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Casa e Quinta da Bonjóia

Casa e Quinta da Bonjóia

O ponto de interesse Casa e Quinta da Bonjóia encontra-se localizado na freguesia de Campanhã no municipio de Porto e no distrito de Porto.

Casa abastada construída no séc. 18, em estilo barroco, de planta quadrangular, integrando torre numa das fachadas, constituindo uma obra inacabada, à semelhança da Casa da Prelada. Existe na concepção do edifício a definição de um eixo de simetria, tendo sido realizado apenas a ala poente do imóvel. Na fachada nascente são ainda visíveis, arranques, aberturas e as fundações de toda a ala este. Na definição dos espaços exteriores, existe uma extensa balaustrada de remate de um muro de suporte de 98.40 m de comprimento por seis metros de altura. Esta foi a forma encontrada de definir um terraço a S. da Casa, interrompido por uma escada tipicamente nasoniana, localizada exactamente no eixo de simetria da habitação. Outras afinidades estilísticas podem ser referidas entre a Casa de Bonjóia e a da Prelada e do Palácio do Freixo como a coincidência da presença de torres na resolução dos cunhais. Na organização do espaço interior é clara a sobreposição de dois eixos compositivos sobrepostos: um eixo no sentido E. - O. e outro N. - S., princípio de organização empregue por Nasoni no Palácio do Freixo. Estes princípios compositivos eram caros a Nasoni e traduzem o seu espírito barroco na busca de estabelecer a ideia de espaços infinitos definindo fortes eixos visuais. Não é estranho que Robert Smith (1966) no estudo sobre a vida e obra de Nicolau Nasoni tenha atribuído esta Casa como da sua autoria e talvez uma das suas últimas obras

A Casa de planta centralizada, com um torreão a SO encontra-se incompleta traduzindo-se apenas na ala O., visto que da ala E. são apenas visiveis as suas fundações. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de 4 águas e tipo tesoura nas águas furtadas. A fachada voltada a N. apenas de um piso mais um de águas-furtadas recuadas, tem quatro janelas rematadas superiormente por frontão interrompido por vieira num desenho semelhante duas a duas. A porta principal no extremo esquerdo é rematada por um grande arco de volta perfeita em pedras rusticadas. A fachada voltada a S., com um torreão no remate SO., tem 3 pisos devido ao desnível do terreno. Possui também uma porta de acesso ao exterior cujos elementos decorativos repetem os do alçado oposto. No piso superior e exactamente no alinhamento desta abertura situa-se uma outra porta de acesso a uma varanda com balaustrada em granito. O torreão eleva-se de mais um piso relativamente ao volume da Casa, ultrapassando ligeiramente o acrescento executado posteriormente onde se situam os quartos do imóvel. Os vãos do torreão repetem as molduras em granito trabalhado à semelhança das do alçado N. e S. Até no piso intermédio existe uma varanda idêntica à já referida com duas portas voltadas para o Douro. A fachada mais empobrecida é a voltada a E., por o imóvel estar incompleto, tendo apenas uma janela no 1º piso e uma porta em arco no r/c. O alçado orientado a O. é caracterizado por uma maior simplicidade no tratamento das molduras dos vãos ( remates rectilíneos ) exceptuando-se as do torreão. O piso acrescentado retira a unidade e simplicidade da cobertura em telhado do imóvel. Apenas o torreão com cobertura de quatro águas e urnas nos cunhais mantém a caracterização original. A organização do espaço interior é baseada em dois eixos compositivos sobrepostos: - um eixo no sentido E. - O. ao nível do r/c, definido por um corredor de 2.70 m de largura em toda a extensão da casa que coincidiria com a chegada das carruagens; - um eixo no sentido N. - S. no 1º piso que une a entrada da casa a N. com uma varanda a S., percorrendo uma sequência de salas. A esta rigidez de concepção contrapõe-se o aspecto dinâmico da escadaria em granito de diversos patamares que liga o r/c ao 1º piso. Apenas nalgumas salas houve a preocupação de dar uma forma específica a cada tecto.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocadas; pavimentos em soalho de madeira e em lajeado de granito; paredes interiores rebocadas com acabamento a estuque; tectos estucados e em masseira; Cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro tipo "lusa" ou aba e canudo; caixilharias em madeira pintada; varandas e guardas em granito.

Observações

Dada a localização do imóvel na cidade, a sua concepção e alguns elementos decorativos, não excluem a possibilidade de Nicolau Nasoni ser o seu autor. Também o fidalgo Dom Lourenço de Amorim Gama Lobo era então o Prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Por outro lado o período de construção desta Casa corresponde a uma fase activa deste arquitecto, podendo integrar-se esta obra no grupo de intervenções construídas extramuros do Porto, que pela sua imponência volumétrica destacavam-se na paisagem. Se porventura esta Casa tivesse sido completada estaríamos perante um palácio com uma área superior à do Palácio do Freixo. Julga-se que o piso acrescentado para a instalação dos quartos se deve ao facto de estarmos perante uma obra inacabada. Possivelmente a razão que levou à não conclusão desta Casa terá originado uma grande secura no tratamento e acabamento dos espaços interiores.