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Centro Cultural da Cidade de Tavira

Centro Cultural da Cidade de Tavira

O ponto de interesse Centro Cultural da Cidade de Tavira encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) no municipio de Tavira e no distrito de Faro.

Palácio urbano quinhentista com loggia renascentista-maneirista no segundo piso virada para o rio, de triplo arco de volta perfeita com intradorso decorado com elementos florais e capitéis de idêntica temática, profundamente remodelado em época barroca. Edifício de planta rectangular irregular, em amplo declive na colina genética de Tavira, no sentido S. - N., com fachada principal virada para o coração da cidade, com janelas de sacada no andar nobre. Loggia com capitéis estilisticamente aparentados com os da Igreja da Misericórdia de Tavira (v. PT050814060003) (CORREIA, 1987), facto que permite vislumbrar a acção de André Pilarte, que detinha a mais importante oficina activa em Tavira nos meados do Séc. 16, à qual se associam outros imóveis no Algarve, numa vasta região do Sotavento, desde a Matriz de Moncarapacho à Matriz de Alcoutim (v. PT050802010013) passando pela Igreja de Cacela Velha (V.PT050816010008), bem como a Matriz de Mértola ( v. PT040209040002 ) e a Igreja de Salvador de Ayamonte, mas sobretudo em Tavira, como testemunham, as Igrejas de Santa Catarina de Fonte do Bispo e de Nossa Senhora da Conceição de Tavira (v. PT050814020014 ),a Casa na R. do Poço do Bispo (v. PT050814060061), a Casa na R. Almirante Cândido dos Reis ( v. PT050814 0071) e o Edifício Irene Rolo (v. PT050814050047). Retábulo-mor e colaterais barrocos, de talha nacional, com decorações em pâmpanos e colunas pseudosalomónicas. Nos alçados das naves, figurando as obras de Misericórdia (Corporais do lado da Epístola, Espirituais do lado do Evangelho) e cenas da vida de Cristo, painéis de azulejo, azuis e brancos, recortados superiormente, formando silhar, de produção joanina já com elementos rococó. O óculo apresenta semelhanças (CORREIA, 1988) com o da fachada principal da Conceição de Tomar (v. PT031418120005).

