Arquitectura cultural, do século 20. Edifício construído para instalar a Biblioteca Nacional. Dispõe de: depósito em torre, além de outros depósitos, de dimensão muito menor, associados a áreas bibliográficas e documentais específicas e comunicantes com os respectivos espaços de leitura; salas de leitura geral, especial (para deficientes visuais), de periódicos, de reservados, de iconografia , de cartografia / música e de microformas; auditório para conferências, de cena contraposta, com uma lotação de 236 lugares distribuídos por plateia de acentuada pendente, e contando com palco, subpalco, camarins e cabina de projecção; áreas adstritas aos serviços de recepção e catalogação; e oficinas e laboratórios. Quanto aos espaços exteriores a sua concepção aplica os princípios modernistas patentes nas preoucupações de ordem ecológica, selecçionando-se plantas pertencentes à formação vegetal da zona húmida quente onde Lisboa se insere, e no próprio desenho, favorecendo-se o bem estar do visitante, criando-se em frente de todas as fachadas que não a principal, um ambiente de clausura conseguido através da criação de um envolvimento do espaço central por uma cortina arbórea periférica, frente os limites exteriores, que confere privacidade e isolamento sonoro, apelando ao passeio pedonal. Formalizou na década de 60 do século 20 um desiderato de vários gerações de responsáveis pela Biblioteca Nacional, data em que esta instituição cultural passou a dispor de um edifício concebido de raiz e funcionalmente adaptado à sua missão. A sua concepção e construção mobilizou uma equipa vasta de projectistas de diversas especialidades, atendeu a processos de construção e de organização de espaços a partir da avaliação de exemplos estrangeiros, tendo o seu arquitecto - Pardal Monteiro - procedido a uma viagem à Europa antes da elaboração do projecto, e associou a participação de diversos artistas plásticos para a dignificação de alguns dos espaços do edifício. Treze anos de trabalho initerrupto, entre as terraplanagens e a inauguração, e as verbas envolvidas, cerca de 130 000 contos, revelam a modernidade e complexidade construtivas que caracterizam o edifício da Biblioteca, onde a Torre do Depósito - em estrutura integral de betão armado, com capacidade para 2 milhões de livros acondicionados em 10 pisos, todos eles dotados de monta livros e instalação pneumática para recepção de requisições - constitui o elemento mais singular mas não exclusivo. Outra caracteristica particular consiste no design da zona de estar do páteo central exterior, que serve de apoio ao infantário. De desenho altamente vanguardista, este recreio circular, envolvido por murete de suporte servindo por banco, com caixa de areia também circular inscrita neste páteo em posição descentrada mas servindo de ponto de referência para o desenho de várias tiras em várias cores, em calçada portuguêsa, começando no preto para passar ao rosa, ao beje e finalizar no branco, aumentando progressivamente a espessuras das ditas "Tiras", inscrito numa matriz rectangular de planta rectangular, é inédito, único e não pode deixar ninguém indiferente.
O edifício implanta-se ao centro de um terreno de contornos regulares, rodeado por zonas ajardinadas que são cruzadas por arruamentos pedonais calcetados e vias de circulação automóvel alcatroadas. Perímetro exterior delimitado por muro baixo de cantaria com guarda em ferro, à excepção da face que acompanha a fachada principal, cuja guarda é mais baixa e em cantaria. Os acessos ao interior da propriedade localizam-se nos topos N. e S.: são reentrantes em relação à linha murária de protecção e destinam-se preferencialmente à circulação automóvel. Alinhado com a entrada principal do edifício, e ligeiramente descentrado do eixo, encontra-se o portão de acesso pedonal, a que se segue uma " alameda " pontuada por degraus que vencem o ligeiro declive do terreno. O edifício resulta de uma planta composta pela articulação de diversos corpos paralelepipédicos de volumetria, pisos e funcionalidades diferenciados. Todas as coberturas são planas, à excepção da Sala de Leitura, desenhada por duas águas em betão, bem como na disposição de massas predomina a horizontalidade, tão só quebrada pela verticalidade da Torre do Depósito. Organizam a planta quatro volumes nucleares: o que compõe a fachada principal, de planta rectangular, com 4 pisos (incluindo cave), desenvolvido no sentido N.