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Parque da Quinta do Monteiro-Mor

Parque da Quinta do Monteiro-Mor

O ponto de interesse Parque da Quinta do Monteiro-Mor encontra-se localizado na freguesia de Lumiar no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Espaço verde de recreio. Parque romântico. Quinta de Recreio, romântica ao estilo pitoresco. Estrutura inicial de um espaço multifuncional lúdico e produtivo, constituído por partes programáticas e formais distintas. Apresenta linguagem romântica na sua concepção formal e conceptual e pelo gosto do coleccionismo botânico presente no horto da quinta. Advêm-lhe: do sítio, favorável ao desenvolvimento de vegetação luxuriante, pela presença de um microclima (semelhante a determinadas zonas de Sintra), e pela morfologia, da valoração botânica e da criatividade das resoluções técnicas encontradas. Por isso o lugar oferece diferentes contrastes, (espaços centrípetos e centrífugos) e rico em ambiências criadas pela vegetação e de grande valoração cenográfica.

Ampla propriedade situada em vale encaixado, com as encostas armadas em terraço facilitando o processo de rega e o desfrute da totalidade da paisagem envolvente, possuindo uma linha de água, o elemento estruturante formal e funcional do espaço. A encosta virada a S., bastante suave, encontra-se revestida por mata, surgindo, nas expostas a NO. e a NE. um programa de jardim, área de edifício, palácio e acessos, constituída por diversas construções, destacando-se: o Palácio Angeja-Palmela / Museu Nacional do Traje (v. IPA.00006223), a Casa do Monteiro-Mor / Museu Nacional do Teatro (v. IPA.00003019), um pavilhão de chá neogótico, o actual restaurante do Museu do Traje, matas, relvados, estufas, aviário, etc, tudo rodeado por muros altos, rebocados e pintados de rosa, em algumas zonas capeados a cantaria. O acesso principal à propriedade, processa-se pelo Lg. Júlio de Castilho, através de portão encaixado em muro côncavo, rasgado por óculos elípticos, com molduras de cantaria, tendo, nos ângulos exteriores pilares em silharia fendida, encimados por urnas; o portal propriamente dito é rectilíneo, flanqueado por pilares em silharia fendida, rematados por fogaréus, tendo portão em ferro forjado, vazado com decoração fitomórfica, no terço inferior e no remate. No lado esquerdo do muro, surge um registo azulejar a representar o Sagrado Coração de Maria. A propriedade encontra-se dividida em patamares, sub-divididos em pequenos espaços, que podem aceder, individualmente, aos vários patamares. Um primeiro terraço, localizado à cota mais alta, permite dominar visualmente este e o segundo patamar, bem como toda a encosta envolvente, sendo o segundo um espaço de recolhimento e de transição (corredor / passeio), permitindo também contacto visual com o exterior; o terceiro patamar vive da estrutura e elementos do próprio espaço, onde surge a água, ao nível do pavimento, muros com alegrete, muros de suporte trabalhados, nichos e outros elementos arquitectónicos. No topo S. do terraço, uma varanda miradouro acompanha uma escadaria de acesso ao edifício, sob a qual surge uma nascente com vestígios de embrechados; entre o terceiro e o quarto patamares desevolve-se todo o sistema hídrico da propriedade, resultante do aproveitamento de uma linha de drenagem natural secundária definida pela dobra da encosta exposta a NO. originando uma CASCATA adossada ao muro de encosto entre o terceiro e o quarto patamar, que alimenta uma taça de água de traçado orgânico, constituindo o lago dos patos, já situado no quarto patamar, o qual possui uma linguagem mais orgânica, dada a sua maior área; a cascata tem vão em arco abatido, recortado, com moldura em cantaria, também recortada, formando enrolamentos e coroada por friso e cornija recta; interiormente forma apainelados e tem cobertura em abóbada de arestas. No terço inferior da encosta que confina com o terceiro e quarto patamares, encontra-se uma mata de ulmeiros (Ulmus minor), freixos (Fraxinus angustifolia), loureiros (Laurus nobilis), folhados (Viburnum tinus), oliveiras (Olea europaea) e adernos (Phillyrea latifolia) delimitada pela linha de água, destaca-se ainda a presença de árvores centenárias, como um Platanus hibrida, Fagus sylvatica, dois Ficus macrophylla e um Taxodium mucronatum. Estrutura da mata reticulada originada a partir do tanque octogonal, em que a presença de algumas árvores de fruto indicia a existência de um antigo pomar que a actual intervenção não terá respeitado. A ligação entre os vários patamares é feita por escadas e rampas, dando lugar a percursos periféricos e outros de carácter mais intimista de fruição dos espaços, definidos por pedra "rusticata", destacando-se, paralelamente à linha de vale, uma alameda de choupos (Populus sp.). Junto aos edifícios, os percursos abrem-se numa esplanada de enquadramento, com acesso permitido pela R. Júlio Castilho, através de pátio de planta regular que apresenta seis exemplares de Magnolia grandiflora e pavimento em seixo rolado. Na fachada S., surge um portão com gradeamento em ferro, que estabelece a ligação com o Parque através de uma alameda de palmeiras (Phoenix canariensis), pelo primeiro e segundo patamar. Pela estrada do Lumiar, acede-se directamente ao Jardim de Buxo e roseiral. Associado ao sistema hidráulico, surge uma NORA, adossada a uma CASA DE FRESCO, elemento central de uma composição arquitectónica que se oferece como um biombo cenográfico em que se abrem fenestrações para o exterior, e que resguar da aquele elemento utilitário, alimentando o JARDIM DE BUXO, junto ao Palácio do Monteiro-mor, composto por uma malha reticulada, que se forma a uma taça de água central, em cantaria de calcário, rodeada por sebes arbustivas, dispotas em canteiros geométricos, de dimensões distintas. Junto ao muro a E., ergue-se VIVEIRO DE AVES, de planta rectangular, com fachadas em alvenaria rebocada e pintada a branco, à excepção da fachada principal, com armação em ferro, forrada a rede. Tem fachadas laterais terminadas em empena, com cunhais e remates das empenas em cantaria, sendo os cunhais da fachada principal, adornados por mascarão pendendo festão de frutos, em cantaria. A fachada lateral direita é rasgada por janela em arco de volta perfeita, com moldura simples em cantaria, cerrada por rede. A N., nas traseiras da loja do Museu do Traje e no início do Parque, implanta-se o RESTAURANTE, de planta rectangular, desenvolvida horizontalmente, com fachadas terminadas em friso e cornija de cantaria, sobrepujadas por platibanda vazada, com fachada principal e laterais rasgadas regularmente por vãos de verga recta, intercalados por pilastras em cantaria, inserindo portas de ferro, pintadas de verde, envidraçadas, com bandeira formando arco quebrado. Interior com paredes e tecto em alvenaria rebocada e pintada de branco, à excepção da cozinha, com tecto em chapa ondulada, e pavimento em mosaico, com vãos de verga recta, à excepção de um em arco quebrado, com portas envidraçadas, com caixilharia pintada a verde, e bandeira, e as casa de banho com paredes revestidas a azulejo industrial creme e faixa preta.

