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Forte de Santa Marta

Forte de Santa Marta

O ponto de interesse Forte de Santa Marta encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Cascais e Estoril no municipio de Cascais e no distrito de Lisboa.

Forte construído no séc. 17, após a Restauração, quando o Conde de Cantanhede era Governador das Armas de Cascais, incluindo-se na linha defensiva da Barra do Tejo. Apresenta planta poligonal irregular, de pequenas dimensões, composta por plataforma retangular, tipo bateria, sobrelevada e virada ao mar, de paramentos aprumados, rematados por parapeito com merlões e canhoneiras, e corpos dos aquartelamentos na retaguarda, fechados por alto muro, onde se rasga portal de verga recta encimado por lápide e brasão, criando pátio intermédio, e por uma cortina de traçado em cremalheira irregular, construída no seu prolongamento, de paramentos aprumados e rematados em parapeito liso ou com merlões e canhoneiras. No ângulo da plataforma possui farol oitocentista de planta quadrangular e corpo prismático, exteriormente revestido a azulejos. Forte construído em meados do séc. 17, mas um pouco mais tardio do que a maioria dos fortes da costa de Cascais, uma vez que não surge mencionado na "Relação dos Fortes de Cascais" datada de 1646. Numa planta do arquitecto Mateus do Couto, de 1663, o forte surge representado com a bateria e edifício do quartel, paiol e outros adossados na face interna ou externa, de modo avançado, ao muro do pátio, onde se rasgava o portal, bem como tendo a partir do cunhal E. do forte a cortina exterior em cremalheira, lajeado ao longo da face interna. Contudo, no livro As fortificações marítimas da costa de Cascais, refere-se que essa cortina exterior foi construída nas obras de 1762 / 1763 (p. 152). Ao que parece, inicialmente a plataforma era uma barbeta, com parapeitos lisos, sobre a qual se disparava à barla, e só mais tarde se rasgaram as canhoneiras, passando a designar-se de bateria. Em 1793, sob orientação do Coronel de Engenharia Romão José do Rego, procedeu-se à ampliação da bateria para E., passando a ter planta em L, com dois parapeitos de dimensões aproximadas, e dos aquartelamentos, reduzindo o recinto interior descoberto. No séc. 20, as instalações foram adaptadas a residência e zonas de apoio aos faroleiros, ainda assim, o núcleo mais antigo não viu a sua planimetria muito alterada relativamente à planta de Mateus do Couto. O farol foi construído entre 1866 / 1867, com projecto do arquitecto Francisco Pereira da Silva, tendo-se alteado a torre em 1936. As fachadas são revestidas a azulejos monocromos brancos e azuis, formando faixas alternadas.

Fortificação de planta poligonal irregular, composta por plataforma rectangular, tipo bateria, integrando sobre o cunhal E. farol, por cortina de traçado em cremalheira irregular disposta no cunhal NE. e que se estende pela ribeira dos Mochos, e, no ângulo oposto, por alto muro de perfil posterior recto tendo adossado frontalmente dependências poligonais, criando pátio intermédio, no final do qual se dispõem três corpos mais antigos. Volumes articulados de tendência horizontal, os corpos modernos pintadas de branco e de coberturas planas, e os três corpos mais antigos revestidos a azulejos monocromos brancos e coberturas inclinadas, de duas ou quatro águas; o farol é de tendência vertical. Os paramentos da plataforma e cortina são aprumados, rebocados e pintados de branco, com pátio intermédio, ou uma bateria baixa, pavimentada a lajes de cantaria, acedido por portão em ferro. A cortina virada à ribeira dos Mochos possui remate em parapeito, dois troços com merlões e canhoneiras, estas com capeamento a cantaria, e o troço intermédio com parapeito liso. O muro disposto frontalmente, denominado "edifício-muro", tem adossados quatro corpos poligonais, com limite definido por eixo visual desde o vértice dos antigos alojamentos até ao portão de entrada; os corpos, que albergam um gabinete, um bar, instalações sanitárias e arrumos, são rasgados individualmente por portas de verga recta com perfis em aço. No topo da bateria baixa surge muro alto perpendicular, rasgado sensivelmente ao centro por portal de verga recta, moldurado, encimado por lápide, de ângulos curvos, com inscrição picada, sobrepujada por brasão nacional e coroa. À direita do portal, dispõe-se avançado corpo rectangular dos antigos alojamentos, rasgado a NO. por três janelas rectilíneas e a SE. por porta de verga recta, moldurada. Passando o portal, desenvolve-se pequeno pátio intermédio, erguendo-se à esquerda, adossado ao muro, corpo rectangular dos antigos quartéis, de volume seccionado em dois, e fachada SO., com embasamento de cantaria e rasgada por portal de verga recta, moldurada; em frente possui um outro corpo rectangular, tendo na fachada NO. embasamento de cantaria, cunhais de cantaria, integrando capitéis, e é rasgada por portal de verga recta entre duas janelas rectilíneas, molduradas. Entre este corpo e o muro SO. existe escada de acesso à bateria que se encontra num nível mais elevado; a bateria tem remate em parapeito de merlões e canhoneiras a SE. e NE. Interiormente, estes três corpos mais antigos são revestidos a placas, pintadas de preto e pavimento de madeira também pintado de preto, e constituem espaços museológicos. FAROL com torre de planta quadrangular e corpo levemente prismático, com fachadas de cunhais em falsos perpianhos e revestidas a azulejos monocromos brancos e azuis, estes formando duas faixas intermédias; é percorrido superiormente por varandim saliente, em lajes de betão, com guarda em ferro, pintada de vermelho, e rematada por um outro varandim, assente em dupla laje de betão, igualmente com varandim em ferro, pintada de vermelho. No topo ergue-se a lanterna, com estrutura metálica pintada de vermelho, envidraçada, e cúpula coroada por pára-raios e catavento. Fachada principal virada a SO., rasgada por porta de verga recta, moldurada, e três frestas, com moldura alteada ao centro; fachada oposta rasgada por quatro frestas semelhantes, a lateral esquerda por uma ao nível do varandim e a oposta pela porta de acesso ao mesmo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e com azulejos monocromos beges, de padrão fitomórfico relevado, formando silhar, sobre rodapé com azulejos monocromos pretos; os azulejos revestem igualmente, total ou parcialmente o capialço das frestas. Vestíbulo com pavimento cerâmico de padrão geométrico em tons preto, cinzento e branco. A partir deste, desenvolve-se à volta da torre escada de cantaria e com guarda em ferro, de motivos volutados estilizados, pintada de cinzento, com bomba central. No topo, o piso ao nível do varandim separa-se da escada por porta de madeira envidraçada, pintada de branco, e possui pavimento igual ao do vestíbulo. Junto à porta para o varandim, desenvolve-se escada em ferro até ao aparelho óptico, vedado por grade.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; molduras dos vãos, escadas do faro e outros elementos em calcário de lioz; fachadas do farol revestidas a azulejos monocromos da fábrica Viúva Lamego e de chacota manual tipo; novos corpos com lajes de betão armado; soalho de pinho americano; tectos falsos em placa de gesso cartonado; caixilharias e portas em perfil de aço.

