Edifício sucessivamente reconstruído, revelando uma amálgama de estilos, que marcaram os sécs. 14, 15 e 16, desde as persistências românicas à existência do Gótico, Manuelino e Maneirismo, tendo desaparecido a decoração barroca que mantinha, à luz de ideais de restauro puristas. É de planta em cruz latina, composta por três naves escalonadas, de cinco tramos cada, divididas por pilares de secção cruciforme, transepto saliente, abside e dois absidíolos de planta poligonal, seguindo o esquema das igrejas mendicantes, com coberturas em abóbadas de ogiva, em estrela ou polinervadas, as primeiras presentes nas naves e descarregando em contrafortes e arcobotantes exteriores; é escassamente iluminada por clerestório que se rasga na nave principal, a única com iluminação direta, num esquema típico do românico, cuja persistência e reaproveitamentos se verificam na existência de alguns arcos de volta perfeitas, nos pilares cruciformes da nave e na decoração de alguns capitéis com folhagem. Fachada principal do tipo harmónico, com corpo re-entrante, rematado em platibanda recortada e cornija angular, possuindo os vãos rasgados em eixo composto por portal recortado com decoração manuelina, com arcos canopiais, cogulhos e feixes de colunelos laterais, sobrepujado por óculo. As torres sineiras são possantes, poligonais, com remata em ameias decorativas e com várias janelas e ventanas de volta perfeita. As fachadas laterais, escalonadas, são ritmadas por contrafortes e arcobotantes. Interior com batistério sob a torre sineira da Epístola, apresentando várias capelas laterais, com tumulária e algumas com retábulos em pedra de Ançã, revelando a escola coimbrã, também visível no mor, este ostentando uma divisão por andares, com várias figuras em relevo, que persistiu no do Santíssimo, mais tardio, mas com as mesmas características. Capela-mor com cadeiral barroco, com duas ordens de cadeiras, ornadas por espaldares. Os arcobotantes e contrafortes são encimados por pináculos rendilhados, de influência tardo-gótica, o remate em platibanda rendilhada, e os portais manuelinos, com vários canopos e, no principal, a existência de um nicho com a imagem do orago. Possui, nas fachadas e interior várias pedras de armas, pertencentes aos principais bispos mecenas do imóvel, destacando-se D. Pedro Gavião. De notável, para a época de construção, o facto de possuir a nave e capela-mor à mesma altura, revelando a tendência para a unidade do espaço que viria a marcar o final da Idade Média, elevando-se o cruzeiro do transepto, revelando persistências românicas das torres lanternas que coroavam as primeiras catedrais. No interior, destacam-se as capelas particulares adossadas, despidas de decoração, mas mantendo a decoração dos portais, a existência de capelas maneiristas, que corresponderam à demanda de espaços de culto pelas confrarias, dando origem a capelas à face, com pilastras toscanas, rematadas por frontões triangulares, possuindo os retábulos da escola coimbrã, revelando a persistência dos modelos renascença da mesma; entre estes, destaca-se o mor, com vários andares, ostentando cenas da vida de Cristo e figuras de Apóstolos e Profetas, passando a mensagem bíblica aos crentes. Mantém no pavimento as antigas sepulturas, criadas nos sécs. 16 e 17.
Planta em cruz latina, composta por três naves de cinco tramos cada, transepto saliente e cabeceira tripartida, composta por abside mais elevada e dois absidíolos, de planta poligonal, com a fachada principal flanqueada por duas torres poligonais, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em terraço nos corpos principais e torres e a quatro águas no cruzeiro do transepto. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, rematadas por friso cordiforme, platibanda plena, encimadas por ameias decorativas recortadas, formando uma flor estilizada, sendo marcadas por gárgulas em todo o perímetro. Fachada principal virada a O., sendo visível um primitivo remate em empena angular, sendo rasgada por portal em arco abatido, com cogulhos internos, que se entrelaçam, dando origem a uma nicho com mísula e baldaquino, onde se integra a imagem de Nossa Senhora da Assunção; é ladeado por dois colunelos finos, assentes em bases altas com toros e escócias, surgindo, nos intercolúnios, mísulas ornadas por folhagem protegidas por baldaquinos; o colunelo exterior prolonga-se sobre o nicho da Virgem, em arco canopial, com cogulhos internos e externos, sendo flanqueado por dois possantes gigantes, constituídos por amplas bases, de onde saem feixes de colunas torsas, rematando em pináculos também torsos e com florão. Sobre o portal, rasgam-se duas frestas e óculo circular com moldura de cantaria saliente. A estrutura é ladeada por duas torres octogonais, com