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Catedral de Portalegre

Catedral de Portalegre

O ponto de interesse Catedral de Portalegre encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias da Sé e São Lourenço no municipio de Portalegre e no distrito de Portalegre.

Arquitetura religiosa, maneirista. Catedral de planta em cruz latina composta por três naves a igual altura, divididas por pilares de secção cruciforme, para as quais abrem capelas laterais intercomunicantes, encimadas por contrafortes que reforçam a cobertura, tendo transepto inscrito, apenas visível pela sua altura, todos eles com coberturas em abóbadas estreladas e de aresta, e cabeceira tripartida, composta por capela-mor pouco profunda e absidíolos. Possui claustro adossado ao lado esquerdo, de um piso, com arcadas abertas para a quadra e com coberturas das alas em abóbadas de aresta. Encontra-se uniformemente iluminada por frestas e óculos nas capelas laterais. Fachada principal do tipo fachada harmónica com corpo recuado, dando origem a um pequeno adro fechado pelas sineiras de três registos, quatro ventanas e remates em coruchéus piramidais. O corpo é tripartido e de dois registos, o inferior com modinaturas barrocas, mantendo-se no superior os vãos maneiristas. Remata em platibanda plena, integrando balaústres, e espaldar curvo com remate em frontão semicircular. Interior com as capelas decoradas por retábulos maneiristas de vários eixos e andares, sendo o de Santa Maria Maior de talha barroca joanina e o de Santo António do estilo barroco nacional. Tem pequeno batistério no lado do Evangelho, sob a torre sineira, com acesso pela capela lateral. Os absidíolos têm coberturas em abóbadas de caixotão, estando no da Epistola, a Capela do Santíssimo com trono expositivo e sacrário. A capela-mor possui cadeiral com duas ordens de cadeiras e retábulo de talha maneirista, de três andares e cinco eixos, composto por painéis pintados, rematando em frontão semicircular. Estruturalmente tem afinidades com as Catedrais suas contemporâneas de Leiria (v. PT021009120031) e de Miranda do Douro (v. PT010406080002). Sacristia com abóbada estrelada, e decoração barroca nos arcazes, lavabo e pequeno oratório, bem como nos azulejos que revestem o espaço. Catedral maneirista bastante verticalizada e arreigada, nas naves e transepto, a um tipo de cobertura tardo-medieval, com abóbadas de nervuras, algumas estreladas, que obrigam à colocação das capelas laterais mais baixas e que se ligam à nave por contrafortes, escorando a estrutura, aligeirados pelos espaldares que ritmam as ilhargas. Possui, no interior dos absidíolos abóbadas de caixotões de pedra, sendo a da capela-mor pintada. A fachada principal é dinamizada pelas torres salientes e pelas modinaturas tardo-barrocas dos portais, o central encimado por inscrição latina alusiva à construção do templo. No interior, destacam-se as várias capelas laterais com coberturas em abóbadas estucadas, formando decoração geométrica, com vestígios de policromia, que se repete nos óculos que as iluminam, frequentemente a vazarem os retábulos maneiristas que as ornam; estes são de vários eixos e registos, dando origem a uma excelente coleção de pintura, predominando, com fidelidade variável, o maneirismo italiano, de gosto afetado e teatral; as estruturas apresentam sotobancos em alvenaria com decoração tardo-barroco, revelando uma feitura posterior. De destacar, a Capela de Santa Maria Maior com retábulo de talha joanina, optando por colunas salomónicas e profusa decoração de plumas, acantos e vieiras, com os eixos exteriores resultando de uma intervenção mais tardia, apontado para o tardo-barroco. A sacristia possui cobertura arcaizante, em abóbadas estreladas, estando totalmente revestida a azulejo figurativo azul e branco. No interior do templo existem vários silhares de azulejo de padrão seiscentista, bem como alguns exemplares hispano-mouriscos, provavelmente reaproveitados da velha Igreja de Santa Maria do Castelo. Na capela-mor e laterais surgem várias lápides sepulcrais com inscrições.

