Escola primária, projetada e construída na década de 80 do séc. 19, incluí-se nas construções escolares patrocinadas pelo legado conde Ferreira e edificadas nas últimas décadas de Oitocentos. Apresenta características que se podem filiar nas "Instruções sobre a fundação de escolas de adultos, creação de novas cadeiras de francez e de inglez, construção de casas para escolas primárias...", publicadas pelo Governo em 1866 (DL 23 jul. 1866, n.º 163), como forma de tornar viável o legado do conde de Ferreira, falecido em março desse mesmo ano, e que previa a construção de 120 casas para escolas em todo o país. No capítulo 4 da referida legislação são estabelecidas as características que estes edifícios devem observar e das quais se destacam: a sua localização em local aprazível e de fácil acesso, reservando alguma distância dos demais edifícios, numa área de terreno nunca inferior a 600-900 m2, murada ou separada do exterior por vala; a área intra-muros contempla duas construções, a da escola e a da casa para o mestre-escola; a escola deve conter uma ou mais salas de aula (consoante o número de alunos), com uma superfície de 50 a 115 m2 e um pé-direito do 4 metros, a sua iluminação natural será efetuada pela existência de janelas, situadas sempre do lado esquerdo dos alunos; contígua à sala de aula ficará uma outra, mais pequena, destinada a apresentações públicas, recepção e biblioteca escolar; é ainda comtemplada a existência de um ou dois vestíbulos, consoante a escola seja para um ou para os dois sexos. A orientação das escolas segundo este primeiro regulamento de construções escolares, deveria ser a SO. (considerada a ideal para Portugal), o que poderia ser alterado de acordo com as condicionantes de cada caso. A ventilação e o aquecimento são igualmente regulamentados, assim como é exigida a existência de espaço para a realização de jogos ao ar livre.
Planta longitudinal, simples, massa disposta na horizontal, cobertura homogénea em telhado de quatro águas. Fachadas rasgadas regularmente de vãos, embasamento ligeiramente saliente pintado a cor amarela, cunhais e pilastras divisoras de panos também na mesma cor; remate em cornija arquitravada sobreposta de platibanda cega com cunhais angulares. Fachada principal voltada a SO., de pano único aberto ao centro por porta, com acesso por dois degraus, de ombreira e verga recta de cantaria, sobreposta de frontão recto sobre mísulas e com a inscrição CONDE FERREIRA; enquadram a porta duas janelas com frontões iguais aos da porta; sobre esta, ao nível da platibanda, uma lápide com a inscrição 24 - Março - 1866; sobre ela pequeno campanário, já sem sino, rematado por frontão triangular; ainda sobre a porta o mastro da bandeira. Ilharga esquerda de três panos delimitados por pilastras que se prolongam pelo embasamento, pela cornija e pela platibanda; primeiro pano rasgado por janela, segundo pano rasgado por porta (por onde se faz actualmente o acesso) ladeada de duas janelas; todas as janelas são iguais às da fachada principal exceptuando a ausência de frontão; terceiro pano rasgado por janela de características idênticas, mas mais pequena. Ilharga oposta de características semelhantes mas rasgada no pano médio por três janelas em lugar do conjunto janela-porta-janela, e no pano extremo por três janelas iguais às do último pano da fachada oposta. Fachada posterior de pano único, rasgado por porta central e, a nível superior, ladeando-a, duas janelas idênticas às já descritas, mas munidas de grade em ferro; remate em empena. INTERIOR: Corredor abrindo a SO. para sala de aula de planta rectangular, a NO. para salão principal que recebe luz do corredor através de pequenas aberturas rasgadas na parede falsa criada para a divisão destes espaços, e a NE., com acesso por três degraus, para as instalações sanitárias, dispensa, cozinha e escadas de acesso ao 2º piso. Janelas com portadas de madeira pintadas de castanho, sendo da mesma cor as portas, munidas de bandeiras envidraçadas, com respectivas ombreiras e vergas; pavimentos de ladrilho vermelho, tectos de madeira ou estuque; sancas de azulejo amarelado ou branco em todas as divisões; do primitivo mobiliário escolar pouco ou nada resta.
Materiais
Alvenaria rebocada e caiada, cantaria, telha, vidro, madeira.
Observações