a zona inferior marcada por contrafortes laterais, dividindo-se em três registos marcados por friso, os inferiores, rasgados por frestas profundas, formando capialço e remate em arco de volta perfeita, surgindo, no segundo, janelas em arco de volta perfeita e, no superior, quatro sineiras também em arco de volta perfeita. Nas faces frontais, ostentam duas pedras de armas do bispo D. Pedro Vaz Gavião. Fachada lateral esquerda virada a N., marcada pelo corpo da nave central, com quatro contrafortes rematados por pináculos piramidais, entre os quais se rasgam cinco janelas em arco de volta perfeita, envolvidas por moldura boleada, assente em colunelos finos, de onde saem arcobotantes que se ligam ao corpo da capela lateral, com contrafortes e a que se adossam duas capelas laterais, a dos Pinas e a dos Ferro, ambas rasgadas por janelas em capialço, a última com a pedra de armas de Luís de Abreu Castelo Branco, e rematadas por friso e ameias decorativas em forma de flores. O transepto é elevado, ladeado por contrafortes de esbarro, rematando em pináculos com decoração rendilhada, possuindo portal com acesso por escadas de cantaria; este é em arco abatido, envolvido por quatro arquivoltas com o mesmo perfil, as interiores assentes em impostas salientes e as exteriores em colunas, com capitéis ornados por elementos vegetalistas estilizados, de onde partem arcos em cortina, rematado por folhagem, enquadrado por gablete rendilhado e alfiz, ornado por arcadas cegas, formando trilóbulos, ladeadas por pilares, que sustentam friso de traceria fingida e um remate em flor; no alfiz, enquadram-se as armas de Portugal e as do bispo D. Gonçalo Vasques da Cunha. Sobre o portal, janela trilobada, com moldura em toro, flanqueada por colunelos torsos, rematados por pináculos com o mesmo perfil e assentes em mísulas, tendo, no fecho uma esfera e, sobre o vão, escudo português com coroa aberta. O absidíolo é rasgado por fresta em capialço com remate em arco de volta perfeita. Fachada lateral direita, virada a S., marcada pelo corpo da nave, semelhante à oposta, possuindo, três corpos adossados, todos rasgados por óculos circulares com molduras simples. O topo do transepto possui um janelão semelhante ao do lado oposto e o absidíolo é cego. Fachada posterior rasgada, no lado esquerdo, por portal em arco apontado, com três arquivoltas, as interiores assentes em impostas salientes e a exterior em colunas com os capitéis ornados por folhagem estilizada, possuindo as jambas com arestas biseladas. Está encimado pela pedra de armas do bispo D. Luís da Guerra. Nos absidíolos e ábside, marcados por contrafortes em todos os ângulos, surgem janelas em arco apontado, com várias arquivoltas e vários lumes. INTERIOR com acesso desnivelado a partir do portal axial, através de sete degraus de cantaria, sendo o portal axial protegido por guarda-vento de madeira encerada, ornado por almofadados. As naves têm cinco tramos, formando arcada de volta perfeita, assente em pilares com colunas adossadas, aos quais se adossam as colunas de fuste liso que descarregam o peso dos arcos formeiros, de perfil apontado, que dividem as abóbadas, em cruzaria de ogivas, com bocetes ornados por motivos fitomórficos; sobre as arcadas da nave central, rasga-se o clerestório em arco de volta perfeita; pavimento em lajeado de granito, possuindo 134 lajes sepulcrais. A parede fundeira é rasgada por duas capelas, que se situam na base das torres, a do lado da Epístola funcionando como batistério, ambas de planta poligonal e com acesso por arco levemente apontado, com arquivolta toreada assente em colunas de fuste liso, sobre altas bases com toros e escócias, apresentando capitéis ornados por esferas; ambas estão protegidas por grades metálicas, com o interior de pavimento lajeado e coberturas em abóbadas polinervadas, com vários bocetes ornados por elementos fitomórficos; no centro da da Epístola, sobre supedâneo de cantaria, a pia batismal, assente em base troncocónica, hemisférica e protegida por tampa de madeira, surgindo, no lado do Evangelho, pequena mísula para alfaias. As naves laterais possuem, cinco capelas à face, três no lado da Epístola e duas no Evangelho, cada uma delas formada por vão em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, envolvido por outro par de pilastras da mesma ordem arquitetónica, assentes em altos plintos paralelepipédicos, com a face frontal almofadada, que sustentam entablamento e frontão triangular, com o tímpano ornado por rosetão, a rematar a estrutura; o interior é rasgado por óculo circular e possui mísula com imaginária e um altar paralelepipédico em cantaria de granito, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora de Fátima e São José. No lado do Evangelho, a Capela