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Edifício no Largo da Academia Nacional de Belas Artes, n.º 2

Edifício no Largo da Academia Nacional de Belas Artes, n.º 2

O ponto de interesse Edifício no Largo da Academia Nacional de Belas Artes, n.º 2 encontra-se localizado na freguesia de Santa Maria Maior no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Palacete neoclássico de planta composta por L e corpo rectangular desenvolvido. Fachadas, com número de andares diferenciado, rebocadas e pintadas com embasamento, remates, pilastras, frisos e balaustrada em cantaria. Fachada principal e fachada esquerda voltadas á rua e fachada posterior aberta para pátio rodeado por muro onde originalmente se encontrava um jardim de recreio. Tratamento simétrico das fachadas, com grande contenção decorativa, limitando-se ao tratamento dos portais, á utilização de balaustrada sobre a cornija e á marcação do piso nobre através de vãos de sacada rematados com cornija e introdução de varandas. Tudo características da produção do arquitecto Giuseppe Cinatti nos finais da década de 1850, exceptuando as concessões a uma linguagem arquitectónica de genealogia lisboeta no que toca á importância consagrada ao portal principal e á extrema contenção decorativa de parco recurso ás ordens clássicas. Resultando numa solução arquitectónica de compromisso entre o peso da tradição construtiva nacional e a formação mais actualizada, segundo parâmetros europeus, do arquitecto, situação comum no nosso panorama construtivo.

