Portal de Cidadania

Mosteiro da Madre de Deus de Vinhó

Mosteiro da Madre de Deus de Vinhó

O ponto de interesse Mosteiro da Madre de Deus de Vinhó encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Moimenta da Serra e Vinhó no municipio de Gouveia e no distrito de Guarda.

Convento de Clarissas, de que subsiste a igreja, a funcionar como igreja paroquial, muito modificada no séc. 20 para a adaptar às novas funções, com feitura de nova fachada principal e coro-alto de menores dimensões do anterior, levando ao apeamento dos coros e respectivos cadeirais. É de planta rectangular composta por nave, capela-mor, torre sineira no lado esquerdo, sacristia e capela lateral no lado direito, com coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço de madeira, ambas em caixotões, a da nave de perfil abatido. É iluminada por amplas janelas rasgadas nas actuais fachadas laterais, algumas datáveis do séc. 20. Fachada principal em empena com os vãos rasgados em eixo composto por portal e por janelão, ambos em arco abatido. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija ou em beiral, a actual lateral esquerda com portal quinhentista em arco pleno, ladeado por colunas compósitas, com dupla arquivolta de arestas boleadas e remate em entablamento, encimado pela pedra de armas dos fundadores; constituía o primitivo acesso à igreja. Interior com coro-alto e púlpito quadrangular no lado do Evangelho, assente em coluna e acesso por escadas de cantaria. Cobertura da nave com caixotões pintados numa parte, estando a restante em branco, revelando a zona dos antigos coros. Apresenta arco triunfal de volta perfeita, totalmente revestido a talha, que prolonga a estrutura dos retábulos colaterais dispostos em ângulo, do estilo barroco joanino, om profusa decoração e anjos de vulto assimétricos no remate, que se prolonga sobre o arco triunfal, tendo, no fecho, as insígnias da Ordem Franciscana. Tem adossada capela lateral, protegida por grades metálicas, talvez setecentistas, contendo o túmulo da fundadora da Capela, a Tia Maria Baptista, e retábulo de talha tardo-barroca, com acesso por portal de arco e pilastras almofadados, encimado por cartela com inscrição. Retábulos laterais e mor de talha barroca do estilo nacional. Mantém os túmulos dos fundadores na capela-mor. Possui várias pinturas e pormenores de talha provenientes das capelas do antigo convento, entretanto desaparecido.

