Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Teatro de São Luís

Teatro de São Luís

O ponto de interesse Teatro de São Luís encontra-se localizado na freguesia de Santa Maria Maior no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura cultural e recreativa, ecléctica. Teatro do fim do séc. 19, reconstruído em 1915, dotado posteriormente com equipamento cinematográfico e que beneficia de profundas obras no fim do séc. 20. De cena contraposta e planta em ferradura, conta com fosso de orquestra, palco com 11m de largura, 12 m de profundidade e 21, 5 m de altura, dispondo de teia, falsa-teia e dois sub-palcos. Tem uma lotação de 738 lugares distribuídos por plateia, frisas, balcão e camarotes de 1ª e 2ª ordens.

Edifício de planta rectangular composta, desenvolvida longitudinalmente e dispondo de duas frentes alinhadas com as respectivas artérias urbanas. Para N. o edifício é prolongado por um corpo também de configuração rectangular, embora mais estreito, correspondente ao Jardim de Inverno: volume fundamental na composição da fachada posterior (E.), resta imerso entre as construções urbanas que o rodeiam, às quais está adossado (N. e O.). O edifício tem cobertura em telhado e acusa exteriormente os seus espaços nucleares, percepcionados sobretudo por uma composição diferenciada dos distintos corpos ou panos: a zona do palco; a sala propriamente considerada; e o Jardim coberto. FACHADA PRINCIPAL: superfície rebocada e pintada, ritmada por molduramentos distendidos pela fachada que é percorrida superiormente por um friso ornado de medalhões. Nos topos sobressaem o corpo da caixa do palco, mais elevado, e o corpo onde se localizam a entrada, "foyer" e escadas de acesso aos camarotes e balcões; entre estes dois, a parte relativa à sala. À verticalidade e volume compacto da caixa do palco e camarins, de decoração discreta - resumida a molduramentos verticais de linhas rectas a acompanhar a fenestração estreita -, opõe-se o corpo da entrada, aquele onde a decoração é mais apurada, tanto no desenho (linhas curvas e formas torneadas) como nos materiais (cantarias e ferro). Enquadrado por duas pilastras, que rompem o friso, este corpo é rematado por um frontão volutado interrompido, crescendo sobre a empena recta, sendo completado, já sobre a cobertura saliente que protege a entrada, pela balaustrada do amplo janelão em arco pleno com caixilharia de ferro ornamentada. O último piso, entre o janelão e o frontão, é iluminado por 3 vãos estreitos de verga arqueada, sendo o central bipartido, e apresentando colunas de capitel decorado embutidas nas ombreiras, à excepção da que divide o vão geminado. O pano correspondente à sala tem um desenvolvimento horizontal, reforçado pela ampla sacada que, sobre as portas de comunicação directa da rua com a sala, se estende entre o janelão e a caixa do palco / primeiros pisos dos camarins acima do nível térreo: além da fenestração (2 fiadas de cinco janelas) e dos 4 molduramentos verticais que subdividem o pano, destaca-se a decoração floral da consola. FACHADA POSTERIOR: é essencialmente dominada pelas escadas exteriores em ferro, num jogo desencontrado de lanços e patamares, sustentados por colunas ou consolas, que ligam cada um dos pisos (3) da sala (balcões, camarotes e geral) ao Largo do Picadeiro, dispondo também a zona do palco / camarins de uma ligação directa. Nesta fachada sobressai naturalmente a extensa cobertura envidraçada do antigo Jardim de Inverno (corpo a N.). INTERIOR - auditório principal: configurado por dois espaços independentes ligados pela boca de cena, sendo a relação do palco com a zona do público de cena contraposta, para uma sala de planta em ferradura que conta com fosso de orquestra a permitir um prolongamento da plateia. Tem uma lotação de 738 lugares distribuídos por plateia (324), frisas (56), balcão e camarotes de 1ª e 2ª ordens (respectivamente 56+91 e 147+64). A sala é coroada pelas galerias usadas, não pelo público, mas para instalação de equipamento de iluminação cénica. Dispõe de camarote real. Plateia com pendente de 2,5%, de coxias longitudinais central e laterais, além das transversais (de boca e fundo), com cadeiras fixas (à excepção da 1ª fila) de madeira forradas a tecido bordeaux. O pavimento, bem como as paredes da sala, são de madeira ganhando especial destaque na decoração geral da sala as guardas dos balcões, em ferro forjado, as sanefas em talha dourada dos camarotes e a pintura do tecto, figurativa. O palco, com uma largura de 11 m, uma profundidade de 12 m e uma altura de 21,5 m, dispõe de coxias direita, esquerda e de fundo, tem paredes de cor preta, soalho de madeira, pendente de 2,5 % e quarteladas . O acesso de carga faz-se directamente da rua ao palco, garantido por uma plataforma elevatória que vence um desnível de 2m. A caixa de palco dispõe de 3 varandas em ferro, de teia (a 22,5 m do piso do palco) e falsa teia e de dois sub-palcos.

Materiais

Betão, alvenarias, madeira, ferro, vidro, telha e estuques.

Observações

*1- Aguardamos a conclusão das obras agora iniciadas para se proceder ao estudo do interior. *2- O projecto de reconstrução não está assinado, nem em nenhum outro documento constante do processo se encontra o nome de Tertuliano Lacerda Marques, arquitecto dado como autor do projecto por Norberto de Araújo (p.13). Esta informação surge sem grandes dúvidas em outras obras. *3 - Entre estes lugares contam-se o Teatro Nacional de São Carlos, o Grémio Literário, a Escola de Belas Artes ou o café A Brasileira (v. PT031106270201), além de outros exemplos para um périplo de edifícios que albergavam residências aristocráticas, o exercício do culto católico e comércio variado (lojas, sedes de jornais, livrarias, hóteis, clubes), a maior parte hoje com outra ocupação (excepção das igrejas - Encarnação, Loreto e Mártires), mas em muitos casos mantendo as fachadas ou outros elementos residuais daquela memória (a Livraria Bertrand, os Armazéns Ramiro Leão, o cinema Chiado Terrasse, o Palácio do Barão de Quintela, etc.). *4 - O processo consultado na CML não está completo, terminando o último volume em 1978. Aguardamos que sejam localizados os volumes em falta (Ago.1999).