Palácio de planta irregular composta de L e corpo rectangular desenvolvido anexado em parte da fachada posterior, massa rectangular cujo desenvolvimento acompanha o forte declive do terreno. Apresenta cobertura diferenciada de telhados, de telha de canudo, de perfil recto de 2 e 3 águas, abrindo-se duas clarabóias rectangulares, e terraço. Com pátio fechado por muro de perímetro rectangular anexo á fachada posterior, com abertura para passagem de serviço que liga a fachada principal a dependências traseiras. As fachadas, de pisos diferenciados, são rebocadas e pintadas, com embasamento, frisos, remates e pilastras em cantaria simples de calcário. O rasgamento de vãos é regular, com molduras rectas de cantaria, e correspondente entre pisos. Dominam as janelas de peitoril, exceptuando no piso nobre onde se rasgam janelas de sacada rematadas por cornija ligeiramente sobrelevada e guarda de ferro forjado. A fachada principal voltada a E. desenvolve-se em sentido descendente acompanhando o terreno, o que dita a existência de três pisos na metade N. e de quatro da metade S., desequilíbrio contrabalançado pela simetria de conjunto e pela inserção de friso corrido ao nível do segundo piso, que também marca a localização do andar nobre. Organiza-se em cinco panos, divididos por pilastras adoçadas, e rematados por friso e cornija saliente, a qual avança ao nível dos panos central e exteriores, e sobrepujada por balaustrada em pedra com urnas e fogaréus nos prumos. No pano central o revestimento a cantaria ocupa todo o primeiro piso onde se rasga o portal principal emoldurado por pilastras simples de capitel saliente, sobre as quais arranca arco pleno, com pedra de fecho marcada, rematado por cornija recta sobrelevada. O portal é ladeado por duas janelas de peitoril de verga recta e duas tabelas com grinaldas e botões ao nível do remate. Ao nível do segundo piso, abre-se varanda de pedra, de desenho côncavo ao centro, suportada por modilhões e com guarda em ferro, abarcando o conjunto das três janelas de sacada centrais. No terceiro piso rasgam-se apenas três janelas de peitoril de perfil recto. Os panos intermédios são simétricos, com excepção das quatro pequenas janelas de peitoril, de moldura recta e guarda de ferro, que se abrem ao nível do embasamento apenas no pano esquerdo e não no direito por imperativos do terreno. O restante rasgamento de vãos é idêntico com quatro janelas de peitoril no primeiro e terceiro pisos e quatro janelas de sacada no piso nobre. Os panos exteriores apresentam revestimento em cantaria até ao nível do friso corrido que acompanha toda a fachada, cuja diferente altura impôs tratamento distinto, mas apenas até esse nível. Desta forma no pano exterior esquerdo abre-se vão cego, de segmento recto, com duas mísulas decorativas no remate superior, sobre o qual se rasga em arco pleno com fecho marcado, assente em pilastras simples de capitel saliente, vão de sacada com remate ligeiramente abatido e guarda de ferro forjado. Ao nível do andar nobre rasga-se janela de varandim em ferro forjado, suportada por modilhões, com moldura recta e rematada por cornija sobrelevada, enquanto que no último piso se abre janela de peitoril. No pano exterior direito rasga-se portão em ferro forjado com moldura em cantaria composta por pilastras simples de cornija saliente, e arco de volta plena com fecho marcado, que funciona como entrada de serviço e dá acesso ao pátio e dependências traseiras. O restante esquema é simétrico ao pano exterior esquerdo. A fachada lateral esquerda, voltada a S. divide-se em quatro pisos, sendo o embasamento e o primeiro piso revestidos a cantaria simples e os restantes caiados e pintados, apresentando friso corrido em cantaria ao nível do terceiro piso, pilastras ligeiramente salientes nos cunhais e remate composto por friso e cornija, sobrepujada por balaustrada. Ao centro do primeiro piso abre-se portal, que segue o esquema do portal principal, ladeado de janelas de peitoril de moldura recta e tabelas com grinaldas e botões. De ambos os lados do portal abrem-se duas portas elevadas, de moldura recta, ás quais se sobrepõem sobrelojas de remate levemente abatido e guarda de ferro. O segundo e o quarto pisos são desprovidos de decoração, rasgando-se apenas sete janelas de peitoril correspondentes, de moldura recta. O terceiro piso, correspondente ao piso nobre, conta com os mesmos sete vãos, mas desta feita de sacada, com moldura recta e remate com cornija sobrelevada, dispondo de varanda corrida, de desenho idêntico á da fachada principal, abarcando os três vãos centrais. A fachada lateral direita do L que compõe a planta é completamente cega, sem remates laterais ou superiores. A fachada lateral direita do corpo rectangular, que se anexa na sequência do segundo pano murário da fachada principal, é rasgada regularmente por cinco vãos de peitoril, de moldura recta correspondentes ao longo dos três pisos, apesar de desprovida de remates laterais, apresenta remate superior com cornija e platibanda. Na fachada posterior do corpo em L é apenas visível um pano murário, o qual ao nível do primeiro piso é atravessado por passagem de serviço com cobertura em arco de volta perfeita, com motivos decorativos geométricos e florais em estuque, e embasamento em cantaria, cuja passagem posterior é feita por vão emoldurado por pilastras simples, nas quais assenta arco pleno com marcação á face do fecho. Ao centro da passagem abrem-se igualmente dois vãos, de acesso ao palácio, de moldura recta. Seguem-se dois andares, onde se rasgam duas janelas de peitoril correspondentes. Acima do nível da cornija há continuação do muro, onde se abre janelão dissonante do restante conjunto, não dispondo de remate superior. A fachada posterior, ao nível do corpo rectangular desenvolvido, divide-se em três pisos, com pilastras de cantaria nos extremos e remate composto por cornija e platibanda alta. No primeiro piso abrem-se quatro janelas de peitoril de moldura recta. O segundo piso, correspondente ao piso nobre, conta com uma série de sete portas de moldura recta que abrem para varandim corrido de pedra, suportado por modilhões, e com guarda de ferro forjado, o qual dá acesso ao pátio através de escada colocada do lado direito, enquanto que do lado esquerdo o varandim continua acompanhando todo o perímetro do largo muro que define o espaço do pátio. No terceiro piso rasgam-se sete portas correspondentes, que abrem também para varandim corrido, de desenho semelhante ao anterior.

Materiais

Estrutura de alvenaria mista rebocada e pintada; embasamento, remates, pilastras, molduras de vãos e balcões em cantaria de calcário; guardas e varandins em ferro forjado; estuque relevado no interior da passagem de serviço da fachada principal.

Observações

*1 - onde originalmente fora o jardim de recreio do palacete, permanecendo apenas uma palmeira.*2 - no entanto tinha já sido retirado o conjunto monumental de seis colunas jónicas, para ser reintegrado no peristilo do Teatro D. Maria II.