Arquitectura religiosa, maneirista, barroca, rococó e oitocentista. Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, interiormente com cobertura em falsa abóbada de berço e tectos de caixotões em talha, respectivamente, e iluminada pelos amplos vãos laterais e axial, tendo adossada torre sineira e sacristia. Fachadas com cunhais apilastrados, coroados por pináculos com bola, e terminadas em friso e cornija. Fachada principal terminada em frontão de lanços, e de três panos, rasgada por eixo de vãos sobrepostos, composto por portal de verga recta e janelão, ambos de moldura decorada. Fachadas laterais rasgadas por três janelões na nave e na capela-mor, tendo na lateral direita porta travessa de verga recta. No interior, coro-alto de talha, dois púlpitos laterais confrontantes em talha dourada, profusamente decorados, e arco triunfal ladeado por dois retábulos colaterais de planta côncava e um eixo maneiristas. Capela-mor com retábulo de talha dourada maneirista, de planta recta e um eixo. Igreja de antiga Confraria do Espírito Santo, destacando-se pelo notável conjunto de talha que reúne, assumindo-se como caso singular e exemplificativo do gosto e da qualidade dos artesãos da região minhota, sobretudo, no que diz respeito, aos dois púlpitos. Estes têm caixas quadrangulares, linhas delgadas e formas elegantes; introduzem baldaquino de formato piramidal decorado, essencialmente, com figuras de anjos músicos, seguindo os modelos de Espanha, as quais são dispostas de modo a acentuar o formato dos remetes, opção que se generalizou na região e que terá neste exemplo a sua máxima expressão. De notar que a excelência dessa composição verifica-se, não só a nível decorativo, como também a nível de escala, pois o baldaquino possui quase a mesma altura que o próprio púlpito. Os púlpitos tiveram como modelo o da Igreja de Nossa Senhora do Terço, em Barcelos (v. PT010302140016) e aproximam-se do púlpito da Igreja do Antigo Convento do Salvador (v. PT010303410020). Os retábulos colaterais e os laterais, dispostos nas quatro capelas rasgadas em arcos de volta perfeita da capela-mor, têm a mesma estrutura e decoração. No entanto, os colaterais sofreram uma reforma já no séc. 18, tendo perdido a tela central, que foi substituída por nichos retilíneos, rematados superiormente por lambrequim. Os painéis têm pintadas cenas alusivas à acção do Espírito Santo, e o seu remate, subsistente ainda nos colaterais, com pomba, constitui a representação material do mesmo. O retábulo-mor, exibindo uma linguagem maneirista tardia, distingue-se, quer pela concepção, quer a nível decorativo, visto conjugar uma estrutura invulgar, semelhante a um arco de triunfo, com uma decoração profusa reunindo folhagem, pássaros, carrancas, querubins e meninos segurando cestos na cabeça. Esta gramática decorativa caracterizou o período compreendido entre 1650 e 1680, podendo estabelecer-se paralelos com outros casos, como por exemplo na Igreja do Colégio, em Ponta Delgada. De grande destaque são também os cadeirais da Confraria do Espírito Santo, executados por volta de 1716, com espaldar profusamente decorado no estilo barroco nacional, e o amplo lavabo, com duas bicas carrancas e bacias individualizadas. O silhar de azulejos da sacristia, tipo tapete, data do final do séc. 17.
Planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e sacristia rectangular. Volumes escalonados, com coberturas em telhados de duas águas na igreja, com telha de canudo, de três águas na sacristia, com telha de aba e canudo, e torre sineira com cobertura em coruchéu de cantaria, simulando escama de peixe, encimado por catavento férreo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, rematadas em friso e cornija sobreposta por beirada simples, com pilastras nos cunhais coroadas por pináculos piramidais com bola. Fachada principal virada a O., terminada em frontão de lanços, coroado por cruz latina de cantaria, e de três panos marcados por pilastras encimadas por fogaréus; os panos laterais são cegos e, no central, sensivelmente avançado e seccionado horizontalmente por friso, rasga-se portal de verga recta, com moldura encimada por friso, sobreposto por festão, e cornija, com porta de madeira de duas folhas, decoradas com almofadas; encima-o janelão, de verga abatida, com dupla moldura, a exterior com fecho volutado de onde parte elemento fitomórfico, rematada por cornija e formando aletas; inferiormente é decorada com teara ladeada por chaves e fitas. No tímpano, surge cartela circular de cantaria, moldurada. Torre sineira sensivelmente recuada relativamente à fachada principal, com pilastras nos cunhais, coroadas por gárgulas de canhão e pináculos piramidais com bola, de três registos separados por friso e cornija, e rematada por friso e cornija, encimada por balaustrada, com acrotérios nos ângulos; no primeiro registo, na face virada a O., rasga-se janela jacente e janela rectangular, com o terço inferior entaipado, ambas molduradas e gradeadas; o terceiro registo possui todas as faces rasgadas por ventanas em arco de volta perfeita sobre pilastras, com fecho saliente, albergando sino. Fachadas laterais com a nave rasgada por três janelões com moldura rematada em fina cornija, de fecho saliente, e formando falsos brincos rectos, tendo a lateral direita porta travessa de verga abatida, com moldura terminada em cornija e fecho saliente e, na capela-mor, três janelas, de capialço, com moldura contígua ao friso do remate da fachada. A sacristia é rasgada na face virada a O. por janela jacente com moldura em capialço e na fachada lateral N., de dois panos ritmados por pilastra, por óculo, no pano da esquerda, e por portal simples moldurado encimado por janelão igualmente moldurado e ladeado por óculo, no direito. Fachada posterior com capela-mor terminada em empena, coroada por cruz latina, de cantaria, e rasgada por duas pequenas janelas molduradas, e sacristia por duas janelas de capialço. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em lajes de cantaria, ao centro, e soalho de madeira, e cobertura da nave em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de branco, sobre friso e cornija de cantaria, e a da capela-mor com caixotões entalhados; vãos encimados por sanefas de talha dourada e policroma, com frontões recortados e lambrequim. Coro-alto de madeira, com guarda de balaústres e acrotérios entalhados, sobre entablamento, decorado com putti, aves, fitas, símbolos marianos, como o sol, e acantos enrolados, intercalada por plintos com puttis atlantes, sendo suportado, nos extremos, por duas mísulas, em talha dourada e policroma com anjos atlantes, e, ao centro, por duas colunas toscanas. É acedido por portal de verga recta e moldura simples disposto no lado do Evangelho. Ladeia e encima o janelão axial de verga recta, em capialço, três pinturas sobre tábua de temática relativa ao Espírito Santo, destacando-se o "Baptismo de Cristo". No sub-coro, possui guarda-vento em madeira, envidraçado, ladeado por duas pias de água benta gomadas e de configuração circular, tal como a porta travessa do lado da Epístola. Lateralmente, dispõem-se dois púlpitos confrontantes, da bacia rectangular, sustentados por grandes mísulas em pirâmide invertida, ornadas de acantos e com anjos atlantes nos ângulos, com guarda plena, de apainelados decorados com cartelas e acantos, a da face frontal ainda com anjos segurando mitra papal, e tendo pilastras com puttis, conchas e acantos nos ângulos; são acedidos por porta de verga recta enquadrada por apainelados de talha com os mesmos motivos e coroados por baldaquinos, em talha dourada, profusamente decorada, com