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Forte das Velas

Forte das Velas

O ponto de interesse Forte das Velas encontra-se localizado na freguesia de Alcabideche no municipio de Cascais e no distrito de Lisboa.

Forte marítimo construído no séc. 17, após a Restauração, integrando-se na linha defensiva da Barra do Tejo, construída no reinado de D. João IV, seguindo a tipologia das pequenas fortificações costeiras, e reformado no séc. 18 e 19. Apresenta planta retangular irregular, composta por bateria retangular, virada ao mar, e, no lado oposto, por corpo do aquartelamento, também retangular, mas mais estreita, inicialmente com três compartimentos. Tem paramentos aprumados ou com ligeiro talude, na bateria virada ao mar, com remate em parapeito liso, a da bateria inicialmente a barbete e com capacidade para sete peças de artilharia mas que, em 1831, foi alterado para merlões e canhoneiras, acrescentando-se também no séc. 19, nos ângulos do corpo dos compartimentos, quatro guaritas, atualmente inexistentes. Na frente nascente tem portal central, em arco de volta perfeita, encimado por lápide e brasão com as armas reais. Entre 1793 e 1796, o forte é profundamente remodelado na zona do aquartelamento, já que os dois compartimentos laterais são reduzidos para ampliar o compartimento intermédio e de distribuição espacial, que é transformado em amplo pátio descoberto, tendo-se possivelmente também alterado o portal de acesso. Na mesma data, procede-se ainda à ampliação da cisterna integrada no pavimento do compartimento central, que passa a ter planta retangular, e à alteração da escada do pátio para a bateria, que passam a convergentes. Do topo sul da bateria parte escada para a plataforma a cavaleiro, sobre os compartimentos laterais, interligada na frente virada a terra, destinada a tiro a fuzil. No interior, os compartimentos são cobertos por abóbada de berço e o do quartel possui lareira. No final do século 18 construiu-se ainda um parapeito, delimitando o forte do lado do mar, e um caminho pavimentado, ainda hoje subsistente, bem como um grosso paredão até quase ao nível do mar, para consolidar as rochas sobre as quais a fortificação fora edificada. O forte cruzava fogo com a Bateria da Galé (v. IPA.00012698).

Planta retangular, composta por bateria retangular, virada ao mar e, no lado oposto, por corpo mais estreito, formado por dois compartimentos flanqueando amplo pátio retangular, descoberto. Massa de disposição horizontal, com compartimentos laterais cobertos em telhados ligeiramente inclinados, de duas águas, revestidos a lajes de cantaria. Paramentos aprumados ou em talude ligeiro na bateria virada ao mar, em alvenaria de pedra aparente, com cunhais em cantaria e remate em parapeito liso, ou em merlões e canhoneiras na bateria. Na frente nascente, virada a terra, abre-se porta central, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, encimada por friso e três silhares de cantaria, sobrepostas por brasão com as armas reais. Na frente norte, entre os dois corpos, surge sobrelevado pequeno corpo retangular, correspondente a uma latrina. INTERIOR: o portal acede a pátio, com o paramento nascente marcado por três arcos sobre pilares, o central abatido e os laterais de volta perfeita, com parte do pavimento em lajes de cantaria, integrando descentrado a boca da cisterna, que é retangular. Nos paramentos laterais, abre-se porta central, em arco, de acesso aos compartimentos, rebocados e pintados, com pavimento cerâmico e cobertura em abóbada de berço, um deles possuindo lareira. Ao paramento poente do pátio, adossam-se escadas convergentes, de cantaria, para a bateria, revestida a lajes de cantaria. A partir desta, desenvolve-se, a sul, rampa de ligação à bateria a cavaleiro sobre os dois compartimentos, para defesa a fuzil, interligados na frente nascente e protegida por parapeito liso. No ângulo norte tem porta para o pequeno cubículo da antiga latrina.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário, aparente ou rebocada e pintada; cunhais, moldura dos vãos, pilastras, brasão, pavimento do pátio, bateria e revestimento da cobertura dos compartimentos em lajes de cantaria calcária; pavimento cerâmico nos compartimentos.

Observações

*1 - As condições para o arrendamento, assinadas pelo tenente de engenharia António Marques Paixão, eram: 1) o arrendamento seria por 9 anos a contar da data do respetivo contrato, podendo ser prorrogado sucessivamente por prazos iguais, se convir às duas partes contratantes; 2) a renda anual seria de 10$000 pagos adiantadamente numa só prestação no mês de janeiro de cada ano; 3) o arrendatário não poderia demolir coisa alguma das construções ali existentes. Por outro lado, o arrendatário poderia adicionar algumas construções às existentes, uma vez que o Comando Geral de Engenharia, depois de apreciar os projetos que previamente lhe fossem apresentados pelo arrendatário e reconhecer que tais construções não ofereciam inconveniente para o forte, dê a autorização respetiva; o arrendatário obrigar-se-ia a entregar o forte em qualquer época do arrendamento sem direito a indemnização pelas benfeitorias realizadas, se, por motivo de defesa do país, for necessário ocupar o mesmo forte; o arrendatário não querendo servir-se da cisterna, poderia fechar todas as entradas de águas das chuvas, conservando porém completamente livre todo o espaço interior. *2 - Em 1927, as paredes e muralhas do forte já não apresentam rebocos e as escadas estão a desmoronar-se, pelo que se previa que, dentro de pouco tempo, o imóvel seria um montão de ruínas. Não tem edifícios nem condições algumas de habitabilidade. As suas entradas já não têm porta e tendo sido colocado uma tampa na pequena cisterna existente junto à entrada, e do lado interior essa mesma tampa desapareceu devido ao vandalismo. As reparações urgentes importam são avaliadas em cerca de 20.000$00, considerando-se que as despesas não eram compensadas pelas diminutas rendas que o prédio militar dava. *3 - O forte é descrito como sendo uma bateria marítima, constando de uma bateria baixa, retangular, tendo quatro canhoneiras na face principal, voltada ao mar e uma no flanco que olha ao norte, e duas baterias mais elevadas, recuadas em relação à anterior, assentes sobre as abóbadas de duas casas que constituem os quartéis; no pátio, para onde dão duas casas, tem uma cisterna. A bateria baixa é cercada por uma linha de fuzilaria que assenta em muro que desce até à água na face oeste. Em documentação de data sensivelmente anterior, informa-se que o forte não tem terreno de serventia, uma vez que os marcos do Ministério da Guerra estão junto ao edifício e os terrenos que o cercam, na época em poder da Sociedade da Marinha, eram considerados pelo povo como logradouro público. No entanto, era do conhecimento geral que os marcos teriam sido deslocados, conforme atestar o seu arrendatário João Filipe da Silva Nascimento e o oficial da Marinha, comandante Nunes Riveiro.