Arquitectura agrícola, popular. Moinhos de vento que seguem a tipologia tradicional destas construções de carácter marcadamente funcional, no plano regional. Torre troncocónica, encimada por capelo móvel revestido de folha-de-flandres e interior dividido em três pisos, com as mós e maquinaria instalados no piso superior; esta tipologia surge no Alentejo durante o séc. 18, populariza-se no Séc. 19 e vai ocupar progressivamente o lugar dos moinhos de água que desde a época romana garantiam a moagem da maior parte do cereal. Originalmente estas estruturas tinham cobertura de colmo, de que praticamente não subsistem exemplares, no entanto existe uma gravura inglesa do séc. 19 que mostra um desses exemplares, precisamente no concelho de Odemira. Trata-se de um dos poucos moinhos de vento que ainda se encontra em boas condições de funcionamento no Concelho, recuperado pela autarquia com bastante cuidado. O segundo moinho, arruinado, é muito semelhante ao que se encontra em funcionamento, permitindo ver a alvenaria e os pormenores construtivos.
Dois moinhos de planta centralizada, circular, simples e regular, um deles em ruínas. 1º Moinho com cobertura homogénea em capelo móvel de forma troncocónica, em folha-de-flandres pintada a castanho, aplicada sobre estrutura de madeira, com frechal assente em rodas de azinho. Fachada principal a E. de remate recto, com poial pintado a branco onde assenta soco pintado a azul e portal de verga recta com moldura pintada a azul; a S. rasga-se uma janela alta com moldura pintada a azul; do capelo móvel de cobertura destaca-se o mastro, cruzado por oito varas a se fixam as quatro velas triangulares, ligadas por travadoiras. INTERIOR: dividido em três pisos por sobrados, com soalhos de madeira pregados sobre barrotes de madeira; no piso térreo abre-se uma porta para E. e a N. desenvolve-se a escada de ligação aos pisos superiores, com degraus de cantaria; o segundo piso é muito baixo, sendo ocupado, ao centro, pelo urreiro; a escada continua sem interrupção até ao piso superior; no terceiro piso localiza-se a sala de moagem, com um casal de mós ao centro, articuladas pelo carreto e pela roda de entrosga ao mastro, colocado lateralmente; o tegão é uma caixa de madeira de forma tronco-piramidal invertida, onde é colocado o cereal, que desce pela quelha para o olho da mó superior, impulsionado pela trepidação produzida pelo cadêlo ao embater nos orifícios gravados na face superior da mó; sob o mastro situa-se o sarilho que faz girar o capelo para orientar o moinho ao vento, com o seu sistema de cabos e roldanas; nas paredes destacam-se vários andorinhos constituídos por argolas de ferro fixas ao frechal, para prender o moinho, e no rosso de madeira destacam-se argolas semelhantes que servem para fixar os ganchos das roldanas do sarilho; no topo da cobertura situa-se a roda de ponto, ligada ao cata-vento, que permite controlar do interior a orientação dos ventos; a E. rasga-se um nicho na parede. O segundo moinho situa-se a S. e encontra-se em ruínas, subsistindo apenas as paredes de alvenaria de xisto argamassado, com vestígios de reboco, porta virada a E. e janela alta virada a S.; em tudo semelhantes ao outro moinho, possui estruturas arruinadas adossadas a S. e a N..
Materiais
Paredes de alvenaria de pedra e cal, rebocadas e pintadas, molduras de vãos e soco pintados a azul, degraus, mós e elementos secundários de cantaria, argolas de ferro e elementos secundários de ferro, soalhos e vigamentos de madeira, portas e caixilharias de madeira, maquinaria de madeira, cobertura em folha de flandres pintada a castanho sobre estrutura de madeira.
Observações