Materiais

Muros de pedra solta; pavimento em calçada, saibro, terra batida, mármores; varandins em ferro; passadiços em madeira

Observações

1 - DOF: Palácio do Monteiro-Mor, edifícios anexos, jardins, parque e terrenos anexos. *2 - "Tem esta quintã do Lomear hum apousento de casas situado antre ho logar do Lomear e o logar do Paço do Lomear. Tem um recebimento e pateo fechado de portas grandes pello qual se vay ao dito apousento. He o dito pateo cercado de parede alta da bãda que parte cõ ha estrada que vay do Paço pera a egreja, e do cabo da dita parede volve pera o Norte com hum lanço de casas terreas, estrebarias, a entestar com huma porta no canto das casas do dito apousento. E por esta porta que assi entesta no dito canto, sae a hum chão e horta que jaz nas costas das ditas casas terreas e ylharga do dito apousento. E dhy volvem as casas do dito apousento sobre ho dito pateo, cõ huma salla encaniçada e huma camara forrada de castanho. E na salla huma chumine e huma genella sobre ho pateo e outra que cae sobre ho chão e horta. E por debaixo das ditas casas de sobrado são duas logeas do mesmo tamanho, e dellas volve pera o Poente em quadra, huma grande logea que serve de adega. E della volve outra quadra pera o Sul com dous lagares grandes de fazer vinho, e outro pedaço vão. E assy vay esta quadra entestar nas portas grandes per que se entra ao dito pateo e servintia do dito apousento. O qual pateo assy fica em quadra, e diante da porta da adega e lagares ha hum alpendre cuberto de telha sobre qualtro altas colunnas de marmore, do qual alpendre sobe huma escada de madeira pera a dita salla e camara. Começa ho sitio do dito apousento e chãos a elle cõtinos e anexos, sayndo pelas ditas portas grandes fora do dito pateo, volvendo sobre ha mão esquerda, yndo de rosto pera a porta principal da egreja pella traseira da parede do dito pateo e vallado que cõ ella corre do chão do dito apousento ao longo da estrada que vay dar na dita egreja (sic) medindo do canto do dito pateo onde cerrão as ditas portas grandes delle até ho dito canto da cerca de Lourenço Vieira, pela banda de fora, tem cento e duas varas e quatro dedos. E deste canto volve pera o Norte, partindo da banda do Levante com a dita cerca (sic) até dar em baixo no ribeiro que vem do porto pera o Lomear, e tem por hy oitenta e duas varas e meia. E dahy volve pera o Poente ao longo do dito ribeiro, até dar comaro do pomar de Ana Correa, por onde medindo (sic) per cordel direito, tem noventa e quatro varas. E dahy volve pera cima ao longo do dito comoro, cõtra ho pombal de Ana Correa, per onde tem vinte e quatro varas e duas terças. E hy entesta em hum comaro grande de sabugueiros altos, e dhy torna a fazer volta cõtra huma escada de pedra que dece pera a fonte, partindo da banda do Poente cõ pomar da dita Ana Correa, por onde tem, ate hua parede alta de pedra (sic) trinta varas. E dahy ao longo da dita parede ate ho cãto della tem sete varas e meia, e do dito cãto volve cõtra as casas e assento da quintã (...)".*3 - D. Pedro José de Noronha de Albuquerque Moniz e Sousa foi gentil-homem da Câmara de D. Maria I, Tenente-General dos Exércitos, Governador das Armas da Corte e Primeiro Ministro do Governo que sucedeu a Marquês do Pombal. *4 - Friedrich Welwitsch, jardineiro, em 1840 é nomeado conservador do Real Jardim Botânico da Ajuda, em 1844 dirige a Quinta do Paço do Lumiar; Jacob Weist, veio, como jardineiro, ao serviço da Casa dos Duques de Palmela em 1847, conheceu o Jardin des Plantes em Paris e foi o autor do Parque de São Sebastião da Pedreira, propriedade de José Maria Eugénio de Almeida, tendo dirigido os viveiros da Câmara Municipal à época, o seu discípulo João Baptista Possidónio também dirigiu o Parque: o botânico belga, Rosenfelder foi contrato em Paris para vir trabalhar nos Jardins da Família Palmela.