do Ferros, com acesso por portal semelhante aos arcos anteriores, apesar de ostentar frontão menos desenvolvido e encimado por pináculos, tendo, no friso; está protegida por teia metálica e, no interior, apresenta abóbada estrelada e um arcosólio de volta perfeita, encimado por cornija e pelas armas do instituidor; no pavimento, uma sepultura com inscrição. Ao lado desta, a Capela dos Pina, com acesso por portal em arco abatido com duas arquivoltas assentes em colunelos, decorados, nos intercolúnios, com rosetas, querubins, candelabra e motivos vegetalistas, estando encimado por pedra de armas; interior com cobertura em abóbada estrelada, possuindo arcosólio com a escultura jacente do D. João de Pina, tendo uma ampla inscrição sobre o túmulo. O cruzeiro do transepto, com abóbada estrelada, com cruz de Cristo no fecho, encontra-se iluminado por quatro óculos, nos arcos formeiros; os braços dividem-se em dois tramos por pilares fasciculados, apresentando quatro abóbadas de ogiva; no braço do Evangelho, portal protegido por guarda-vento de madeira, sobre o qual surge tribuna do mesmo material, com guarda balaustrada e acesso por portas de verga reta nos topos, através de corredores laterais. Na parede E., duas janelas polilobuladas, a do lado direito mainelada, com coluna torsa e capitel fitomórfico, rematando em arco canopial. No topo oposto, retábulo em pedra de Ançã dedicado a Nossa Senhora de Lourdes. Os absidíolos possuem acesso por arco apontado, formado por três arquivoltas, com pavimento em lajeado de granito, cobertura em abóbada de ogivas e dão acesso, através de arco apontado à capela-mor; no pavimento do lado do Evangelho, uma sepultura. No lado oposto, a Capela do Santíssimo, tendo uma sepultura de mármore com os restos mortais de D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva e, sobre supedâneo, retábulo em pedra de Ançã. Arco triunfal composto por arco apontado com cinco arquivoltas, dando acesso à capela-mor, com cobertura em abóbada de ogiva, possuindo, de cada lado, cadeiral composto por duas fiadas confrontantes, a inferior encimada por espaldar marcado por pilastras, friso, cornija e decoração fitomórfica dourada. Na parede testeira, retábulo-mor em pedra de Ançã, de planta côncava, com seis andares e dividido em apainelados por pilares dóricos e colunas coríntias. Na zona inferior, os 12 Apóstolos, seguidos por friso e arcanjos, cenas da Paixão, representando o "Caminho do Calvário", "Calvário" e "Descida da Cruz"; no quarto andar, as figuras de Isaías, David, Jeremias e Zacarias, separados pelas cenas da "Adoração" e "Apresentação de Jesus no Templo", a que se sucedem as imagens de Ezequiel, Moisés, Elias e Daniel e duas cenas com a "Anunciação" e a "Natividade"; no topo, Deus Pai, rodeado de querubins. No pavimento, lápides, uma com quatro mitras, transcolos e báculos, referentes a quatro bispos, que seriam para ali trasladados, D. Vasco Martins de Alvelos (1302-1312), D Martinho II (1319-22), D. Guterre I (1323-24), D. Bartolomeu I (1327-45); outra com os restos mortais de D. Gil II (1479-81) e D Álvaro de Chaves I (1484-96), com os mesmos símbolos da anterior; surge, ainda, a sepultura de D. Nuno de Noronha (1594-1608), com s armas da família, Condes de Odemira e encimadas pela mitra e a do bispo D. Frei Lopo de Sequeira Pereira (1632-36), rematada por mitra e báculo (RODRIGUES, p. 96). Sacristia com acesso pelo absidíolo N., por porta em arco polilobafo, com cobertura em cruzaria de ogivas.
Materiais
Estrutura, contrafortes, arcobotantes, platibanda, colunas, abóbadas, pilares, pilastras, frontões, gárgulas, modinaturas, cruzes, pavimentos, escadas, muros do adro em cantaria de granito; portas, tribuna lateral em madeira; terraço em betão; retábulos em pedra de Ançã; cobertura do cruzeiro em telha; janelas com vidro simples.
Observações
*1 - o órgão possuía caixa de talha dourada, assente em ampla mísula, com tribuna contracurva, balaustrada; tinha planta trapezoidal, com três castelos, o central mais elevado e com as flautas em meia-cana, sendo os laterais disposto em ângulo, com seis nichos, quatro deles sobrepostos, todos com gelosias rendilhadas; os castelos assentavam em mísulas, os laterais sobre "putti" atlantes e o central em carranca; a estrutura rematava em friso, cornija e volutas, que sustentavam fragmentos de frontão, encimados por anjos músicos, e cariátides, que seguram baldaquino, com drapeados fingidos a abrir em boca de cena. *2 - em 15 de Abril de 1913, o Seminário foi fechado e a imagem passou para a capela do Solar da Família Póvoas, dedicada a São João Baptista. *3 - são também obras de João Machado os Jazigos de Ângelo dos Santos Patrício e de Leopoldina Lopo de Carvalho existentes no Cemitério da Guarda.