Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Igreja de Santa Maria e São Miguel

Igreja de Santa Maria e São Miguel

O ponto de interesse Igreja de Santa Maria e São Miguel encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel no municipio de Sintra e no distrito de Lisboa.

Arquitectura religiosa, gótica, manuelina e barroca. Igreja paroquial de fundação românica, reconstruída nos períodos gótico, manuelino e barroco, dos quais mantém vestígios estruturais e formais. Da fase gótica é notória a influência mendicante, com o escalonamento das 3 naves; cabeceira de capela única de topo poligonal cntrafortada e encimada por cachorrada decorada, coberta com abóbada de cruzaria e rasgada por frestas, uma delas de dois lumes; na fachada principal permanece marcada a divisão das naves e o portal é enquadrado por gablete, em arquivoltas quebradas assentes em colunelos, sendo internamente mainelado com arcos conopiais manuelinos; o remate é barroco, em frontão volutado e decorado com acantos e concheados; sobre as pilastras e cunhais urnas clacissizantes. Fachadas laterais rasgadas por frestas e portas, a S. em arco conopial envolto por quebrado e a oposta de verga recta sobre 2 cachorros esculturados. Interior de 3 naves definidas por arcaria quebrada sobre colunas de fuste liso e capitéis de decoração vegetalista. Cobertura de madeira na nave e em abóbada de ogiva na capela-mor. Coro-alto sobre arco em asa de cesto entre 2 plenos, com guarda em cantaria de decoração vazada; sub-coro abobadado de polinervura rebaixada Do lado do Evangelho retábulo tardo-barroco. No portal N., o lintel apoia-se em cachorros decorados com carrancas; igualmente decorados são alguns dos cachorros que rematam a ábside. Interiormente, apesar do escalonamento das naves, a central é desprovida de clerestório, e todas unidas pela cobertura única de tecto de madeira de 2 abas. De destacar a pia de água benta sobre uma base esculpida à maneira de troncos podados torsos; uma lápide epigrafada alusiva à instituição da primitiva Capela de Santa Clara e vários azulejos hispano-mouriscos reaproveitados da capela-mor. Peça original é o sino quatrocentista e a respectiva inscrição, gravada em letras capitulares carolino-góticas, idênticas às capitais iluminadas dos códices, que reflecte a propagação do culto mediévico italiano de Santa Águeda e dos seus louvores hagiográficos em Portugal, e é copia, segundo as tradições, da epígrafe gravada no seu sarcófago; São conhecidos outros três sinos com legenda igual: um desaparecido na derrocada das torres sineiras da Sé de Lisboa provocada pelo terramoto de 1755 e conhecido como o "sino do relógio" (v. PT031106520004) , outro na Igreja da Misericórdia de Mora, datado de 1391 (v. PT030707030011), e um outro na extinta Igreja Paroquial de São Pedro de Évora, dos inícios do sé. 16 (v. PT030705210099).