Catedral composta pela igreja, claustro e Paço Episcopal adossado ao lado esquerdo, de volumes articulados. Igreja de planta em cruz latina, composta por três naves e capelas laterais intercomunicantes, torres sineiras adossadas à fachada principal e salientes, formando um adro, transepto inscrito e cabeceira tripartida, sendo a capela-mor mais profunda, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, sendo múltiplas sobre o cruzeiro, encimado por lanternim rasgado por janelas de perfil curvo; as sineiras têm coberturas em coruchéus piramidais muito agudos, rebocados e pintados de branco e rematados por cata-ventos metálicos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com os elementos estruturais em cantaria de granito, as pilastras contendo gárgulas, e rematadas em frisos e cornijas, com acrotérios em forma de urna. Fachada principal virada a E., com corpo recuado, tripartido, com os panos definidos por duas ordens de pilastras toscanas, as inferiores colossais, e com dois registos definidos por entablamento. Ao centro, portal em arco abatido, com molduras múltiplas e recortadas, flanqueado por duas colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos e sobrepujadas por pináculos, estando dispostas em ângulo, dando origem a um portal côncavo; liga-se, por friso ornado por festões e cartela, a uma janela de sacada com guarda em ferro, tendo porta-janela de perfil contracurvo, flanqueada por quarteirões e rematada em frontão. No registo superior janelão retilíneo com moldura almofadada e remate em friso e frontão semicircular. Os panos laterais são semelhantes, rasgados por portas em arco abatido e molduras múltiplas, ladeados por estípides, encimadas por fragmentos de frontão, que se ligam, através de amplo avental, ornado por palmas, rosetões e acantos às janelas de sacada superiores; estas têm perfis contracurvos, com molduras recortadas e rematadas em ático ornado por festões e cornija. No registo superior, duas janelas semelhantes ao janelão central, mas de menores dimensões. A estrutura remata em espaldar central, de perfil curvo, contendo o mostrador do relógio e rematando em friso, cornija e frontão, estando ladeada por platibanda plena, integrando balaústres. Salientes, as torres sineiras, de três registos, o inferior com duas frestas retilíneas e em capialço, as inferiores rematadas por frontões semicirculares e com as molduras a prolongarem-se inferiormente formando falsos brincos. O registo superior possui fresta semelhante às anteriores e, no topo, ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Nas faces interiores e exteriores, possuem vãos semelhantes aos das faces principais. As fachadas laterais são semelhantes, divididas em quatro panos no corpo da nave, por pilastras toscanas, cada um rasgado por óculo, exceto o do extremo E., com janela semelhante às das torres; todos eles são rematados por pequenos espaldares curvos, exceto o do extremo E., com corpo superior, rasgado por janela e sobrepujado por espaldar. Sobre o corpo das capelas laterais são visíveis contrafortes que sustentam as abóbadas do templo. No corpo do transepto, rematado em empena, surge janelão de volta perfeita e, na fachada lateral direita, porta com moldura recortada e rematada em friso e frontão de lanços com cruz latina central. INTERIOR com três naves a igual altura, de doze tramos definidos por pilares de secção cruciforme, em cantaria, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, e coberturas em abóbadas estreladas, sendo de aresta nas naves laterais; todas elas apresentam bocetes em forma de florões, dourados. Pavimento em taburnos de madeira e réguas de cantaria. O coro-alto é transversal às três naves, assente em três arcos em asa de cesto, o central com seguintes em forma de busto, e com guardas de madeira balaustrada, com acesso por amplos arcos de volta perfeita, laterais. Ao centro, órgão de tubos. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira pintada, rematado em cornija e possuindo as armas do bispo D. Manuel Tavares Coutinho e Sousa; está ladeado por pias de água-benta adossadas ao muro, em forma de concha. Para as naves laterais, abrem três capelas intercomunicantes, com acesso por arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas colossais e protegidas por teias de madeira balaustrada, as do Evangelho dedicadas a Santa Catarina de Sena (antes, São Jacinto e São Nicolau), São Crispim e São Crispiniano, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora de Lurdes (antes, Nossa Senhora da Luz), sendo as do lado oposto dedicadas a Santa Maria Maior, antiga de São Jorge, a Nossa Senhora do Rosário, antiga Santo Nome de Jesus, Santo Mauro ou Santo Amaro e das Chagas. Adossados aos últimos pilares da nave, surgem dois púlpitos em cantaria, com bacias circulares, assentes em colunas balaustradas e com guardas de blaústres, semelhantes às das escadas de acesso. Estão encimados por guarda-vozes em talha pintada e dourada, formando falsos domos, decorados por acantos e volutas. Transepto com o cruzeiro coberto por cúpula de caixotões e braços com abóbadas de berço, marcados pelas portas