Planta retangular composta por nave, capela-mor mais estreita, torre sineira de planta quadrada, adossada ao lado esquerdo, e capela lateral e sacristia, adossadas ao lado oposto, de corpos articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, em coruchéu piramidal na torre. Fachadas parcialmente rebocadas e pintadas de branco, excepto a fachada lateral esquerda e a posterior, em cantaria de granito aparente, percorridas por embasamento saliente, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por pináculos e rematadas por friso e cornija, na principal, e em beiral duplo nas demais. Fachada principal voltada a O., em empena com cruz latina no vértice, rasgada por portal em arco abatido e moldura recortada, com friso exterior saliente, rematada por espaldar com recorte e contendo decoração fitomórfica, e encimado por janela de sacada em arco abatido, com moldura semelhante à anterior e guarda metálica. No lado esquerdo e em plano recuado, a torre sineira de três registos definidos por friso e cornija, o inferior com relógio circular, o intermédio cego e o superior rasgado por quatro ventanas em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes. Remata em friso e cornija, tendo pináculos nos ângulos. A face virada a N., apresenta dois óculos em forma de losango no primeiro registo e, na face virada a E., escadas em cantaria, com as juntas pintadas de branco e guardas metálicas, de acesso a uma porta de verga recta e moldura simples; possui a data "1898" no friso do primeiro registo; na face lateral esquerda, no último friso, a data "1921". Fachada lateral esquerda, virada a N., parcialmente rebocada, rasgada por portal em arco de volta perfeita de dupla arquivolta de arestas boleadas, flanqueada por por duas colunas de capitel compósito, assentes em plintos paralelepipédicos com a face frontal ornada por botão, encimadas por duplo entablamento e a pedra de armas dos Sousa. Possui, ainda janela rectilínea com moldura simples e protegida por grades de ferro e duas frestas em capialço, uma na nave e outra no corpo da capela-mor. Fachada lateral direita virada a S., é rasgada, no corpo da nave, por quatro janelas sobrepostas duas a duas, rectangulares, de moldura simples e protegidas por grades; segue-se um contraforte de esbarro e o corpo da capela lateral com janela de lintel recto na face O., e tendo o topo rematado em empena com cruz no vértice e pináculos nos ângulos; tem adossado os corpos do anexo e da sacristia, com quatro frestas de arejamento, uma porta de verga recta e duas janelas com o mesmo perfil, protegidas por grades metálicas. Fachada posterior em empena cega, com cruz latina no vértice, sendo visível a empena do arco triunfal, também coroada por cruz latina; no lado esquerdo e recuado, o corpo da sacristia, com janela rectilínea. INTERIOR da nave rebocado e pintado de branco, com pavimento em tijoleira e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira, dividida em 35 caixotões lisos e 45 caixotões pintados com figuração hagiográfica, assente em cornija e com tirantes metálicos. Coro-alto de madeira, formando um arco abatido, com guarda balaustrada e acesso por porta de verga recta no lado do Evangelho, a partir da torre sineira. No lado do Evangelho, no sub-coro e com acesso por vão em arco de volta perfeita e moldura de cantaria saliente, a Capela de Nossa Senhora de Lourdes, protegida por grades. Segue-se um altar, encimado por nicho em arco de volta perfeita com molura de cantaria, tendo as juntas pintadas de branco, dedicado ao Senhor dos Passos. Após a porta travessa, surge o púlpito, quadrangular, assente em coluna do tipo balaústre, com guarda plena de madeira pintada e dourada, formando cartelas recortadas e concheadas, com acesso por escadas de cantaria com as juntas pintadas de branco e guarda de madeira balaustrada, no lado direito. No lado da Epístola, a capela de Cristo Crucificado, com retábulo de talha dourada, a que se sucede uma capela profunda, dedicada ao Menino Jesus, com acesso por arco de volta perfeita com arquivolta almofadada, assente em pilastras toscasnas, de fuste almofadado, tendo, no fecho, enorme cartela concheada e ornada de acantos, com inscrição, protegida por grade de ferro, formando quadrícula. No interior, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, em caixotões lisos, pintados de branco, surge retábulo de talha dourada e, no lado da Epístola, o túmulo da Tia Baptista, fundadora da primitiva capela. No mesmo lado, sucede-se a capela de Santo António, com retábulo de talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita, bastante alteado, assente em pilastras com o intradorso decorado por pinturas murais, tendo, na pilastra da Epístola, a data"1739". Está flanqueado por dois retábulos colaterais dispostos em ângulo, de talha dourada, que se prolonga sobre o arco triunfal, revestindo-o integralmente, formando apainelados de acantos, festões e, no fecho, as armas da Ordem de São Francisco, encimada por coroa fechada sustentada por anjos em médio-relevo; os retábulos são dedicados a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Junto ao arco triunfal, mesa de altar em talha dourada, reaproveitando elementos de talha de acantos bastante relevados. Capela-mor com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço, com dezoito caixotões pintados com temas hagiográficos e com um tirante metálico, e pavimento em lajeado de granito. Sobre supedâneo de cantaria com degraus centrais, surge o retábulo-mor, de taha dourada e planta côncava, de três eixos definidos por seis colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos ornados por acantos ou em consolas, que se prolongam em três arquivoltas torsas, unidas no sentido do raio e formando apainelados de acantos; ao centro, ampla tribuna de volta perfeita, contendo trono expositivo e com cobertura em caixotões; os eixos laterais formam nichos de volta perfeita e moldura rendilhada, com os fundos pintados a imitar brocados, contendo mísulas com imaginária. Na base do trono, sacrário em forma de templete. Altar em froma de urna, ornado por cartela e flanqueado por duas portas de acesso à tribuna, pintadas com anjos músicos. No lado do Evangelho, o túmulo dos fundadores com inscrição e pedra de armas. No lado da Epístola, porta de acesso à sacristia, com paredes rebocadas e pintadas de branco, com tecto plano de madeira e pavimento em tijoleira, contendo arcas e, no lado esquerdo, porta de acesso a anexo, com cobertura e pavimento semelhante.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, rebocado; modinaturas, pilastras, cornijas, pináculos, cruzes, base do púlpito, pavimento da capela-mor em cantaria de granito; coro-alto, guardas, púlpito, retábulos, coberturas interiores, tectos, arcaz, portas e armários de madeira; torre e anexo em betão; grades em ferro; janelas com vidro simples; coberturas exteriores com telha de aba e canudo.

