Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Escola Prática do Agrupamento de Instrução da Guarda Nacional Republicana, GNR, de Portalegre

Escola Prática do Agrupamento de Instrução da Guarda Nacional Republicana, GNR, de Portalegre

O ponto de interesse Escola Prática do Agrupamento de Instrução da Guarda Nacional Republicana, GNR, de Portalegre encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias da Sé e São Lourenço no municipio de Portalegre e no distrito de Portalegre.

Arquitetura religiosa, manuelina, renascentista, barroca. Mosteiro feminino, cisterciense com igreja de planta em cruz latina, de nave única antecedida por nártex e com cabeceira tripartida, escalonada de capelas intercomunicantes; cobertura interior em abóbada nervurada de perfil abatido; dois claustros quadrangulares de dois pisos e intercomunicantes. Pórtico principal, púlpito e túmulo de D. Jorge de Melo renascentistas. Pórtico de acesso ao complexo monástico barroco. Escultura renascentista atribuída a Nicolau de Chanterenne que inclui um dos maiores e mais sumptuosos túmulos renascentistas; a imaginária do túmulo é interpretada como evocação da vida amorosa do fundador, D. Jorge de Melo, Bispo da Guarda, religioso de vida herética, pecaminosa e contumaz aos olhos da igreja do seu tempo, que chega a ser excomungado *8; conserva ainda vestígios de douradura e segundo Reinaldo dos Santos teria tido como protótipo o túmulo de D. Isabel de Sousa irmã de D. Diogo de Sousa Arcebispo de Braga (v. PT041012040004). Na igreja destaque ainda para o rasgamento dos vãos de iluminação como, por exemplo, os janelões de enxalço na parede S. orientando a luz para o túmulo que lhe fica fronteiro, ou ainda o janelão no topo O., projectando a luz até ao altar-mor através da grade. Os claustros conservam inúmeros exemplos de compartimentação primitiva, entre os quais se salienta a Sala do Capítulo, quase intacta, sendo possível o estudo espaço-função à luz da arquitectura cisterciense. O mosteiro conserva ainda todas as suas cercas, mantendo quase intacta a sua envolvência agrícola característica das edificações cistercienses.

