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Núcleo urbano da cidade Covilhã

Núcleo urbano da cidade Covilhã

O ponto de interesse Núcleo urbano da cidade Covilhã encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Covilhã e Canhoso no municipio de Covilhã e no distrito de Castelo Branco.

Núcleo urbano sede municipal. Cidade situada em encosta. Vila medieval com castelo e cerca urbana. Traçado urbano com características marcadas pela implantação em encosta, assente numa estrutura viária irregular, dita orgânica ou espontânea. Não tendo passado por processos marcantes de reordenamento da malha urbana, manteve os elementos principais caracterizadores das urbes intramuros do início da nacionalidade. Os espaços públicos são praticamente inexistentes, excepção feita a pequenos largos que se abrem anexos aos eixos principais, característica reveladora da persistência do traçado dos séculos 12 e 13. À semelhança de outros traçados desta época a igreja matriz - a única existente no intramuros - localiza-se a meio do principal percurso que liga a Porta da Vila ao Castelo, fronteira a um largo que se abre adjacente à rua. Na Covilhã, tal como sucedeu em Silves, os Paços do Concelho setecentistas foram construídos junto da porta da Vila mas voltados ao exterior tendo o largo do Pelourinho ocupado o Rossio exterior à muralha. Do edificado destacam-se dois tipos de referência da arquitectura residencial implantada em lote estreito: a casa multifamiliar e a casa corrente de 2 e 3 pisos, com e sem loja. Sede municipal. Um dos principais aglomerados urbanos do interior norte do país, hoje cidade universitária e principal acesso ao ponto mais alto de Portugal - a Torre - situando-se no flanco oriental desta. Cidade com forte cultura operária é ainda um dos principais centros europeus de lanifícios tendo vindo a assumir uma actividade económica regular nos últimos oito séculos, primeiro como manufactura, depois como indústria. Desde muito cedo o trabalho com lanifícios começou a marcar a vida da população tendo a carta de foral aberto caminho para a implantação de várias manufacturas assim como a existência de meios naturais de fornecimento de energia hidráulica - ribeiras da Carpinteira e da Degoldra. São ainda visíveis hoje em dia alguns dos edifícios das antigas fábricas como é o caso da Fábrica-Escola fundada pelo Conde da Ericeira e a Real Fábrica dos Panos criada pelo Marquês de Pombal, sendo esta última actualmente um dos polos da Universidade da Beira Interior. A par do crescimento industrial, desenvolveu-se também o sector da agricultura, pastorícia e fruticultura. A cidade esteve também intimamente ligada às Descobertas; através da figura de Pêro da Covilhã, explorador na costa oriental de África e no ocidente da Índia, colaborou na preparação de viagens de Vasco da Gama à Índia, e ao avanço da ciência, de que é exemplo o trabalho de Rui Faleiro, cosmógrafo, organizador da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.

