Convento carmelita medieval, profundamente remodelado no séc. 16. Igreja de planta longitudinal, com anexos conventuais do lado N., rodeando o claustro de 2 pisos. Manuelino - modinatura e decoração das colunas divisórias da nave e dos arcos de acesso às capelas colaterais; artesoado da abóbada da sacristia e casa do capítulo; recorte do portal da casa do capítulo; o púlpito e a pia de água benta. Maneirismo - portal principal da igreja, arcada serliana da fachada conventual e oa decoração de estuques; portal de modinatura clássica na 1ª capela do lado do Evangelho; sobreposição de ordens dórica e jónica nos 2 pisos do claustro. O primitivo convento carmelita foi o primeiro da ordem fundado em Portugal e dele terão partido os primeiros frades do convento do Carmo em Lisboa cuja traça se terà inspirado na do convento de Moura ( Leal, 1875 ).É o monumento mais significativo de Moura e um dos mais importantes do Baixo Alentejo. A decoração azulejar e em pratos de faiança, da abóbada da 2ª capela do lado do Evangelho, réplica popular da decoração de tectos com pratos de porcelana chinesa.
Planta longitudinal, composta pelos rectângulos justapostos da nave e da capela-mor, a que se adossam capelas laterais e colaterais de planta quadrangular; do lado N. os anexos conventuais, dispostos em redor do claustro de planta quadrada; entre este e a cabeceira da igreja, a primitiva sacristia e a casa do capítulo, ambas de planta rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhado sobre a igreja e anexos, em terraço sobre as alas do claustro. Sineira sobre o claustro, junto ao encosto da nave. Fachada principal da igreja virada a SO., de empena angular, rasgada por portal de verga redonda, com bustos nas enjuntas, ladeado por colunelos e rematado por nicho com frontão de volutas; janelão de verga recta no eixo do portal; a fachada é decorada com ornatos em estuque. Na fachada lateral S. destaca-se o balanço da capela de Santana, rodeada por contrafortes cilíndricos com pináculos cónicos, alguns ainda rodeados por merlões. INTERIOR: 3 naves de 6 tramos com tecto em madeira, separadas por arcos moldurados redondos sobre feixes de colunas, com capitéis com elementos vegetalistas e ábacos salientes. Capelas laterais com abóbadas artesoadas, abertas para as naves laterais por arcos redondos sobre colunas de fuste redondo e capitéis vegetalistas; do lado do Evangelho, 1ª capela aberta por portal em cantaria com frontão de enrolamentos e as armas do instituidor no tímpano; retábulo maneirista; na 2ª capela retábulo em talha dourada de estilo nacional; abóbada decorada com painéis de azulejo ( 4 x 5 ) representando cabeças de anjos alados, polícromos, seiscentistas, emoldurados por torsal em estuque, onde se inserem 15 pratos de diferentes tamanhos, aparentemente em faiança decorada a azul. Do lado da Epístola rasgam-se 5 capelas: a 3ª cupulada e a 4ª com azulejos polícromos seiscentistas. Púlpito de planta circular em cantaria adossado a um dos pilares da nave central e pia de água benta integrada no 1º pilar da nave, ambos manuelinos. Arco triunfal redondo sobre pilastras toscanas dá acesso à capela-mor coberta por abóbada de berço redondo; retábulo-mor em talha, joanino, envolvendo o arco triunfal e alçados laterais; abóbada da capela-mor com pinturas murais representando enrolamentos vegetalistas; vestígios de pinturas murais na capela colateral do Evangelho; arca tumular de tampa pentagonal sobre leões na 1ª capela do lado da Epístola. SACRISTIA: sacristia coberta por abóbada de 3 tramos sobre mísulas, rebaixada, polinervada, com combados; azulejos polícromos seiscentistas nas paredes; frontal de altar imitando brocados, de Talavera. CASA DO CAPÍTULO: de 2 tramos, coberta por abóbada polinervada sobre mísulas e meias-colunas; CLAUSTRO: de 2 pisos, o 1º com 4 tramos por ala, separados por contrafortes prismáticos, com arcadas duplas sobre colunas toscanas no 1º piso, colunas jónicas sustentando entablamento no 2º; abóbada de nervuras sobre mísulas e colunas; um gradeamento de losangos em tijolo remata o terraço do claustro.
Materiais
Alvenaria de pedra e tijolo, cantaria, madeira, tijoleira, telha cerâmica.
Observações
*1 - existe projecto para instalação no convento de uma unidade hoteleira; *2 - decorrem negociações entre a Câmara Municipal de Moura e o proprietário para cedência do imóvel à autarquia e sua posterior alienação a privados ( 2002 ).