Palácio urbano neoclássico construído em pleno período urbanístico de Francisco de Almada e Mendonça. Apresenta bem evidente as características da arquitectura paladiana inglesa, de que John Carr foi um dos representantes, na composição de um alçado da fachada do edifício muito próxima de uma secção da fachada nascente do Hospital de Santo António.
O conjunto dos volumes é constituido, fundamentalmente, por quatro partes: o Palácio propriamente dito com três pisos e águas furtadas, com planta em "U", as galerias com um piso que prolongam os dois braços daquele e são ligadas por uma terceira galeria transversal, o pátio central contido pelo edifício e, finalmente, um amplo espaço livre, nas traseiras. Compartimentação horizontal e embasamento rusticado; andar nobre muito levantado; corpo central saliente e apoiado em três arcos e coroado por um frontão; ritmo das aberturas do primeiro andar com o uso alternado de frontões curvos e triangulares; medalhões sublinhados por grinaldas nos frontões; platibanda de balaústres rematada por vasos e urnas; cobertura inclinada de várias águas e desenho geométrico regular.
Materiais
Pavimentos térreos em lages de granito e em mármore nos quartos de banho; no 1º piso em soalho de madeira, granito e mármore ou mistos contendo dois destes materiais; 2º piso em soalho de madeira; paredes em alvenaria de pedra; tectos do piso térreo em abobadilhas rebocadas e dos restantes pisos planos estucados; cobertura em telha de barro. Todo o edíficio é rebocado à excepção dos embasamentos em granito e outros elementos no mesmo material, nomeadamente molduras de vãos de portas e janelas, cornijas, balaustrada e outros
Observações
*1 - DOF: Palácio das Carrancas, abrangendo as consolas e alçados de talha dourada e decorada de pinturas que existem numa das salas, do lado Nascente do andar nobre, feitas para a mesma sala, como parte integrante da sua decoração arquitectónica. Os produtos manufacturados nas fábricas de galões de Ouro e prata destinavam-se a um consumo de luxo - eram pormenores decorativos aplicados no vestuário e indumentária eclesiástica e profana, civil e militar, sendo a Casa Real um dos grandes consumidores. O acervo do Museu foi constituído, na sua origem, pelas colecções do Museu Portuense (proveniente dos conventos abandonados em 1833 com a revolução liberal) e do museu Municipal do Porto (antiga colecção João Allen) a que se acrescentaram doações e aquisições posteriores. O acervo contem, nomeadamente, peças de mobiliário, fainça e ourivesaria no campo das artes decorativas e obras de pintura e escultura da 2ª metade do séc. 19 e início do actual, sendo de destacar as produzidas por Henrique Pousão e António Soares dos Reis.