Arquitectura militar medieval, moderna. Época medieval: castelo e cerca urbana; época moderna: reforço da cerca medieval, restos do Fortim de São Cristóvão e adaptação do Atalaião (v. PT041214090021); este, de provável fundação medieval, apresenta os muros escarpados indiciando uma adaptação a fortim seiscentista, datável da Guerra da Restauração. A cerca urbana sobreviveu, em grande parte, às transformações da cidade, apresentando duas portas, in situ, com alguma monumentalidade (Porta de Alegrete e Porta da Devesa). O castelo, formado por três torres, desenha um pátio com uma configuração invulgar, como invulgar é o facto da Torre de Menagem constituir, ao mesmo tempo, uma torre da cerca urbana, daí derivando, provavelmente, a irregularidade da sua planta.
CASTELO: constituído por três torres, estando duas delas - torre N. e torre O. - interligadas por pano de muralha com adarve e ameias de corpo largo. O amuralhado que liga estas torres à Torre de Menagem está interrompido pela R. do Castelo, deixando esta torre isolada. Pátio do castelo desenhando figura geométrica irregular de oito lados, grosseiramente arredondada, que a E. dá origem a um corredor entre as muralhas que se ligavam à Torre de Menagem. A passagem para o pátio, a partir da R. do Castelo, apresenta portão de grades. Sobe-se para o adarve através de escada adossada à muralha do lado N.. A torre N. é a que atinge maior altitude, possuindo secção rectangular e porta ao nível do adarve; na entrada, um pequeno patamar com porta à direita, de moldura rectangular chanfrada, que dá acesso a lanço de escadas curvo que se dirige para o eirado; a porta da frente, no patamar, igual à anterior, dá acesso a sala hexagonal com duas frestas para iluminação e ventilação, coberta por abóbada de nervuras; eirado com ameias primitivas, pavimentado de tijoleira, possuindo sirene dos bombeiros. A torre O. é a que atinge menor altitude, possuindo secção intencionalmente quadrada; a entrada situa-se ao nível do adarve que, após três lanços curtos de escada, dá acesso ao eirado, com ameias primitivas. A Torre de Menagem, a E., tem a secção de maior superfície, em forma de quadrilátero irregular, situando-se numa posição intermédia em termos de altitude atingida; entra-se pela face O. através de porta em arco redondo, antecedida de escadas de pedra; sala do piso térreo, calçada à portuguesa, apresentando outra porta na face oposta à da entrada, emparedada, com arco quebrado; tecto de abóbada em arco quebrado; escada de madeira dando acesso, a 4,45 m de altura, a escada em pedra, de lanço curvo, construída na espessura da parede E., iluminada através de seteira e de janela, conduzindo à sala do piso superior, através de porta com verga em arco redondo; esta sala, pavimentada a tijoleira, possui janela gradeada com conversadeiras a S., porta de verga redonda que dava para o adarve a O., acesso às escadas que vai para o eirado, também a O., e cinco frestas de arejamento e iluminação; tecto de abóbada nervurada e achatada. Sobe-se para o eirado através de escada de um só lanço curvo, iluminado por janela gradeada; eirado com ameias de corpo largo, com seteiras, e adarve que contorna a cobertura telhada da sala do piso superior. CERCA URBANA MEDIEVAL COM FORTIFICAÇÕES ABALUARTADAS: descreve linha poligonal fechada, muito irregular, de forma arredondada, envolvendo o castelo, situado a E.; muralhas ameadas apenas junto à Sé; a composição da cerca, a partir da Porta de Alegrete, que abre para a Pç. da República, e no sentido dos ponteiros do relógio, é a seguinte: Porta de Alegrete: torre-porta com arco de volta inteira, habitação em compartimento sobre o arco, com janela para intramuros, piso superior com quatro janelas para extramuros e uma para intramuros, terminação em terraço; troço de muralha da R. da Torre do Pessegueiro até à R. de Santa Clara, com vestígios da Torre do Pessegueiro; troço de muralha entre a R. de Elvas e a R. do Arco, interrompido por um edifício do Internato de Santo António, visível da R. 1º de Maio; troço de muralha, com parte da antiga barbacã, entre a R. do Arco e o Arco do Bispo, interrompido pela Sé, com um meio baluarte nas traseiras do Palácio Episcopal; vestígios do troço de muralha e barbacã que antecedem o Palácio Amarelo; meio baluarte a proteger este palácio; torreão de secção quadrada junto à R. 1º de Maio; redente visível do lado de baixo da estrada; troço de muralha interrompido a meio, com adarve, a ligar-se a outro torreão de secção quadrada, protegido por baluarte; Porta da Devesa: duas torres avançadas em relação à porta, ligadas com abóbada que sustenta habitação que ocupa também as torres, com três janelas para extramuros e uma para intramuros *1; vestígios de muralha e barbacã até à R. Benvindo Ceia; troço de muralha e barbacã da R. dos Muros de Baixo; torreão de secção rectangular reforçado por um meio baluarte; troço de muralha e barbacã da R. dos Antigos Muros de Baixo; Porta do Postigo, desviada da primitiva localização e encastrada na parede; restos do troço de muralha com habitações adossadas e restos de barbacã que suporta a R. dos Muros de Cima; Torre de Menagem do castelo; restos de fortificações abaluartada visíveis do Lg. Dr. Alves de Sousa; troço de muralha com habitações adossadas possuindo parcialmente o adarve; Porta de Alegrete. FORTINS: resta parte da estrutura do fortim de São Cristóvão, com restos de cortinas, o flanco e a face de um dos quatro baluartes primitivos *2; sobre esta estrutura encontra-se a ermida de São Cristóvão. O Atalaião (121409021) apresenta os muros escarpados.
Materiais
Granito, cal, areia e terra
Observações
*1 - A ligação com abóbada das torres avançadas da Porta da Devesa é posterior; *2 - Dos fortins seiscentistas de São Pedro, Boavista e São Cristóvão restam apenas vestígios deste último.