Arquitectura financeira, art déco. Trata-se de uma das primeiras obras de Carlos Ramos, realizada quando ainda era estudante no último ano do curso de Arquitectura da Escola de Belas Artes de Lisboa e após uma viagem empreendida em 1920 a Espanha, França e Bélgica. A ruptura introduzida por este edifício ao modelo de composição pombalino gerou uma acesa polémica registada pela imprensa da época e enquadrada num debate público mais amplo em torno da transformação e preservação da baixa pombalina. No jornal A Manhã, Gustavo Matos Sequeira redigia um artigo crítico centrado neste edifício que qualificava de "monstro cinzento" onde, em sua opinião, não havia "estilo, nem arte, nem coisíssima nenhuma" (Gustavo Matos Sequeira, "Um monstro cinzento", A Manhã, ano V, 27 Janeiro 1922). Não era, porém, uma opinião unânime. O arquitecto Tertuliano Lacerda Marques (1883-1942) defendia a solução proposta referindo: "depois do Banco Lisboa & Açores é a primeira construção estéticamente correcta, bem estudada e proporcionada que tem aparecido em Lisboa e quiçá em Portugal" (Tertuliano Marques, "A carta do distinto arquitecto sobre o nono edifício da Rua do Ouro", A Manhã, ano V, 31 Janeiro 1922, p.1).
De planta rectangular, volumetria paralelepipédica com a cobertura efectuada por telhados de 2 águas. Apresenta alçado principal a O. organizado em 6 pisos dos quais um se encontra em mansarda. Fachada caracterizada pela existência de três panos que avançam e recuam. Pano central constituído por três ordens de vãos em que o do 2º piso é de maiores dimensões. Nos panos laterais encontram-se as mesmas ordens de vãos, sendo que o intervalo entre os vãos é preenchido por 3 painéis de mosaico azul e branco representando jarras de flores. Ladeando os panos, pilastras "art-déco" de inspiração jónica encimadas por floretas entre vãos no quinto piso. Ao nível do piso térreo junto às portas laterais encontram-se quatro fruteiras de ferro e mármore estilizadas bem como números de polícia ao estilo "art-déco" a encimar todos os vãos. Na base das colunas ao estilo dórico colocadas entre os vãos do 1º piso, floretas em baixo relevo.
Materiais
Betão armado, mármore, vidro, alumínio lacado, madeira e painéis de mosaico.
Observações
EM ESTUDO