Arquitectura religiosa, gótica. Igreja paroquial de influência mendicante: de 3 naves, a central, com clerestório, mais alta e separada das colaterais por arcadas de pilares finos e alçado interior de 2 andares, sendo apenas abobadada a capela-mor. A rosácea assemelha-se à do topo do transepto da Sé de Évora e o interior é pouco iluminado. As arquivoltas do portal axial são de tipo arcaico, mas bem modeladas. As representações dos capitéis (tais como os do portal lateral) são ingénuas e grosseiras, mas têm dramatismo. Os capitéis do interior, ainda que repitam elementos surgidos noutros monumentos, aqui atingem a fase de maior naturalismo e perfeição do gótico português. Templo de 3 naves e 4 tramos e capela-mor primática com abóbada de ogivas. Decoração dos capitéis no exterior e interior com deturpação das representações da figura humana; capitéis da nave de rica escultura decorativa, denunciando influências da escola gótica francesa.
De planta longitudinal simples, apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados diferenciados a 1, 2 e 5 águas. Na fachada principal escalonada (a O.), delimitada por cunhais de cantaria e rematada por empena triangular, acentuada por cornija e cruz ao centro, destaca-se inscrito em ressalto rectangular o portal a eixo dotado de 5 arquivoltas sobre colunelos de capitéis historiados com cenas do Antigo e Novo Testamento (símbolos da fecundidade e da tentação, Crucificação de Cristo, as Santas Mulheres, «Daniel na cova dos leões» e 2 Anjos guardiães da igreja) e a encimar rosácea rendilhada. Articulada à fachada a S. sobressai torre sineira quadrada, com arcos de meio ponto, decorada sensivelmente a meio por friso de modilhões em volutas. O acesso ao interior pode ainda ser feito através de duas portas ogivais, a do lado N., mais pequena, de aresta chanfrada com carrancas e conchas de vieiras esculpidas e a do lado S., com carácter mais monumental, inserida em gablete com 3 arquivoltas de arcos quebrados sobre colunas com capitéis decorados com motivos vegetalistas e figuras humanas. INTERIOR com clerestório, as 3 naves de 4 tramos, cobertas por tecto de madeira, são divididas por 8 arcos quebrados chanfrados (4 em cada muro), sobre colunas monolíticas onde assentam capitéis todos diferentes, de cesto alto e bem proporcionados que revelam grande naturalismo: ou as folhas se autonomizam em relevo do corpo do cesto e formam num segundo plano «crochets» em vez das clássicas volutas, ou no caso das folhas de «nenúfar» os capitéis quase destacados da estrutura, são carnudos e envolventes; os panos dos 4 arcos quebrados e chanfrados abrem-se no eixo das respectivas colunas em pequenas janelas geminadas. À entrada e esculpida na nave, pia baptismal octogonal com 3 faces viradas para o centro da igreja, decorada com cruzes inscritas em círculos: cruz pátea, pentagrama e cruz latina; junto à porta lateral S. pia de água benta. Nas naves laterais notam-se 2 arcas tumulares pouco trabalhadas *2. No corpo central encontra-se uma campa armoriada que pertenceu à família Landeiro e que data de 1564. A capela-mor de topo (a E.) prismática e com abóbada de ogivas de grossas nervuras chanfradas sobre mísulas, é reforçada por 6 contrafortes e apresenta bocetes, um dos quais aarmoriado com as armas municipais e com inscrição. Do lado do Evangelho, nicho quadrado emoldurado por torsais com o típico motivo de corda, que serve de sacrário; nos panos de fundo e laterais rasgam-se respectivamente 3 e 1 frestas de 2 lumes. No lado direito da 2ª fresta está gravado na pedra o perfil de D. Lourenço Vicente que olha a cruz de Avis, circundada por 2 circunferências, uma chave e um báculo episcopal.
Materiais
Alvenaria rebocada e cantaria, calcário e betão. Pavimento de pedra
Observações
*1 - o polígono que limita a zona de protecção atinge uma superfície em planta de 25 480 m2, dos quais 22 330 m2 estão abrangidos pela área vedada à construção. *2 - antes das obras de restauro efectuadas pela DGEMN em 1931/35 os túmulos estavam embutidos nas paredes laterais. *3 - teve colegiada com 8 beneficiados e 1 reitor, suportados pelos rendimentos da comenda. *4 - houve ainda um contributo de 1000 contos da campanha dos «200 Voluntários pró Restauro da Igreja do Castelo».