Arquitectura religiosa, manuelina, barroca. A igreja repete o modelo das igrejas mendicantes na cobertura em madeira e capela-mor abobadada, nave central de 2 andares, com iluminação directa; a fachada principal com a torre sineira saliente, adossada ao eixo da nave e dividida em andares, adopta uma solução presente em algumas igrejas manuelinas (Elvas, Olivença, Goa), formando fachada-torre.
Planta longitudinal, composta pelos rectângulos justapostos das naves e capela-mor, esta ladeada pelos 2 espaços rectangulares das sacristias; torre sineira de planta quadrada, adossada ao eixo da nave; volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de 2 águas sobre a nave principal e capela-mor, de 1 água sobre as naves laterais e anexos, em cúpula revestida a placas cerâmicas com remate em cupulim sobre a torre. A fachada principal, orientada, é marcada pelo volume da torre sineira saliente, de 3 andares, marcados por moldura em cantaria, rasgada nas 3 faces do piso térreo por 3 arcos de volta perfeita, nos 2 pisos superiores por óculo e sineiras; à fachada N., com um gigante, adossa-se a escada de acesso ao andar médio da torre. Fachada S. apresenta portal de volta perfeita e dois gigantes. O portal principal de cantaria é esculpido com botões e rosetas. INTERIOR de 3 naves de diferentes alturas, com 4 tramos, divididas por arcos a meio ponto assentes em colunas cilíndricas, com capitéis com enrolamentos nos vértices; cobertura em tecto de madeira, de 3 planos na nave central, de 1 plano nas laterais; à entrada da nave duas pias de água benta em granito; o coro-alto, no 2º andar da torre, abre-se por arco de volta perfeita e balaustrada para a nave; no corpo da nave púlpito, de cálice, em pedra; arco triunfal de volta perfeita, estribado em pilastras e colunelos, dá acesso à capela-mor revestida de azulejo padrão polícromo, mais baixa que a nave central, é coberta por abóbada de nervuras em estrela de cinco bocetes com rosetas; altar mor com retábulo com nicho central e quatro laterais onde estão as imagens dos evangelistas. Altar colateral do lado do Evangelho tem retábulo de madeira pintada com um Cristo Crucificado; o da Epístola com retábulo pintado, tendo no altar a imagem de Nossa Senhora do Rosário, o Coração de Jesus e a escultura de pedra da Senhora da Luz. Capelas laterais, de grande profundidade a do lado do Evangelho, com altar de talha. Pavimento com várias lages sepulcrais (*1). Sacristia com arcaz e sobre ele um nicho de pedra lavrada; noutra parede um lavabo de grande volume.
Materiais
Alvenaria e cantaria de granito, tijolo, tijoleira, azulejo, telha cerâmica, betão.
Observações
Do retábulo de pedraria documentalmente atribuído a João de Ruão, datado de 1554 / 1555, que ocupava a ábside da capela-mor, restaram as estátuas polícromas dos Evangelistas e de Nossa Senhora da Assunção, nos nichos do actual retábulo em talha e ainda pedaços soltos na sacristia da igreja e na Misericórdia de Pedrógão Grande. Este retábulo deveria ser de concepção semelhante ao da igreja de São Salvador (v. 0603250007), tendo ao centro, em baixo, o sacrário e na parte superior a titular da igreja, Nossa Senhora da Assunção. Lateralmente estariam as imagens de São João Evangelista, São Pedro, São João Baptista e São Paulo. (*1) Uma desta lages corresponde à jazida de Pedro Carvalho de Andrade Leitão e Herdeiros, falecido em 29 de Junho de 1642, decorada com armas dos Carvalhos, Leitões e de outros dois apelidos. Outra lage tem um brasão esquartelado: no primeiro e quarto seis meias luas, e no segundo e terceiro um leão. A legenda desapareceu. (Inventário Artístico de Portugal)