para o exterior, protegidas por guarda-ventos de madeira encerada, formando almofadas, ladeados por pias de água benta concheadas. Os topos estão revestidos a azulejo de padrão. Ao centro, sobre supedâneo, o altar-mor e ambão, de madeira encerada, protegido por teia de mármore cinza e branco. No braço do lado do Evangelho, um órgão positivo de armário e acesso a um espaço com abóbada estrelada e, no da Epístola, a Capela de Santo António. Os absidíolos com coberturas em abóbadas de berço em caixotões são dedicados a São Pedro (Evangelho) e Santíssimo (Epístola). Arco triunfal de volta perfeita, encimado pelo escudo português, envolvido por rocalhas, de acesso à capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço pintada, tendo, nas faces laterais, o cadeiral, e pavimento em lajeado axadrezado, contendo as sepulturas de D. Julião de Alva, D. Diogo Correia e Frei Domingos Barata, surgindo, sob os cadeirais, as de D. Manuel Lopes Simões, D. Pedro de Melo e Brito e Alvim. Sobre supedâneo de três degraus em cantaria, o retábulo-mor, de talha dourada, de planta reta com cinco eixos e três andares, os primeiros definidos por três ordens de colunas coríntias com o terço inferior marcado e relevado, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores almofadados e marmoreados e os superior com as faces ornadas por relevos, a representar São Pedro e São Paulo, ladeados por São Marcos e São Lucas e por São João e São Mateus; entre estes plintos apainelados de cartelas e festões. Os registos estão divididos por frisos de querubins e cornijas, surgindo, no inferior, ao centro, nicho de volta perfeita, com o intradorso apainelado e assente em mísulas, com a imagem do orago, ladeada pelas telas pintadas da Anunciação (Evangelho) e Natividade (Epístola), ladeados respetivamente pelas esculturas de São Jerónimo e Santo Agostinho; no segundo registo, as pinturas da Adoração dos Magos, Repouso na Fuga para o Egito e o Menino entre os Doutores, ladeadas pelas esculturas de São Boaventura e Santo Ambrósio; no terceiro as pinturas da Ascensão de Cristo, Assunção da Virgem e Pentecostes, ladeadas pelas imagens de São Gregório e São Basílio. A estrutura remata em frontão semicircular com o tímpano formado pela tela com a representação da Transfiguração, envolvida por relevos a representar os Profetas Isaías, Ezequiel, Jonas, Jeremias, Joel e Daniel. Altar paralelepipédico, tendo adossado a cadeira do bispo e os assentos dos celebrantes. Confrontantes, dois nichos de volta perfeita, com molduras em mármore e remate em entablamento. Sacristia com três abóbadas de nervuras, assentes em mísulas, com três arcos torais, com as paredes revestidas a azulejo, com dois painéis a azul e branco, representando a Fuga para o Egito e o Descanso na Fuga para o Egito, surgindo, no topo, azulejos com atributos marianos. Tem arcaz de pau-santo, com seis corpos de três gavetões cada e espaldar formado por espelhos. Nos topos, armários embutidos e, no lado S., um lavabo. CLAUSTRO de planta quadrangular e um piso, com quatro arcos de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas e divididas por outras de maiores dimensões, que rematam em fogaréus, os quais enquadram pequenos espaldares vazados por óculos. No centro da quadra, um poço quadrangular, com tanque galbado e almofadado, assente sobre plataforma de um degrau. As alas têm coberturas em abóbadas de aresta e pavimento em taburnos de cantaria, possuindo uma Capela dedicada a São Tiago, com cobertura em abóbada de lunetas e ornada por estuque decorativo, de motivos fitomórficos. Perpendicular ao corpo do transepto da Catedral, o atual PAÇO EPISCOPAL, de planta retangular composta por dois corpos adossados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, evoluindo em três pisos, o inferior com passagem para o exterior da vila, por arco de volta perfeita, sendo marcado por amplo portal em arco abatido e moldura recortada, ladeado por pilastras de fustes almofadados, rematadas por frontão interrompido por espaldar curvo com as armas do bispo. Possui três janelas jacentes com molduras em cantaria, protegidas por grades metálicos. O piso intermédio possui janelas quadrangulares com molduras recortadas, encimadas por janelas semelhantes, sobrepujadas por áticas ornadas por rosetões e rematadas por cornijas angulares, tendo, na base, pano de peito vegetalista.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra e argamassa de cal; pavimentos em lajes de granito e mármore; pilares, cunhais e pilastras em cantaria de granito; colunas do claustro em mármore branco; pias de água-benta em cantaria; pia batismal em mármore; teia do altar-mor em mármore branco e negro; retábulos de talha dourada e pintada; grades da Capela de São Pedro em ferro forjado; teias, guarda-ventos, cadeiral, confessionários, arcazes e armários de madeira; órgão positivo de madeira; silhares de azulejo tradicional; janelas com vidro colorido; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Observações

*1 - as pinturas são normalmente atribuídas a Cristóvão Vaz (1581-1616), o qual já havia falecido há data da feitura do retábulo.