Planta rectangular composta por edifício principal, loggia, pavilhão de exposições temporário e amplo terraço a N. Volumes articulados; massas dispostas verticalmente com cobertura heterogénea em telhado de tesouro de quatro águas (duas secções longitudinais sobre parte do edifício que se implanta a uma cota mais baixa e duas secções transversais sobre a parte mais elevada), três águas sobre a loggia e cúpula sobre um pequeno poço adossado à fachada posterior do edifício principal. Fachada principal virada a E., definida maioritariamente a dois registos, passando a três registos na cota mais baixa, sem que existam elementos divisores distintos, marcada por fortes cunhais de pilastras adossadas; primeiro registo organizado em três panos: pano central ocupado pelo portal principal, aberto não simetricamente no alçado (desviado para S.), de arco recto inserido numa moldura também recta de cantaria trabalhada, decorada com caixotões relevados e três conjuntos de métodas fingindo uma arquitrave; pano S. com uma janela quadrangular de moldura em cantaria com lintel desenvolvido superiormente formando ligeira cornija; para S., não existem mais janelas neste registo pela cota elevada que obrigaria a quebrar a simetria do conjunto; pano S. composto por oito janelas idênticas à do pano S., simetricamente abertas no alçado; diante da R. da Galeria, que leva ao largo da Misericórdia, uma porta de arco contracurvado e moldura em cantaria abre-se entre as 4ª e 5ª janela, a uma cota mais baixa mas elevando-se até ao nível do parapeito das janelas; segundo registo igualmente composto por três panos simétricos axialmente seguindo o registo inferior; pano central composto por janela quadrangular, assente na arquitrave definida pelo lintel do portal, protegida com gradeamento simples de ferro e ladeada por composições de volutas contracurvadas que se elevam até ao lintel, sendo sobrepujada por um frontão circular interrompido que delimita superiormente o tímpano, decorado com um motivo floral central; separados da janela, mas seguindo uma solução de frontão circular interrompido de menores dimensões, dois brasões amplamente decorados com motivos florais e geométricos circulares, maioritariamente volutas; pano S. ostenta três janelas rectangulares dispostas verticalmente que seguem a mesma solução da janela do pano central, mas sem a profusão de volutas contracurvadas nos níveis inferiores; pano N. com oito janelas simetricamente abertas sobre as do registo inferior; para N., o terreno é delimitado por uma cerca de muro alto, a toda a extensão do espaço desocupado relativo ao Palácio, onde existe uma porta entaipada, de arco recto em grossa cantaria. Fachada lateral S. adossada ao Parque municipal e à elevada cota do terreno, com construção de um terraço em cimento. Fachada lateral N. é a mais alta de todo o edifício e organiza-se a três registos de panos únicos; primeiro registo: corresponde ao piso inferior do edifício e possui duas portas nos extremos, de arco recto em cantaria, separadas por uma pequena janela rectangular disposta verticalmente no eixo do alçado; segundo registo corresponde ao primeiro piso da fachada principal e possui quatro janelas harmonicamente abertas no alçado, de perfil idêntico às janelas do primeiro registo da fachada principal; terceiro registo com quatro janelas idênticas às do piso superior da fachada principal, com gradeamento de ferro e frontão curvo interrompido definindo um tímpano. Fachada posterior mais complexa e organizada em três corpos distintos, de registos diferenciados; corpo N. a dois registos, definidos a partir de um terraço que se eleva ao nível do primeiro piso da fachada principal: primeiro registo com uma janela quadrangular com moldura em cantaria simples a S., e uma porta de arco de volta perfeita parcialmente interrompido, dando a sensação de continuar pela caixa murária; arco preenchido com materiais modernos; segundo registo ocupado por uma janela idêntica à anterior, mas aberta no eixo do alçado; corpo central corresponde à loggia e é bastante saliente dos restantes, compondo-se igualmente em dois registos; primeiro registo sem decoração, mas delimitado por amplos contrafortes que arrancam do nível de separação de registos; segundo registo integralmente composto por um arco de volta perfeita, inserido num alfiz reentrante, suportado por pilares cilíndricos de tambor, base trabalhada e capitéis vegetalistas, sendo as aduelas decoradas com motivos florais no intradorso; alçado N. da loggia organizada em dois registos, existindo no primeiro uma porta de arco de volta perfeita, muito diferente em proporção das originais, ligeiramente desviada para E.; segundo registo compõe-se de duplo arco de volta perfeita suportado por três pilares idênticos aos do alçado O.; loggia termina com pequenos pináculos nas extremidades, desenvolvendo-se o telhado sobre linha de beiral; a partir do interior da loggia, uma escadaria com arco de volta perfeita e abóbada de canhão descendente levaria ao portal principal, mas está hoje entaipada pela manutenção dos trabalhos arqueológicos; terceiro corpo corresponde às dependências a S. do palácio; prolongamento para N. do extremo O. da loggia em direcção a um pequeno poço; fachada posterior do Palácio com quatro portas de acesso ao interior, sendo a segunda com moldura em azulejos de figura avulsa definindo superiormente uma cruz também em azulejos; restantes vãos modernos. Pavilhão de exposições temporárias existe a O. da loggia, ocupando dois registos e desembocando na Calçada de D. Ana; edifício desenvolvido transversalmente em relação à orientação do Palácio, com entrada no segundo registo a partir de um pequeno terraço diante da loggia; fachada voltada a O. organizada a dois registos; primeiro registo ocupado integralmente por um portal de arco quebrado, de grossa cantaria e algum desgaste nas aduelas, a que se acede por três degraus; segundo registo muito elevado com janela quadrangular de moldura em cantaria; fachada virada a S., para o terraço do Alto de Santa Maria, visível apenas no segundo registo, com quatro portas de arco recto dispostas não harmonicamente no alçado; prolongamento do Pavilhão de exposições para N., a dois registos, com porta de acesso de arco recto a partir do pátio interior que comunica com a loggia; elevação do segundo registo em forma de torre no ângulo NE. deste edifício. INTERIOR: leitura prejudicada pelo parcial entaipamento de estruturas ainda em escavaçãoarqueológica. A partir da entrada principal, situada diante da R. da Galeria, acede-se ao piso inferior através de uma escadaria descendente e ao primeiro piso do palácio através de um lanço de escadas relativamente estreitas; uma primeira sala, a S., apresenta três tramos definidos por arcos abatidos com aplicações em estuque; átrio central comunica com o pátio exterior central, a partir do qual se acede à loggia, com uma escadaria no sentido N. - S. e ao Pavilhão de exposições temporárias, a partir da porta de arco recto no pátio exterior; loggia faz a comunicação com o terceiro piso, onde existe um hall rectangular com soalho e tecto de madeira a anteceder o auditório, um amplo espaço rectangular, de piso plano, que dá para a fachada principal do edifício.

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada, telha de canudo, cantarias trabalhadas, caixilharias em madeira e em vidro, guardas de ferro, estuque, soalhos de madeira.

Observações

*1 - entre as várias propostas não seguidas que constavam deste projecto, salientava-se a demolição do Depósito de Água no Alto de Santa Maria, intenção chumbada em referendo concelhio realizado a 13 de Junho de 1999, e a construção de um parque de estacionamento subterrâneo.