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Salinas da Fonte da Bica

Salinas da Fonte da Bica

O ponto de interesse Salinas da Fonte da Bica encontra-se localizado na freguesia de Rio Maior no municipio de Rio Maior e no distrito de Santarém.

Salina de interior de evaporação solar. Uma mina de sal gema, muito extensa e profunda, atravessada por uma corrente subterrânea, alimenta um poço de onde se extrai a água, sete vezes mais salgada que a do Oceano Atlântico. O conjunto das estruturas que definem as salinas são o poço comum, com as suas sete regueiras, as picotas ou cegonhas, os talhos e as eiras, assim como as rústicas e típicas casas de madeira, de planta rectangular, de um piso e coberturas em telhados de 2 águas. O processo de fabrico tem actualmente duas componentes, a artesanal e a industrial. A exploração das Salinas faz-se por processos iguais aos de há poucos anos, quando a água salgada era tirada por meio de duas picotas (introduzidas na Península Ibérica pelos Árabes). Mas, consta que, antes da Reconquista cristã, os Romanos e depois os Árabes, já as exploravam em larga escala. O processo de exploração é típico e artesanal. As suas pirâmides de sal constam do brasão da Cidade de Rio Maior. Todas as casas de apoio à exploração do sal, e devido ao alto poder corrosivo, apresentam todos os elementos e suportes de fixação em madeira, bem como os fechos e fechaduras.

As salinas, integradas em espaço delimitado por muro em alvenaria, são constituídas por 470 talhos, de planta rectangular e trapezoidal, cavados e delimitados entre si por tábuas de madeira e muros de cimento. O aquífero salino provém de um poço com cerca de 9 metros de profundidade e 3,75 metros de diâmetro localizado centralmente em relação aos Talhos, que são compostos por três unidades funcionais: o talho propriamente dito com dimensões médias de 7x5 m onde se efectua a cristalização, de fundo plano em cimento ou pedra, com uma pequena depressão chamada de barroca destinada a acumular a água e a sujidade que se produzem durante o processo de limpeza; o Esgoteiro, reservatório ou tanque de armazenamento de salmoura e ocupa um quarto da área total do talho, tem cerca de 1,5 m de profundidade e recebe a água desde o poço através das regueiras; a Eira é o espaço onde se coloca o sal a escorrer antes da saída para os armazéns. Os talhos são separados por pequenos carreiros por onde os "Marinheiros" se deslocam entre os compartimentos, chamados de "baratas". O sal junta-se com um instrumento também em madeira, chamado rodo (*1). Os armazéns e as casas apresentam planta rectangular simples com coberturas em telhados de 2 águas. Fachadas em madeira, abertas por molduras simples rectangulares nas portas e janelas.

Materiais

Madeira (estrutura das casas e armazéms, talhos) / cimento (muros dos talhos) / alvenaria pobre de tijolo e pedra (muro delimitador da área de exploração do sal) / Telha cerâmica nas coberturas / tubos de PVC

Observações

O sal era uma substância muito importante no comércio entre os povos, alguns o utilizavam até para pagamento de jornas, daí a palavra salário. O espaço ocupado pelas salinas actualmente, é o mesmo que ocupavam no séc. 18, supondo-se, no entanto que no início da sua exploração fosse mais extenso, se tivermos em consideração a existência de um lugar nas imediações chamado de Marinhas Velhas. Estando as salinas distribuídas por 84 proprietários, o poço e a água é propriedade indivisível, sendo designado anualmente um dos proprietários para cuidar do seu bom funcionamento, a troco de um pagamento em sal pelos outros proprietários. Num passado recente, os "Marinheiros" depois de terminada a lide passavam por uma das tabernas, instaladas nas casas de madeira. Aqui surgiram as "réguas de escrita", feitas em madeira, que ainda hoje podem ser vistas nas Marinhas de Sal. Cada uma delas representava a conta de um freguês, onde o taberneiro colocava, através de sinais, a despesa que o cliente ia fazendo ao longo da safra e os pagamentos efectuados. O pagamento era sempre feito em sal. (www.ribatejodigital.pt). *1 - Segundo Renato Neves, o rodo utilizado nas salinas de Rio Maior tem uma forma especial, característica destas salinas.