Observações

*1 - foram feitas as traves do coro e parede do lado da cerca, com friso e arquitrave dórica, forro de madeira de castanho, apainelado, com boas molduras entre a cimalha e o cadeiral, com 36 cadeiras, 16 do lado da cerca, 15 no lado das varandas do claustro e cinco na frente, as de cima com espaldar com 4 palmos e meio de altura. *2 - o mosteiro era rodeado por pátio murado de cantaria, rasgado por portal, encimado por pináculos e um nicho com a imagem de Santa Clara; a igreja tinha pavimento lajeado e era forrada a dourado, com caixotões com mistérios de Redenção e santos; tinha tribuna de talha, dois colaterais e outro no corpo cruzeiro, forrado a talha; púlpito de pedra; no lado da Serra, uma capela abobadada com retábulo dourado, tendo, no altar o Menino da Tia Baptista, onde não se diz missa porque está na clausura; esta tem grade fixa em arco de pedra; coro-alto com cadeira, órgão novo e grades, tendo altar no lado da Epístola e outros oratórios; no lado direito do pátio, o celeiro e, à esquerda, a adega e casa de despejos; segue-se outro pátio e escada de pedra que acede à primeira e segunda casas da roda; no lado esquerdo, casas térreas pertencentes a religiosas e armazém para lenha; de um lado, o claustro quadrado com colunas e quatro capelas pequenas; por um dos lados do claustro acede-se ao ante-coro e ao coro-baixo, escuro e amplo, rodeado por cadeiras antigas, confessionário e comungatório, onde surge a imagem de Cristo preso à coluna; a partir da entrada do ante-coro liga-se ao refeitório e à cozinha; contíguo, dormítório do pessoal doméstico, da comunidade e das religiosas particulares, amplo, sem celas e com janelas nos extremos, sendo as camas divididas por cortinas; junto à cerca, a enfermaria com altar, a casa do noviciado e casa de seculares; tem 25 casas particulares, 15 para o pátio, 7 para a cerca e 3 no interior, feitas e pagas pelos familiares das religiosas mais antigas; na cerca, existem mais 26; tem mirante com 3 janelas e grades de ferro, acabado de fazer; locutório sobre as hospedarias, compostas por duas casas, hospício, cavalariça e casa dos moços. *3 - 1258 - a paróquia já existia, talvez desde o séc. 11; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 30 libras; integra o termo e o arcediagado de Seia e o bispado de Coimbra; 1556 - primeiro registo de baptismo; 1557 - primeiro registo de casamento; 1560 - primeiro registo de óbito; 1641, 2 Maio - falecimento de Diogo Figueiredo, sepultado na igreja matriz; 1544 / 1545 - 1548 - foi prior de Vinhó Diogo de Gouveia; 1556, Abril - primeiros assentos de baptismo, casamento e óbito; 1656 - sepultura de Belchior Gonçalves e da esposa Ana Francisca na igreja matriz; 1708 - o Priorado Real apresentava o Vigário; 1721 - referida na Memória Paroquial, assinada por João de Melo e Albuquerque, como sendo uma paróquia com 106 habitantes, 1758 - referida na Memória Paroquial, assinada pelo prior Domingos Dias Seixas, como tendo "(...) cinco Altares: à mão direyta do Altar-mor está a Imagem da mesma Senhora, à esquerda Sam Giraldo Bispo; ao colateral da direyta, Nossa Senhora do Rozario; ao da esquerda, S. Sebastião; ao lado direyto da ditta Igreija, o Altar da Irmandade das Almas, cujo Orago he a Imagem de Christo Cruceficado, à parte do Evangelho, a Imagem de Santa Ana, à parte da Epistula, S. Francisco das Chagas; ao lado esquerdo, o Altar de Santo Antonio de Lisboa, e tambem o Apostolo S. Bartholomeu"; era priorado de apresentação real; ao lado da Igreja, ficava o Passal, com lagares, adegas, celeiros.