Cruzeiro alpendrado, construído no séc. 17 / 18, com alpendre de planta quadrada coberto por cúpula com zimbório e interiormente abobadado, albergando cruzeiro de grande simplicidade, com face frontal revestida a azulejos representado a figura do Crucificado.
É constituído por cruzeiro sob alpendre. O alpendre tem planta quadrada e massa simples, com cobertura em cúpula, revestida a azulejos de padrão policromo, e lanternim cilíndrico, fechado, formando apainelados côncavos, coberto por domo coroado por cruz latina, de braços circulares. Possui a estrutura em cantaria, com as quatro faces simétricas, definidas por duplas pilastras almofadadas, assentes em plintos igualmente almofadados, suportando entablamento, encimado por frontão curvo interrompido por urna sobre plinto paralelepipédico flanqueado de volutas, e com as pilastras exteriores coroadas por bolas, sobre plintos paralelepipédicos almofadados. Cada uma das faces é rasgada por arco de volta perfeita, almofadado, sobre pilastras de igual modinatura, tendo no fecho cartela envolvida por motivos volutados e com coroa. No interior, tem cobertura em abóbada de aresta. Entre os arcos surgem mísulas vegetalistas sustentando imagens pétreas dos Evangelistas. Ao centro, sobre soco de três degraus, dispõe-se o cruzeiro, composto por plinto paralelepipédico e pela cruz, em cantaria, de braços quadrangulares, tendo a face frontal revestida a azulejos, azuis e brancos, representando a figura do Crucificado. Cristo é retratado com a cabeça inclinada, olhos abertos e perizonium, prezo na cintura por corda com borlas e bastante longo, cobrindo as pernas até aos pés, deixando ver apenas a perna direita desde o joelho. Em frente possui mesa de altar, paralelepipédica, com frontal revestido a painel de azulejos, azuis e brancos, marcando sanefa seccionada e sebastos com motivos volutados, tendo ao centro cartela com santo, entre volutados.
Materiais
Paredes exteriores do alpendre em alvenaria de granito aparente; Cruzeiro e base do cruzeiro em granito; Fonte em granito aparente; Revestimento numa das faces do cruzeiro a azulejos azuis e brancos; Revestimento exterior da abóbada da cobertura do alpendre e da fonte a azulejos azuis, brancos e amarelos; Revestimento interior da abóbada da cobertura a reboco pintado; Pavimento no interior do alpendre e em torno do imóvel a lajeado de granito; Pavimento em torno da fonte em seixos rolados; Grade em torno da fonte e entre o pórtico do alpendre em ferro pintado; "altar" encostado ao cruzeiro revestido a azulejos azuis e brancos; mísulas em granito.
Observações
*1 - A denominação de Senhor da Areia ou do Espinheiro advém do facto de, aquando da sua construção, se implantar no areal da praia. *2 - Este monumento surge de acordo com a lenda (e imagem) do Senhor de Matosinhos. A lenda diz que teria sido Nicodemos, que ajudou José de Arimateia a descer da cruz e embalsamar o corpo de Cristo, que terá modelado a escultura do Bom Jesus de Matosinhos, anteriormente designado por Bom Jesus de Bouças. Tendo Nicodemos lançado-a ao mar, teria dado à costa numa 3ª feira, 3 de Maio de 124, no lugar do "Espinheiro", antigo areal deserto. Segundo a mesma lenda, a figura aparecera sem o braço esquerdo e ao longo de 50 anos, nenhum artista consegui executar um que lhe assentasse convenientemente. Até que noutra 3ª feira, 23 de Maio de 174, uma velhinha que andara a apanhar gavetos para acender a sua lareira, encontrou um pedaço de lenha que teimava em saltar para fora do lume tantas vezes quantas as que nele era lançado. É então que uma filha sua, muda, fala pela primeira vez para anunciar que era o braço do Bom Jesus; o membro em falta ajustou-se imediatamente à figura. Segundo alguns autores este imóvel surge assim para marcar o local do aparecimento do braço que faltava na imagem. Segundo outros para marcar o local do aparecimento da imagem sem um braço. Existe gravado o número 50 na parte posterior do pedestal, referente ao aparecimento do braço.