-S. e destinado aos serviços administrativos e a outros espaços de frequência pública; no prolongamento deste corpo, para S., situa-se o edifício do auditório, ligado ao administrativo através de um volume mais baixo e recuado - correspondente ao vestíbulo do auditório -, e que interrompe a continuidade da extensa fachada principal; paralelamente ao corpo da frontaria (a O.) levanta-se a Torre do Depósito, volume compacto, de grande altura (37 m), estreito e comprido ( cerca de 14 m x 93 m), com 10 pisos; comunicante com o depósito e perpendicular a este, eleva-se o volume da Sala da Leitura, localizado na parte posterior do terreno. A articulação do corpo da frontaria com o depósito, faz-se por corpos dispostos em torno de um praça central. Nos terrenos a O., e no limite N. construído, situam-se as instalações das oficinas e tipografia: relativamente descentradas do conjunto, embora comunicantes com ele, dispõem-se estas instalações numa planta U aberta para O., com dois pisos, oferecendo-se o alçado S. à zona ajardinada que acompanha a fachada lateral da Sala de Leitura. O tratamento das fachadas, apesar de distinto, apresenta elementos comuns: embasamento de cantaria; panos rebocados e pintados, sobre os quais se rasgam vãos rectos inscritos em molduras que definem nos paramentos a área de fenestração, alternando aberturas que se sucedem horizontalmente e de modo quase contínuo, com outras onde se privilegia a ordenação vertical, marcada por panos de muro que ignoram a marcação dos pisos (caso da fachada principal); remate superior limitado a friso de cantaria pouco saliente. No que diz respeito ao espaços exteriores existe, frente á fachada principal, um grande relvado que a enquadra paisagisticamente. Este relvado é delimitado a N. e a S por dois arruamentos automóveis acompanhados por passeio que permitem também um acesso pedonal. Estes acessos acompanham e fundem-se na fachada principal do edifício. A N. do primeiro acesso referido e a S. do segundo situam-se, entre o grande relvado e os limites da propriedade nestas direcções, dois parques de estacionamento em espinha, ensombrados por dois alinhamentos de plátanos (Platanus orientalis) em cada parque e, no parque situado N. também um outro alinhamento de pinheiros de várias espécies como o pinheiro de Alepo (Pinus halepensis) e o pinheiro bravo (Pinus pinaster), existindo ainda perto numa placa separarora a presença de pinheiros mansos (Pinus pinea). Este grande relvado situado frente á fachada principal é cortado transversalmente por um caminho pedonal, com cerca de 6 m. de largura, pavimentado a calçada portuguesa em calcário com desenhos rectengulares em basalto, que liga a entrada principal do edifício à Rua Ocidental ao Campo Grande. Como o edifício se encontra a uma cota superior à desta rua, o desnível é vencido por dois lances de escadas separados por um patamar. Ao longo deste caminhos e em posição simétrica em relação ao mesmo, existem vários exemplares notáveis de tílias (Tília cordata), um par logo após a entrada na propriedade, outro no talude do terreno que acompanha o primeiro lançe de escadas e ainda um outro par no talude que acompanha o segundo lance de escadas, contribuindo para amenizar visualmente estes pequenos acidentes de terreno. Ainda plantados no relvado, junto ás entradas laterais na propriedade, localizam-se também simétricamente, dois núcleos com quatro choupos cada, situando-se a poente destes na zona N. vários exemplares arbóreos entre os quais um chorão (Salix babylinica). Um caminho rodoviário alcatroado liga o parque de estacionamento N. ao extremo O. da propriedade. As fachadas posterior e lateral da Sala de Leitura dão para um enorme relvado circundado periféricamente, perto do limite do terreno, por um caminho pedonal. Os canteiros compreendidos entre este caminho e o limite da propriedade são densamente arborizados predominando as oliveiras (Olea europaea), coabitando com outras espécies como o choupo-negro (Populus nigra), conferindo ao caminho uma função de orla, embora de quando em quando existam oliveiras na berma nascente do caminho.Encontramos ainda neste espaço alguns arbustos como: aloés (Aloe vera), folhados (viburnun tinus) e pitosporos ((Pitosporo undulatum). Este caminho periférico, comunica com o parque de estacionamento S. A grande altura da parede exterior da sala de leitura è atenuada pela presença de um alinhamento de 6 exemplares notáveis de seis cedros-do-Bussaco (Cupressus lusitanica) e as vistas das janelas da sua fachada S. enriquecidas pela presençade um roseiral. Na zona do relvado situada em frente ao extremo S. do edifício encontram-se plantados, em linhas, 18 jacarandás (Jacaranda ovalifolia), ainda muito jovens.
Materiais
Vegetais - árvores: plátanos (Platanus orientalis), pinheiros de várias espécies como o pinheiro-de -alepo (Pinus halepensis) e o pinheiro bravo (Pinus pinaster), tílias (Tília cordata), chorão (Salix babylinica), oliveiras (Olea europaea), choupo-negro (Populus nigra, ). cedros-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), jacarandás (Jacaranda ovalifolia). Arbustos: aloés (Aloe vera), folhados (viburnun tinus) e pitosporos ((Pitosporo undulatum), rosas (rosa-canina. Spp).
Observações
EM ESTUDO * Levantamento efectuado em 1975 (ver DGEMN: DSEP/DNISP, desenho n.º 66589 ("Planta Geral - confrontações, áreas do recinto e do edifício", Esc: 1/500, 27 Nov. 1975); *1 - DOF: "Edifício da Biblioteca Nacional e jardins envolventes, incluindo o património integrado."