Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Reitoria da Universidade de Lisboa e Aula Magna

Reitoria da Universidade de Lisboa e Aula Magna

O ponto de interesse Reitoria da Universidade de Lisboa e Aula Magna encontra-se localizado na freguesia de Alvalade no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura administrativa e arquitectura cultural, do séc. 20. Edifício construído para instalar os serviços da Reitoria da Universidade de Lisboa com planta composta pela articulação de dois corpos, um de planta rectangular e outro de planta em leque, correspondentes, respectivamente, às instalações para os serviços administrativos e à sala destinada às sessões académicas. Fachadas principais destacadas por pórticos sem entablamento e composição geral baseada na simetria e regularidade dos seus elementos, jogando com as formas e os volumes, onde surgem paramentos lisos rasgados por vãos rectos, existindo, por vezes, o aproveitamento da estrutura, numa rede de pilares e vigas, com enchimento de paredes em planos recuados, particularmente visível no corpo E.. Distribuição espacial interna organizada em função de amplos espaços vestibulares, de duplo pé direito e de dois pátios interiores gerando uma compartimentação por pisos e alas funcionais: serviços de secretaria, contabilidade e documentação no pavimento térreo; zona de trabalho do reitor, sala dos actos, sala do Senado Universitário e Salão de Recepção e Festas, no primeiro piso. A Aula Magna é uma sala de espaço único, de cena contraposta, com palco pouco profundo e um subpalco, para uma sala de planta em leque com uma lotação de 1653 lugares distribuídos por plateia com pendente, 1º e 2º balcões e tribunas; cabina de projecção e regie ao fundo da sala, sobre as tribunas; cabinas de tradução simultânea laterais, junto ao palco. Vocacionada para sessões académicas, a sala possui também condições para actividades associadas às artes do espectáculo, em especial concertos. A Cidade Universitária de Lisboa representa, excluindo o Instituto Superior Técnico, a única obra arquitectónica erigida de raiz para o ensino superior durante o regime estado-novista, fora da esfera da congénere coimbrã. O edifício da reitoria foi objecto de um programa de arquitectura de interiores e mobiliário de características inovadoras e linguagem modernizante para a época, em contraste mesmo com o risco arquitectónico geral do imóvel, de inspiração do primeiro modernismo português e dentro da linha monumentalizante e clássica já experimentada nos anos trinta em edifícios públicos. Em termos de arquitectura de interiores, trata-se da primeira obra de Daciano da Costa em nome próprio neste âmbito e quanto a desenho de mobiliário, o que só por si constituiu um carácter de enorme relevância; este trabalho estaria na base de outros projectos que virá a concretizar numa perspectiva totalizante da "decoração" de interiores, cujas propostas se estendem da concepção dos tectos aos pavimentos, dos paramentos ao mobiliário, da iluminação aos cortinados. Após mais de meia década de uso, algumas das salas e gabinetes do edifício obedecem ainda à concepção primitiva, resistindo estética e funcionalmente ao tempo. Na decoração do seu interior e dos seus paramentos, lançaram-se alguns jovens artistas, como Querubim Lapa, Rogério Ribeiro e José Farinha, a par de artistas consagrados, como Almada Negreiros e Lino António. Assumem particular relevo os vestíbulos, com decoração cerâmica, de vitral e mosaicos esmaltados, o Salão Nobre, com pintura mural, a Aula Magna, onde os apainelados se agregam ao mobiliário de Daciano da Costa. Esta sala era, à data da inauguração, o maior espaço de espectáculos e adquire relevo pelo seu pioneirismo no que toca à lotação e à planificação acústica.

