Edifício residencial, modernista, de 4 pisos para 4 fogos, com platibanda a ocultar a cobertura em tellhado e fachada principal dominada pela definição exterior do corpo de escada - descentrado e envidraçado -, e pelas sacadas de desenho ondulado. No conjunto dos edifícios riscados por Cassiano Branco na década de 30, este conta-se entre os primeiros, revelando-se aqui a experimentação de um dos elementos mais importantes e particulares nos projectos por si posteriormente assinados: a utilização de frisos e molduras na composição dos alçados *2.
Edifício de 4 pisos (incluindo o r/c) para 4 fogos, com uma organização espacial baseada numa planta quadrangular prolongada no lado S. por um corpo que cresce sobre o logradouro, formando-se assim, com a empena do prédio contíguo, um espaço aberto em "U", permitindo melhor iluminação e dispensando o tradicional saguão. A cobertura é em telhado de quatro e "três" águas, oculta no entanto pela platibanda de betão que remata o edifício. Fachada principal (O.): trata-se do alçado mais cuidado, exibindo uma composição que parte do assimetrismo de dois corpos: o correspondente à entrada e vão da escada, de desenvolvimento vertical; e o que respeita à zona de estar da habitação (sala e casa de jantar), de tratamento horizontalizado. Para este efeito concorre uma combinação de linhas e formas contrapostas, especialmente conseguida pela definição do corpo da escada em dois planos, saliência em ângulo agudo com superfícies envidraçadas, no alinhamento da porta e sobre ela projectada, enquanto na zona da habitação domina a modelação ondulada das sacadas (uma por piso). Na composição geral atenda-se ainda aos frisos que delimitam os distintos pisos, bem como às molduras (3 ou 2) apostas na guarda da varanda, nos entre panos dos vãos da escada ou na platibanda, tomando desenho em ângulo, ondulado ou recto. Alçado lateral (S.): pano único, com fenestração regular - 4 vãos por piso, de linhas rectas e molduras simples - enquadrada por frisos contínuos que passam sobre a verga e peitoril das janelas, localizando-se ainda no topo do alçado, prolongado pelo muro do logradouro, o portão de acesso directo a este espaço; Alçado posterior: voltado ao logradouro, conta com o alçado cego do corpo S., sobre o qual se simularam, através de pintura mural, vãos idênticos aos da fachada lateral; as escadas de serviço em ferro localizam-se no topo oposto, junto à fachada recuada, estendendo-se para o interior as superfícies envidraçadas das marquises, prolongamento da zona da cozinha; o alçado lateral do corpo S. voltado ao logradouro é fenestrado.
Materiais
Alvenaria, com estrutura de vigamento em madeira para os pavimentos; telha; ferro, vidro;
Observações
*1 - deste plano de urbanização surgiu a Casa da Moeda (V. PT031106230446), e os quarteirões habitacionais da Avenida António José de Almeida / Avenida Visconde Valmor (a S.) e Avenida Elias Garcia (conhecido por quarteirão Eiffel) (a O.), sem que uma solução planificada similar se impusesse sobre o conjunto construído entre as ruas Eiffel e Filipa de Vilhena, do qual fazia parte uma "vila"; situação que em parte hoje se mantém, figurando a frente urbana constituída pelos n.ºs 1 a 9, exemplo residual de outra escala de construir e modo de habitar, ainda que o n.º9 se saliente pela proposta estética modernista. *2 ADREGO: 1986, no que respeita a este elemento de composição, não só os considera como um "dos mais importantes e particulares das edificações propostas por Cassiano" como afirma aparecerem justamente no prédio da Rua Eiffel.