Planta composta pelo corpo da igreja longitudinal, orientada, com transepto saliente e nartex na face S. ao qual se adossa a torre sineira saliente, 2 claustros intercomunicantes, de dois pisos, a E. o menor a O. o maior, ao redor dos quais se dispõem as demais dependências monacais. O conjunto é delimitado por uma cerca. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas na igreja, de uma água nos claustros, de 4 águas na dependência a S.. Igreja com cabeceira tripartida, escalonada de capelas intercomunicantes, sendo a capela-mor mais profunda e mais larga, com fecho em 5 / 8 do polígono, e as laterais quadrangulares. INTERIOR: nave única com cobertura em abóbadas achatadas, nervuradas. A E., do lado da Epístola, por cima do púlpito (hexagonal, em mármore de Estremoz, com as faces esculpidas em baixo relevo, ornamentadas de flores, rótulos, grifos e mascarões) e do altar de Nossa Senhora da Piedade (em mármore de Estremoz) *2, três janelões de capialço; na parede fronteira, ocupando toda a altura, o túmulo de D. Jorge de Melo. A O. os coros sendo o coro-alto sustentado por duas fiadas de 6 colunas toscanas de granito. Coro-baixo com acesso por grade em ferro forjado, munida de porta do mesmo material, e de portadas de madeira do lado de dentro; junto à grade, a campa de António de Melo filho do fundador; ladeando a grade, a S., uma roda e a N. o confessionário; cadeiral com 40 assentos; tecto de vigas salientes, formando caixotões, com pintura policromada de decoração vegetalista sobreposta de uma outra imitando mármores; na parede N. porta emparedada *3, cinco nichos, 4 dos quais apresentando ainda guarnecimentos e portas em madeira pintada; na confluência entre esta parede e o alçado O., escada de acesso ao coro-alto *4. Coro-alto com cadeiral duplo de 54 assentos em madeira exótica; no topo O. janelão e na parede S. janela. Cabeceira mais elevada, com acesso por arcos de volta perfeita, sendo mais elevado o triunfal, os das colaterais munidos de grades em ferro forjado; passagem entre capelas através de portas, com ombreiras e frontões de mármore lavrado, rasgadas nos muros da capela-mor, mais elevada; a colateral N. comunica com a sacristia através de porta munida de ombreiras e verga recta de granito; pia de água benta à entrada. Coberturas da cabeceira em abóbada nervuradas, tendo no fecho o brasão dos Melos e nos bocetes decoração fitomórfica, possuindo um deles um "M"; todas as capelas têm iluminação directa, através de janelas abertas nos alçados. No braço N. do transepto os túmulos das duas primeiras abadessas; em ambos os alçados de topo dois armários sob a forma de nichos, servidos com porta; perto do tecto, em ambos os alçados, frente a frente, dois janelões de iluminação; a cobertura, que se prolonga pela nave dos fiéis, é de abóbada nervurada, descrevendo as nervuras primárias arcos abatidos, sendo na zona central claramente achatada; os inúmeros bocetes possuem decoração fitomórfica e as armas dos Melos; a O., do lado N., pequena divisão *5 e do lado S. lápide inscrita com o acto de consagração da igreja, guarda-vento e o portal da igreja. A a N., no coro-alto, escada de acesso à cobertura e duas portas emparedadas *6. Várias sanefas em talha dourada e vários painéis de azulejos de evocação bernardina na nave, transepto e coros. CLAUSTROS: claustro E. de planta quadrada com c. de 14 m de lado e claustro O. rectangular de 19 m por 18,5 m. Alçados de 2 pisos e tramos (3 no claustro E., quatro no O.), definidos por conjunto pilar - contraforte; nos pisos térreos arcos, 2 por tramo, de volta perfeita descarregando em colunas (com capitéis vegetalistas e geométricos no claustro E. e no claustro O. decorados de folhas, faces humanas, dragões, figuras híbridas, brasão dos Melos), assentes em murete; pisos superiores com arcos deprimidos, de tripla chanfradura, descarregando em colunas com capitéis de decoração mais simples. As galerias do claustro O. são sensivelmente mais largas e as galerias do piso superior de ambos os claustros apresentam arcos de travamento da igreja no encontro dos alçados. Coberturas dos pisos térreos em abóbada de arestas nervuradas e dos pisos superiores de travejamento à vista, inclinado. Junto à ala N. do Claustro E., na crasta, o corpo quadrado do alpendre do lavabo, rasgado por 4 arcos de volta perfeita; ao centro da crasta do claustro O., fonte rodeada por 4 bancos. Claustro E.: na ala E. parlatório e Sala do Capítulo, de abóbada estrelada achatada, com mísulas e bocetes trabalhados e a chave de fecho decorada com o escudo dos Melos; a entrada faz-se por porta de arco deprimido ladeada por duas janelas em arco de volta perfeita. Na ala N. as antigas cozinhas e refeitório. Claustro O.: de E. para O., a Portaria Nova com porta moldurada em mármore de Estremoz, com frontão decorado com o escudete dos Melos entre volutas; ladeando a porta uma roda e grade de comunicação; o alçado é decorado por azulejos figurativos enquadrados por composições arquitectónicas; da ala N. deste claustro resta apenas a parede interior.

Materiais

Pavimentos: mármore e madeira (igreja), pedra, tijoleira e betão (claustros). Paredes: alvenaria de pedra e argamassa de cal. Cunhais, contrafortes, pilares, arcobotantes e molduras vãos claustros: cantaria de granito. Revestimentos: azulejos. Gradeamentos: ferro forjado. Cadeirais: castanho, casquinha e madeira exótica. Tectos: alvenaria de tijolo. Telhados: telhas de argila.

Observações

*1 - DOF: Igreja de São Bernardo e o túmulo de D. Jorge de Melo e os 2 claustros do convento anexo à Igreja de São Bernardo. *2 - o altar terá vindo do Convento de São Francisco de Portalegre (PT041214090011). *3 - comunicava com o claustro E.. *4 - junto à escada situava-se uma porta, hoje emparedada, que comunicava com o claustro O.. *5 - comunicava com o claustro E. e constituia provávelmente o primitivo "armarium". *6 - comunicavam com a galeria superior do claustro E.. *7 - apesar de existirem três enigmáticas iniciais (A. I. O.) numa das bases do túmulo. *8 - Domingos Bucho (1995), interpreta esta imaginária como uma clara evocação do idílio de D. Jorge (Simão de baptismo) com D. Helena Mesquita, antevendo-se o seu encontro post mortem.