Núcleo muralhado de matriz medieval, com formato aproximado ao quadrangular, de cuja cintura fortificada permanecem hoje visíveis apenas alguns troços e vestígios das suas cinco portas: a Porta da Vila, anteriormente aberta sobre a Praça do Município (antiga Praça do Pelourinho); a Porta do Sol, situada a S. do núcleo intramuros; a Porta de São Vicente, junto à R. de Olivença, a Porta do Castelo, a O. e a Porta de Altravelho, a N., na proximidade da Rua do Norte. Dos troços remanescentes destacam-se os panos de muralha visíveis na Rua do Norte; na Rua António Augusto Aguiar - onde se localizava a Porta do Sol; na Rua Cristóvão de Castro; na zona da Porta do Castelo, no topo da Rua Capitão João de Almeida, encontram-se também alguns troços interrompidos de muralha integrados num pequeno núcleo de instalações fabris, hoje em ruína. Traçado urbano orgânico, de crescimento espontâneo cujo núcleo fundacional se encontra no local mais elevado onde anteriormente se encontrava implantado o Castelo, estende-se nas vertentes NE. e SE. com ruas que desenham quarteirões de tamanhos e formas irregulares como resultado da adaptação das construções à topografia acidentada do terreno. Característica a realçar é a dimensão dos logradouros interiores dos quarteirões, situação resultante da pouca densidade construtiva. Desde o séc. 16 que se verifica o gradual abandono do intramuros, em detrimento do crescimento dos arrabaldes da Vila. Identifica-se na estrutura urbana a existência demarcada de um eixo N./S., no meio do qual se localiza a Igreja de Santa Maria Maior (a igreja matriz da Covilhã, v. PT020503170037), formado pela Rua da Senhora da Paciência, complementado pela Rua da Assunção, passando pelo Largo de Santa Maria e descendo na direcção de uma das portas da muralha, a de Olivença, atravessando a Rua de Olivença. Este eixo fundamental é complementado pela Rua das Portas do Sol em direcção à Porta do Sol. No sentido E./O., e devido ao relevo, o eixo não se encontra tão demarcado no terreno; de qualquer forma existe um percurso de atravessamento do núcleo que ligaria a Porta da Vila à Porta do Castelo através da Rua 1º de Dezembro (antiga Rua da Praça da Igreja de Santa Maria), passando pela Rua Alexandre Herculano (antiga Calçada de Santa Maria). Este eixo é complementado pela Rua do Jornal de Notícias da Covilhã (antiga Rua de Santa Maria). Seguindo pela Travessa de Santa Maria ou Travessa do Castelo e subindo pelas Escadinhas do Castelo, junto ao antigo Estendedouro de Lãs (v. PT020503170238) e Beco do Castelo acede-se à zona do antigo castelo e da porta com o mesmo nome. Sendo um dos eixos principais da vila o formado pela Rua Alexandre Herculano e Rua 1º de Dezembro, é nele que se localizam os imóveis de utilização não residencial e as residências abastadas, destacando-se alguns dos edifícios mais significativos do intramuros: a Cisterna situada no início da Rua 1º de Dezembro (v. PT020503170010), a Casa dos Magistrados igualmente na Rua 1º de Dezembro (v. PT020503170020), a Igreja de Santa Maria Maior (v. PT020503170037), a Casa das Morgadas na Rua Alexandre Herculano (v. PT020503170008), a Casa na Rua Alexandre Herculano, nº 15-17 (v. PT020503170055) e a Casa Senhorial na Rua do Jornal de Notícias da Covilhã (v. 020503170293). Estes dois eixos, em cujo cruzamento se localiza a Igreja de Santa Maria Maior e o respectivo largo de dimensões muito reduzidas, dividem o núcleo em quatro quadrantes. A zona O. do eixo N./S. do conjunto caracteriza-se por uma maior heterogeneidade do traçado identificando-se diferenças de implantação dos edifícios a N. e a S. do eixo formado pela Rua José Espiga / Rua do Jornal de Notícias da Covilhã. Na zona a N. predominam os espaços não edificados, desenhando quarteirões com logradouros de grandes dimensões. De referir ainda o alargamento da Rua Pedro Álvares Cabral (antiga Rua dos Hermínios), que anteriormente estaria ligada a um dos postigos da muralha. A par desta situação, outros alargamentos de vias se verificaram dentro do núcleo, fruto de intervenções ocorridas durante a 2ª metade do séc. 20; exemplo dessa situação é o troço N. da Rua da Senhora da Paciência e um troço da Rua das Portas do Sol onde para além da redefinição da largura das ruas existiram também alterações