Observações

*1 - Este roteiro descreve a estrutura do farol e o espaço envolvente: "Pharol de Santa Marta - Próximo da ponta Salmodo, no ângulo sueste do antigo forte de Santa Martha, está a torre quadrada do pharol, pintada de branco, tendo a meia altura uma faixa azul. (...) A sua altura sobre o mar é de 18 metros e de 12 metros acima do terreno. (...) A oeste do pharol existem os jardins da casa de habitação do Conde dos Olivaes e penha longa, pintada actualmente de cinzento escuro. A nor-nordeste do pharol está situada a fortaleza de Cascaes, conhecida pelo nome de Cidadella e entre esta e o fortim de Santa Martha existe uma pequena praia na qual se pode desenbarcar em boas circunstâncias de tempo, onde desemboca a Ribeira do Mocho". *2 - Tinha luz fixa vermelha e o seu alcance luminoso era de 8 milhas. Na memória descritiva que acompanha o orçamento geral da obra, datada de 11 de Maio desse ano, o "apparelho luminoso" encontrava-se há "muitos anos por montar", permanecendo encaixotado no armazém do farol, estando em funcionamento duas luzes, "ambas provisoriamente, numa das janelas da torre, a luz do porto e a outra dando enfiamento Marta-Guia". Acrescenta-se, depois, que o aparelho "seria montado na actual torre, soffrendo esta as modificações convenientes". No decurso dos trabalhos de construção recorreu-se a uma luz provisória, montada num cavalete de madeira. *3 - De acordo com o projecto elaborado pelo engenheiro J. Nunes de Almeida, a torre do farol foi acrescentada 8 metros sobre o plano existente, ficando com a altura total de 17 metros, de modo a distinguir-se das novas construções que se erguiam nas proximidades e que dificultavam a navegação que saia da barra Norte, principalmente durante a tarde. As novas paredes, que cresceram sobre as antigas, foram "consolidadas por um esqueleto de cimento armado formado por quatro colunas e quatro cintas ligadas entre si", rematando-se os cunhais com cantaria. A escada nova era também de cantaria, "com a mesma disposição da anterior". A plataforma onde assentou a lanterna, "bem como o pavimento da câmara", foram feitos em "cimento armado em lajes de 10cm de grosso", construindo-se uma varanda em volta da torre e na altura do pavimento da câmara, prolongando-se a laje para fora das paredes. Houve alguns percalços como o cálculo incorrecto da altura a que se devia colocar o aparelho óptico, o que obrigou à correcção da plataforma de apoio, e a situação, não prevista inicialmente, de colocar uma "2ª facha azul" no paramento da torre, recorrendo-se então à solução, "para não ter de se arrancar o azulejo já assente", e ainda pela demora que haveria em obter azulejo azul que não existe feito no mercado "nas dimensões da chapa empregada", de pintar a faixa azul "com tinta de óleo sobre o azulejo branco, previamente cilicatado para garantia de melhor aderência". Os últimos trabalhos foram a "consolidação das fundações", com a elevação de três contrafortes, e a "construção da porta" que dava acesso ao farol, cuja colocação finalizou simbolicamente o fim das obras. *4 - O corpo da torre do farol mantém a estrutura original, tendo-se procedido, a partir do piso da câmara de serviço, ao desmonte da abobadagem pré-existente para construir a plataforma na qual assentaria a lanterna metálica. Assim, o novo farol apresenta uma torre com 9 metros de altura, e a lanterna que lhe foi justaposta cerca de 4. Um pequeno varandim rematava a torre. No interior, subia-se até à câmara de serviço por uma escada de pedra de nove lances e depois por uma escada metálica até ao aparelho óptico. Porta, janelas e o revestimento de azulejos das paredes exteriores (azulejo branco, com uma faixa horizontal azul, a meio) e interiores. A luz do novo farol continuou a ser vermelha, fixa, com um alcance de 65 milhas, visível, pelo lado norte, num ângulo de 233º a 98º. *5 - A denominação do forte adveio da sua proximidade da ermida de Santa Marta.