Palacete revivalista com influências diversas, nomeadamente as buscadas numa linguagem romântica e revivalista (neogótico). Considerada uma das obras mais representativas do arquiteto José Luís Monteiro no âmbito da arquitectura doméstica, a Casa Biester distingue-se ainda pela articulação da arquitectura com as artes decorativas, para o que contribuiu a existência de uma equipa de artistas a trabalhar num período de execução de projecto temporalmente limitado. Salienta-se assim a coerência, dentro do eclectismo romântico, do programa decorativo: boiseries de Leandro Braga, pintura decorativa de Luigi Manini, azulejos relevados (do padrão "nenúfar e rã" e "tipo Bacalhoa") da Fábrica de Cerâmica das Caldas, de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e os vitrais franceses.
De planta rectangular irregular composta pela articulação de diferentes corpos, integrando dois circulares e um poligonal, apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 e 4 águas, perfurados por trapeiras, e em coruchéu cónico. O edifício, de 3 pisos (um ao nível da cobertura) separados por friso de cantaria, apresenta panos de muro em reboco pintado acentuados por cunhais de cantaria de aparelho almofadado e abertura de vãos a ritmo regular, maioritariamente de verga recta com emolduramento simples de cantaria, estreitos, acentuados por bandeiras por bandeiras rectangulares e geminados. Alçado principal a N. composto por 5 corpos, dos quais se demarca o corpo extremo a O., saliente e de planta circular, com 1.º andar rasgado por lancetas, e o corpo central, em cujo andar térreo se localiza o acesso principal (definido por 2 portas de folhas envidraçadas), precedido de alpendre rasgado por arco Tudor que inscreve duplo arco com o mesmo perfil, suportado por coluna. O conjunto é sobrepujado, ao nível do piso superior, por galeria, animada por duplo arco quebrado articulado com parapeito de balaustrada. INTERIOR - no piso térreo, vestíbulo de planta rectangular (de tratamento medievalizante, que combina elementos associados ao românico e ao gótico) articulado com eixo longitudinal de circulação, a partir do qual se acede à compartimentação de áreas reservadas à vida social - de planta rectangular e orientada em função dos alçados lateral O. e E., destaca-se neste piso, a sala de jantar e o salão, interligados e a ocupar todo o alçado posterior (de feição mudéjar), e a sala de bilhar, com tecto de apainelados de madeira. Ainda do lado E., os 2 corpos que se adossam ao corpo principal correspondem a 2 escadarias de lanços opostos que asseguram os acessos aos pisos superiores e se inscrevem, respectivamente, em compartimento rectangular e em semicírculo. No piso superior, a organização da compartimentação interna faz-se segundo corredor de circulação, em L, merecendo atenção a capela, no copro extremo NO., com muro de topo animado por vitrais. O edifício é rematado por telhado de abas, suportado por asnas e cavaletes de madeira, acentuado por lambrequim *1.
Materiais
Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado e madeira
Observações
* 1 - aguarda-se autorização do proprietário para visitar o interior. * 2 - sobre o trabalho deste escultor e entalhador na Casa Biester veja-se o Catálogo Leandro Braga e as Artes Decorativas: aqui se reproduzem, a par de desenhos e peças soltas, algumas fotografias dos interiores do palacete.