jesus Caraça) e limitado a O. pela Rua da Corredoura (actual Rua Florbela Espanca) e R. António José de Almeida. Esta malha urbana de raiz medieval sofreu algumas alterações não correspondendo hoje ao seu traçado original; grande parte destas modificações foi realizada durante o período do Estado Novo sendo que as mais significativas se localizaram na zona da Estrada de Évora, onde foram demolidos edifícios, duplicando a praça, de modo a dar visibilidade aos monumentos e possibilitando a vista para o Castelo e para a Igreja de São Bartolomeu. Decorrente da demolição de alguns quarteirões e realinhamento da própria praça, foram construídos novos edifícios - como é o caso do edifício dos correios (v. PT040714030024) e do cineteatro (v. PT040714030035) - e refeitas as fachadas de outros, em especial as do lado N., utilizando, nalguns casos, mármore das próprias demolições. Também ao longo da Avenida dos Duques de Bragança se encontram exemplares de edifícios construídos durante a mesma época, como é o caso do edifício da Caixa de Crédito Agrícola (v. PT040714030064) e da escola primária (v. PT040714050043) o que indica, de algum modo, que as transformações realizadas durante o Estado Novo passaram também por este arruamento. À excepção destes exemplares, a tipologia residencial predominante desta zona são as casas plurifamiliares de lote largo, algumas delas com a chaminé na fachada como é usual na tipologia de raiz alentejana. Esta predominância é, no entanto, mais notória a S. da Praça da República; a N. a variedade é maior não se identificando um tipo mais frequente, convivendo entre si casas plurifamiliares de lote largo, lotes unifamiliares - tanto térreos como de dois e três pisos - e algumas casas abastadas já na proximidade com o Paço Ducal. Destacam-se da malha dois edifícios de carácter religioso: a N. o Convento de Santa Cruz (v. PT040714050015) no cruzamento da Rua da Corredoura com a Rua Publia Hortênsia de Castro; e a S. a igreja e antigo hospital da Misericórdia (v. PT040714050019) com fachada para a Estrada de Évora e Rua de Trás (actual Rua Gomes Jardim), ambos de fundação posterior ao núcleo medieval e perfeitamente encaixados na malha urbana preexistente. Seguindo para S., ao longo da Rua António José de Almeida é de referir ainda a existência do edifício do mercado municipal junto ao Rossio, intervenção contemporânea que, embora integrada no traçado urbano da vila, causa algum impacto visual nomeadamente ao nível da composição. A segunda época de expansão da vila ocorre durante o Renascimento e é impulsionada pela mudança de D. Jaime e D. Leonor de Gusmão da sua residência ducal na alcáçova para a sua casa de campo que, provavelmente localizada junto ao Convento dos Agostinhos, viria a impulsionar a construção do Paço Ducal. O período do Renascimento em Vila Viçosa foi dos mais importantes na sua evolução, pois no espaço de trezentos anos a vila triplicou a superfície que ocupava no período medieval, tendo sido aberta mais de uma dezena de arruamentos, instalada a maior parte dos conjuntos monásticos existentes, construído o Paço Ducal e a grande maioria das casas nobres. A localização do Paço é determinante na escolha da orientação dos novos arruamentos criados - que subsistem até hoje -, as ruas tomam definitivamente a orientação N-S com as travessas dispostas perpendicularmente a estas. A expansão da vila segue para O. em ruas paralelas às desenhadas durante a época medieval continuando arruamentos já existentes; tal facto é confirmado nas várias denominações que a Rua Luís Casadinho assume na sua extensão, mudando para Rua Alferes Marcelino na zona de expansão renascentista e, já na 2.ª metade do séc. 20, o seu desenho é continuado pela Alameda da Estação. É notório que a expansão da vila nesta época foi feita de forma regrada e planeada e tomando como ponto fulcral o Terreiro do Paço e o respectivo enquadramento do Paço Ducal no desenho da estrutura viária. Existem duas ruas que, apontadas ao Paço Ducal, atravessam todo o núcleo urbano: a Rua da Corredoura e a Rua Dr. Couto Jardim, esta última tendo o seu início e fim nos dois espaços públicos de maior importância da vila - o Terreiro do Paço e o Rossio. Alguns elementos preexistentes foram responsáveis por eventuais - irregularidades - na malha urbana. Tal é o caso da Igreja de São Bartolomeu, inicialmente localizada no centro da Praça da República, no local onde hoje se encontra a fonte da praça, que vai impedir a continuação da Rua da Corredoura para o lado S., a qual se bifurca na Rua de Trás (actual Rua Gomes Jardim) e R. António José de Almeida. A presença da igreja irá também determinar o alargamento da Estrada de Évora para S., dando origem à Praça Nova (actual Praça da República). A igreja, que sofre uma derrocada durante o séc. 16, irá ser reconstruída na saída O. da Praça da República, onde se encontra actualmente. É nesta fase de expansão que começa a predominar na malha urbana a tipologia de casa nobre e abastada; destacam-se alguns palácios em dois dos arruamentos principais que têm ligação com o Terreiro do Paço - a Rua da Corredoura e a Rua Dr. Couto Jardim - como é o caso do Palácio dos Sousa Câmara (v. PT040714050041), o antigo Paço dos Condes de Machado (v. PT040714050049) e o antigo Paço dos Mascarenhas (v. PT040714050050). Já durante o séc.20 a vila continua o seu crescimento para O. e para S. seguindo de algum modo a lógica de traçado preexistente, de uma forma mais disseminada para O. e mais densa para S. A expansão para O. veio a incluir no seu traçado algumas estruturas preexistentes no exterior da Cerca Nova dos sécs. 16 e 18, como é o caso da Igreja de Nossa Senhora da Lapa (v. PT040714030010), da Capela de São João Baptista da Carrasqueira (v. PT040714030012) e de um conjunto de habitações existentes junto do Largo Gago Coutinho, cujo quarteirão foi fechado com a construção, a S., do bairro operário na década de 40 do séc. 20. Foram os anos 70 do séc. 20 que viram a construção de maior quantidade de edifícios, que se estenderam para S. do bairro operário, nas traseiras da Fábrica de São Paulo (v. PT040714050029) e junto da zona das chamadas aldeias, tendo sido responsáveis pela alteração do traçado nesta zona. A década de 90 foi ainda responsável pela construção de um pequeno conjunto de edifícios nas traseiras do antigo Convento da Esperança (v. PT040714030006).

Materiais

Não aplicável

Observações

*1 Incluído também na freguesia de São Bartolomeu