Planta longitudinal, regular, composta por corpo da igreja, rectangular, de 3 naves, e ábside de topo poligonal; do pano da dir. do frontispício eleva-se torre quadrangular e à fachada S. adossa-se transversalmente Sacristia rectangular. Massa horizontalista, exceptuando a torre, de volumes articulados. Coberturas diferenciadas em telhados a 2, 3 e 5 águas e domo sobre a torre. Fachada principal orientada, de três panos divididos por pilastras de cantaria, encimadas por pequenas urnas; ao centro, antecedido por degraus, portal inscrito em gablete de cantaria com abas de terminal ligeiramente curvo; o portal é internamente de duplo vão de arcos conopiais deprimidos apoiados em coluna lisa com capitel coríntio, encimados por tímpano liso, tudo emoldurado por arco quebrado de 3 arquivoltas apoiadas em colunelos lisos de bases quadrangulares, entre as quais surge uma carranca, e capitéis de colchete, os intercolúnios da esq. são decorados com pequenas flores estilizadas e pontas de diamante; sobre o gablete, janela em arco rebaixado com moldura recortada e pedra de fecho saliente; remate em frontão triangular recortado e decorado com volutas nos ângulos inferiores e tímpano, motivos fitomórficos e concheados e uma pequena cartela com a data de 1757; os panos laterais são cegos, rematando-se o da esq. em meia-empena recortada com volutas, motivo que se repete em relevo no pano da dir., aplicado à fachada da torre sineira, que, no 2º registo é vazada em redor por 4 ventanas em arco pleno, assentes em impostas salientes e com pedra de fecho marcada, com sinetas a E. e S. e sino epigrafado a O.; remate em cornija encimada por urnas nos ângulos. Fachada S.: no pano da torre óculo tetralobado e no pano do corpo da igreja portal em arco conopial boleado, com 2 palmas em relevo nas enjuntas, enquadrado por arco quebrado sobre colunas lisas de capitéis vegetalistas estilizados e assentes em plintos altos; no 2º registo 2 frestas; remate em beiral; corpo da Sacristia com cunhais de cantaria: na face O. porta de verga recta encimada por cruz ladeada por 2 janelas estreitas rectangulares de capialços profundos, a S. uma janela rectangular e face E. idêntica à O.; remates em beiral. Ábside: mais baixa, em cantaria marcada por contrafortes de esbarro encimados por gárgulas com carrancas, sendo os 3 panos posteriores vazados por janelas: a central dupla, mainelada, em arco quebrado com óculo no tímpano, e as laterais estreitas em arco pleno de capialços profundos; remate em cornija assente em cachorrada parcialmente decorada. Fachada posterior do corpo da igreja: vazada superiormente por óculo e 2 pequenas frestas; remate em empena encimada por cruz. Fachada N.: pano do corpo da igreja desnivelado, a que se encostam 2 lanços de degraus, um deles de acesso ao portal de verga recta, com intradorso biselado e lintel assente lateralmente em 2 cachorros esculpidos com rostos humanos; no 2º registo 3 frestas; remate em beiral. INTERIOR: 3 naves escalonadas, separadas por arcadas de 4 arcos quebrados assentes em colunas de fuste liso e capitéis vegetalistas estilizados, todos diferentes, e, nos tramos extremos, apoiados em mísulas; a O. coro-alto a toda a largura da igreja, com varandim de cantaria vazado por quadrilóbulos, assente num arco de asa de cesto na nave central e plenos nas laterais que se elevam de grossos pilares rectangulares e pilastras facetadas, a delimitar e a apoiar a cobertura do sub-coro em abóbada polinervada rebaixada com bocetes decorados com grutescos, sobre mísulas vegetalistas; do lado do Evangelho o Baptistério, protegido por teia de madeira em ângulo recto a envolver pia com taça de caneluras assente em pé estriado; do lado oposto, adossada ao pilar, pia de água benta de taça gomada sobre supedâneo esculpida à semelhança de 2 troncos podados enroscados, e casa da escada de acesso ao coro e à torre, provida de porta rectangular. Na parede N. retábulo de talha dourada sobre altar de urna e, do lado oposto, um baixo-relevo de Santa Clara rodeada de estrelas e uma lápide epigrafada relativa à fundação da respectiva capela; pavimento lajeado com algumas campas epigrafadas; cobertura em tecto de madeira de 2 abas abrangendo as 3 naves. Arco triunfal quebrado de 2 arquivoltas assentes em colunas embebidas sobre plintos altos, de fustes lisos e capitéis vegetalistas (truncados); sobre o arco um óculo. Capela-mor de 2 tramos, o 1º rectangular e o 2º poligonal, com cobertura em abóbada de nervuras com "pseudo-cadeia longitudinal" marcada em friso com motivo zigue-zague, e com bocetes de rosetão, assente em colunas embebidas, colunelos e mísulas de decoração vegetalista em baixo relevo; junto à parede fundeira, pequeno altar revestido a azulejo de aresta e, ao centro, ara de altar sobre dois pilares; na parede S. porta em arco quebrado de acesso à Sacristia, cujo interior possui várias pedras sigladas.

Materiais

Cantarias de calcário (lioz e "azul" de Sintra), lavenaria mista rebocada, madeira, azulejos, vidro, telha.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta da Igreja de Santa Maria e do Castelo dos Mouros, retomando, no caso da primeira, o antigo perímetro de 1946. *2 - esta legenda foi copiada, segundo a tradição, da gravada no túmulo de Santa Águeda (mártir siciliana do séc. 3) passou depois para os antifonários medievais que a cantavam, em louvor da santa, no dia 5 de Fevereiro. No cartório da igreja ainda se conserva um antifonário, que pertenceu à colegiada de Santa Maria, onde se pode encontrar a frase em cantochão. *3 - foram definidos três tipos diferentes, com datações entre os meados da 1ª dinastia, as mais antigas escavadas na rocha, o séc. 15 / início do séc. 16, constituídas por sarcófagos de pedra, e os meados do séc. 18, constituídas por simples caixas, formadas por várias lajes mais ou menos irregulares; do espólio recolhido, e actualmente no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, destacam-se os fragmentos cerâmicos medievais e pós-medievais, a vasta colecção de numismática, abrangendo do séc. 12 até ao séc. 18, e objectos religiosos de grande interesse.