Edifício *2 de planta composta, resultante da articulação de dois corpos funcionalmente diferenciados: um de planta rectangular, vazado por dois pátios interiores, desenvolvido em três pisos, incluindo cave, e orientado a E., correspondendo às instalações administrativas da Reitoria e onde têm assento os seus órgãos representativos; e outro de planta em leque, desenvolvido em três pisos e orientado a O., respeitante à Aula Magna, espaço especialmente concebido para a realização de actos académicos e usado também para actividades culturais, entre elas espectáculos, que se articula com o anterior a através dos denominados Passos Perdidos. Os corpos têm disposição horizontal de massas com coberturas escalonadas e diferenciadas, planas e praticáveis. Os dois corpos apresentam uma composição geral das fachadas segundo o princípio da simetria e da regularidade, com elementos comuns, como os socos de pedra, seguido de paramentos rebocados e pintados, sobre os quais se abrem fenestrações regulares, de vãos rectos emoldurados a cantaria e com caixilharias de alumínio, sendo rematadas em frisos de cantaria pouco saliente. As fachadas principais recebem tratamento mais apurado, quer na concepção arquitectónica quer nos materiais e recursos decorativos utilizados: antecedidas por escadaria de cantaria, afirmam-se pelo pórtico, composto por pilares de secção rectangular revestidos a granito róseo, polido; no tecto, caixotões revestidos a mosaicos esverdeados, iluminado por luz indirecta; portas de entrada centralizadas, formando extensas superfícies envidraçadas, com piso superior sublinhado por sacada corrida (a E.) ou por vãos quase contínuos (O.); nos extremos e topos (a E.) paredes de mármore constituem suporte para composições figurativas policromas, de natureza simbólica, alusivas à "Nação" ou ao "Saber", segundo a técnica do desenho inciso. Na fachada E., acima do pórtico convexo e dos corpos laterais em planos oblíquos, assoma o topo do grande vão da Aula Magna, compacto e fechado. A contrastar com os panos contínuos das fachadas laterais da Aula Magna, as da Reitoria apresentam uma composição de retículas de pilares e vigas, com panos ligeiramente recuados e rasgados por janelas, ou utilizando superfícies envidraçadas para os vãos das escadas. Os corpos que acompanham o pórtico destacado da frontaria recebem um revestimento mais nobre, revestidos a azulejo de composição geométrica, constituído por quadrados e por triângulos justapostos, formando quadrados em branco e várias tonalidades de azul. INTERIOR do EDIFÍCIO DA REITORIA com as áreas funcionais bem definidas, tendo por orientação a parte anterior do edifício - organizada a partir de amplo vestíbulo central no piso térreo e por um átrio que coroa a escadaria de honra no superior - e a parte posterior, dividida em duas alas pelos pátios. Possui duas escadas de acesso com saída para a rua nas fachadas N. e S.. O vestíbulo do piso térreo, de planta rectangular, desenvolve-se em dois níveis, permitindo o acesso dianteiro aos Passos Perdidos e lateralmente aos corredores comunicantes com as zonas dos serviços administrativos (ala S.) ou com o centro de documentação (ala N.): amplo, de superfícies polidas e brilhantes pelo tratamento conferido ao mármore, tem tecto de caixotões em gesso moldado com sancas de luz e nas paredes 8 painéis de mosaico polícromos e de composição figurativa. O acesso ao piso superior é feito pelos Passos Perdidos, de planta rectangular, iluminado por amplas superfícies envidraçadas, tendo no topo, a toda a altura do pé direito, porta de correr com pintura lacada figurativa representando o ex-libris da Universidade, correspondente à "parede" de fundo do palco da Aula Magna; deste desenvolve-se a escadaria no sentido contrário à passagem do vestíbulo para os Passos Perdidos e tem dois lances rectos com guarda metálica ornamentada também pelo símbolo da instituição. No piso superior, localizam-se os espaços mais significativos, salientando-se, na ala N., o Gabinete e Salão do Reitor, seguido da Sala de Pequenos Banquetes, dotada de copa; na ala S., o Anfiteatro de Actos Grandes; e na ala E., acompanhando toda a sacada corrida do corpo porticado, o Salão Nobre, nos topos completada pela Sala de Conferências (S.) e pela Sala do Senado Universitário (N.). A decorar os diferentes espaços do edifício, existem ainda exemplares de vitral, pintura lacada, pintura mural e tapeçaria mural. AULA MAGNA *3 com amplo vestíbulo, para onde abre uma galeria ocupada por um bar, sob a qual se destaca a existência de um painel cerâmico, polícromo, de composição figurativa. As portas que ladeiam o painel pertenciam primitivamente a um espaço reservado a bengaleiro, hoje convertido em agência bancária. Os outros acessos interiores à Aula Magna organizam-se a partir deste vestíbulo, nomeadamente pelos corredores laterais, beneficiados por iluminação natural. Os vãos que se lhe seguem permitem o acesso à Aula Magna, ao nível do primeiro balcão. Constitui um espaço único, contínuo, de cena contraposta e planta em leque com uma lotação de 1653 lugares distribuídos por plateia com pendente (147 lugares mais 68 laterais), balcão de 1ª ordem (742 lugares), balcão de 2ª ordem (532 lugares) e sete tribunas, rasgadas em vãos rectos na parede de fundo da sala e sob o tecto protector do balcão superior (cada uma com 20-22 lugares, à excepção da central com 36), sobre o qual se encontram a cabina de projecção e as instalações reservadas à comunicação social.

Materiais

Estrutura em betão armado, com elementos em calcário, mármore e granito; coberturas, pavimentos, mobiliário em madeira; janelas em vidro com caixilharias de alumínio anodizado na cor natural; revestimentos de azulejo; elementos em mosaico; tectos em estuque e gesso; guardas em bronze.