esculturas de 12 anjos músicos, organizadas segundo um esquema compositivo piramidal, e putti segurando concha, inferiormente com lambrequim e borlas. Arco triunfal de volta perfeita, decorado no fecho por cartela recortada, sobre pilastras toscanas almofadadas, encimado por quatro anjos de talha. É ladeado por dois retábulos colaterais, de planta ligeiramente côncava e um eixo. A capela-mor, sensivelmente sobrelevada, tem tecto de caixotões com molduras entalhadas, douradas, sobre cornija revestida a talha dourada ornada com querubins. Nas paredes laterais rasgam-se, de cada lado, duas capelas, com arcos de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, interiormente com abóbada de berço, integrando retábulos em talha dourada, de planta recta e um eixo. Encimam as capelas três janelões, de capialço, com sanefas de talha dourada e policroma. Sobre o supedâneo de cantaria de granito, acedido por quatro degraus, assentam dois anjos tocheiros, em talha, estofados e encarnados; na parede testeira, surge o retábulo-mor, em talha dourada, de planta recta e um eixo, definido por quatro colunas decoradas por motivos fitomórficos, cartelas, querubins e laçarias, de terço inferior marcado e com a mesma decoração, assentes em dois plintos paralelepipédicos, bastante largos, ornados de elementos vegetalistas, e com capitéis coríntios; o intercolúnio é ornado de filetes e motivos lanceolados, tendo inferiormente dois anjos atlantes, encarnados; ao centro, abre-se tribuna alteada, em arco de volta perfeita, com moldura decorada de motivos fitomórficos, interiormente com abóbada de berço formando caixotões, albergando trono expositivo de vários registos contracurvados e o inferior gomado, coroado por resplendor sob baldaquino sustentado por querubins; sobre entablamento, desenvolve-se o ático, integrando o arco da tribuna, definido por quarteirões, e decorado por querubins e cartela, terminado em frontão interrompido por elementos volutados; lateralmente, surgem apainelados recortados e volutados, dois anjos sobre o entablamento, sentados sobre esfera dourada, bem como orelhas. Banco com apainelado de acantos relevados, integrando ao centro sacrário envolvido por acantos recortados e tendo na porta cruz. Altar paralelepipédico, com frontal de talha decorada por acantos enrolados, puttis e cartela central, esquema que se repete na cercadura. A porta rasgada do lado do Evangelho acede à sacristia, com silhar de azulejo de tapete, policromo azul, amarelo e branco, compondo o padrão P-462 guarnecido pelo friso F-10; na parede testeira apresenta longo arcaz, com ferragens de motivos geométricos dourados; sobre este, rasga-se arco de volta perfeita em cantaria, com pintura mural, integrando trono em talha dourada e policroma, de quatro degraus, o inferior de perfil recto e os superiores curvos, decorados com querubins, sobre o qual surge a Virgem entronizada, coroado por resplendor com representação do Espírito Santo, e ladeado pelos doze Apóstolos, compondo a representação do Pentecostes. O arco é enquadrado por dois espelhos com moldura de talha dourada, decorada com acantos enrolados. Na parede lateral esquerda existe armário embutido, ladeado por amplo lavabo, de espaldar rematado por cornija contracurvada, encimada por espaldar alteado e recortado, formando aletas, e terminado em cornija contracurvada interrompida por elemento recortado; é servido por duas bicas carrancas, intercaladas por cartela fitomórfica e duas taças rectangulares, de bordo boleado. A sacristia possui o espaldar do antigo cadeiral da Irmandade, em talha, com vestígios de douramento e policromia, definido por colunas decoradas com putti, acantos enrolados e conchas suportando friso de acantos com cartelas, e espaldar recortado, coroado por três putti suportando coroa e dois anjos, e decorado com acantos, puttis e cartela central; o espaldar é ritmado por pilastras decoradas com motivos fitomórficos, encimadas por volutas, criando edículas.
Materiais
Estrutura rebocada e pintada de branco; cornija, frisos, pilastras, fogaréus, cruzes, pias de água benta e pavimentos em cantaria de granito; guarda do coro-alto, retábulos, púlpitos, arcaz e cadeiral, em talha; telas e tábuas pintadas; silhar de azulejo; telha de aba e canudo.
Observações
*1 - DOF: Igreja do Espírito Santo, com todo o seu recheio de talha.