na cércea dos edifícios. Na zona a S. a ocupação é mais densa, predominam quarteirões mais pequenos e lotes com frentes de menor largura, estruturados por eixos estreitos e íngremes. A E. do eixo N./S. do conjunto identificam-se duas zonas mais estruturadas, de formato ovalado, sensivelmente simétricas entre si tomando como eixo o formado pelo Largo da Igreja de Santa Maria e a Rua 1º de Dezembro. Nestas duas zonas torna-se clara a adaptação do traçado ao relevo com a abertura de vias circulares de nível: a N. a Rua da Assunção e a Rua dos Bombeiros Voluntários (antiga Rua dos Padres Grainha) e a S. a Rua 1º de Dezembro, Rua 6 de Setembro e Rua das Portas do Sol. No centro de cada uma destas zonas localiza-se um largo - na zona a S. o Largo Dr. Valério de Morais e a N. o Largo da Ramalha - para onde convergem as ruas perpendiculares às circulares exteriores. Ambos os espaços assumem características muito próximas da estrutura da cidade medieval em que o largo se situava frequentemente nas proximidades de uma das portas da muralha. Dos espaços públicos existentes no intramuros identificam-se como estruturantes: o Largo de Santa Maria que enquadra a fachada principal da igreja e apresenta uma planta quadrangular com uma área muito reduzida relativamente à dimensão da igreja e o largo que se abre ao longo da fachada lateral S. da igreja, no final da Rua 1º de Dezembro. Este apresenta uma planta irregular e de maiores dimensões, que complementaria o Largo de Santa Maria na sua função de espaço público principal. No extremo oposto da Rua 1º de Dezembro subsiste um espaço alargado que corresponderia ao largo junto da antiga Porta da Vila. Actualmente é um espaço de circulação dominado pela fachada posterior do edifício da Câmara Municipal, tendo perdido a sua função vital de ligação entre o intramuros e o Rossio/Praça do Pelourinho. A par destes encontram-se diversos largos secundários, de formato variado, desprovidos de quaisquer equipamentos ou espaços verdes. As grandes intervenções do início do séc. 20 vieram a modificar significativamente a face E. da vila com a alteração da Praça do Município. As ruas existentes a N. e a S. da Rua António Augusto Aguiar, onde anteriormente se encontrava o núcleo primitivo de casas dos judeus da Covilhã, e que convergiam para a zona da actual Praça do Município viram a sua configuração alterada com a construção dos actuais Paços do Concelho. No interior do núcleo intramuros podem identificam-se dois tipos de referência da arquitectura residencial corrente: a casa multifamiliar de lote estreito e a casa corrente de 2 e 3 pisos, com e sem loja também implantada em lote estreito. Este tipo de construção encontra-se concentrado na Rua Alexandre Herculano e nos quarteirões a S. deste eixo, nomeadamente na Rua do Cotovelo, na Rua do Jardim e na Rua das Portas do Sol. A construção corrente é predominantemente em alvenaria de pedra ordinária com cobertura em telha de canudo nas construções até ao séc. 18. Ainda no séc. 18 e a partir do séc. 19 surgem os edifícios com o 3º piso com estrutura de madeira e taipa de fasquio*2. O revestimento das empenas com placas de ardósia ou chapa e os beirados muito salientes, rematados com aba corrida de madeira surgem como protecção para a neve e a chuva mais frequentes, assim como as coberturas de inclinação acentuada, que resultam com frequência no aproveitamento do sótão como espaço habitável e nas empenas voltadas à fachada principal. Ao nível dos vão é notável a existência de janelas de guilhotina e a presença de cantarias de portas biseladas. Utilização frequente de madeira nas guarnições dos vãos de janelas e dos cunhais nos pisos superiores, construídos com estrutura de madeira e taipa de fasquio.

Materiais

Não aplicável

Observações

*1 Incluído também nas freguesias da Conceição e de São Martinho *2 Taipa de fasquio: técnica construtiva aplicada nas paredes, exteriores e interiores, dos pisos superiores da habitação corrente de algumas zonas do Norte do País. São compostas por uma estrutura em tábuas de madeira pregadas (na vertical, diagonal e travadas na horizontal) preenchida com argamassa, cal e areia. Esta estrutura é executada sobre uma parede de alvenaria de granito aparelhada que compõe a estrutura do piso térreo.