Observações

*1 - Classificação conjunta do Edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa (v. IPA.00007780), Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (v. IPA.00014260) e Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (v. IPA.00014259). *2 - esta ficha tem correspondência às fichas de inventário da Universidade de Lisboa (UL): Reitoria (UL_RUL_IM001 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Edif%C3%ADcio_da_Reitoria ), Sala Oval (UL_RUL_IM002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Sala_Oval_da_Reitoria ), Aula Magna (UL_RUL_IM003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Aula_Magna), Porta da Aula Magna (UL_RUL_OBJ002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Porta_da_Aula_Magna ), Tapeçaria de Rogério Ribeiro (UL_RUL_OBJ003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Tape%C3%A7aria_de_Rog%C3%A9rio_Ribeiro_%E2%80%98No_Limiar_da_Idade_At%C3%B3mica%E2%80%99 ), Painel de cerâmica de Querubim Lapa (UL_RUL_OBJ004 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Painel_de_Cer%C3%A2mica_de_Querubim_Lapa_%E2%80%98Glorifica%C3%A7%C3%A3o_do_Trabalho_Intelectual%E2%80%99 ), Colecção de Mobiliário de Daciano da Costa (UL_RUL_COL001 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Colec%C3%A7%C3%A3o_de_Mobili%C3%A1rio_de_Daciano_da_Costa ), Painéis de Mosaico de António Lino (UL_RUL_COL002 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Pain%C3%A9is_de_Mosaico_de_Ant%C3%B3nio_Lino ), Gravuras incisas de Almada Negreiros (UL_RUL_COL003 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Gravuras_incisas_de_Almada_Negreiros_da_Reitoria ), Vitrais de Lino António (UL_RUL_COL004) e Conjunto de Pintura Mural de Daciano da Costa (UL_RUL_COL005 - URL: http://memoria.ul.pt/index.php/Conjunto_de_Pintura_Mural_de_Daciano_da_Costa_%E2%80%98Ad_Lucem%E2%80%99 ). *3 - a aula Magna foi concebida com vista a que os espectadores pudessem assistir comodamente ao desfile do cortejo académico, razão pela qual uma monumental porta de correr se abre para o palco. Assim, é feita a ligação entre o Salão Nobre, onde se inicia a cerimónia, através de uma enorme escadaria que acede à sala; o público observa o acontecimento nos seus lugares colocados de frente para o estrado de honra, sem necessitar de se movimentar. *4 - graças a um donativo concedido pela viúva do Dr. António Manuel Gouveia de Almeida, a Reitoria adquiriu, em 2007, quatro desenhos originais de Almada Negreiros que serviram de base às gravuras incisas na fachada sobre a Alameda da Universidade; estão expostos no edifício da Reitoria. *5 - forneceram materiais para a obra: Armando Filinto Pinto Barbosa, Baptista Azevedo & C.ª (extintores), Centro Técnico Hospitalar, Companhia União Fabril (alcatifas), Custódio Ferreira Lino (cinzeiros e cestos para papéis), Fábrica de Móveis Aséta, Fábrica de Tapeçarias Sultão, Lda. (alcatifas), Fábrica Pátria (candeeiros e cinzeiros), Figueirôa Rego, Lda (cortinados e reposteiros), João Soares Júnior (toalheiros), José Alcobia, Rogério Frazão de Sousa (porta-papéis, porta-canetas, cabides e espelhos), Secca, Lda. (candeeiros), Soares da Costa, Lda., Viúva de João Ferreira & filhos; obras de carpintaria por Félix Correia, Lda. e pedraria fornecida por Pardal Monteiro, Lda., Cooperativa de Pedreiros e Mármore e Cantarias Pêro Pinheiro, Estremoz, Lda.; feitura das caixilharias de alumínio pela Serralharia Artística do Corvo e estores pela Sociedade de Estores Metálicos; fornecimento de vidros pelos Espelhos "A União"; trabalhos de serralharia da empresa Electro Mecânica do Monte e de João Marques Jordão; trabalho de estuques e pinturas de Sampaio & Laginha, Lda., João Rodrigues Parente e Afonso Capela (estuques) e Hilário da Silva Tavares e Lucínio Batista Vicente (pinturas); revestimentos plásticos por Moprim e Empirel; tosco de algumas salas pela Empresa Joaquim Pedro & Manuel Martins, Lda.; o mobiliário foi fornecido por José Olaio & Ca (filho), José Alcobia, Móveis Sousa Braga, Móveis e Adornos, Lda. *6 - estes painéis, executados em 1957, destinavam-se a um projecto de decoração do Hotel Ritz e não colocados.