Arquitectura religiosa, maneirista. Igreja maneirista de planta longitudinal, de nave única com capelas colaterais intercomunicantes encimadas por tribunas entre pilastras e transepto inscrito, frontispício tipo retábulo com galilé aberta por três arcos e claustro quadrado com entablamento recto nos dois pisos. A fachada principal possui esquema idêntico ao de Moreira da Maia, para o qual deve ter servido de modelo. Arca tumular de D. Rodrigo Sanches, gótica com jacente, em pedra de ançã, inserida em arcosólio. Apresenta o frontal decorado com relevos, representando Cristo em Majestade, sentado no Trono e segurando, com a mão esquerda, o Livro Sagrado, os quatro Evangelistas, as figuras de Apóstolos em edículas, e uma figura real coroada. Na tampa, a representação do jacente com trajo de guerreiro e espada, e de alguns querubins, estando um deles segurando um lençol ou toalha onde emerge a Alma do defunto, sob a forma de uma criança. Esta arca túmular, enquadra-se numa tendência para a personalização ou individualização do sepulcro, cujos sintomas remontam à primeira metade do séc. 11, embora só se tendo imposto, no Entre-Douro-e-Minho, no segundo quartel do séc. 12. Os túmulos começam por se singularizar através de motivos decorativos, epígrafes e brasões, culminando nos enquadramentos arquitectónicos e nas estátuas jacentes que, no séc. 13 e sobretudo 14, asseguraram a dignificação e personalização dos locais de enterramento dos estratos privilegiados da sociedade medieval. A fachada retabular que ostenta ocupa todo o corpo da fachada, caracterizando-se ainda pela verticalidade e jogo volumétrico e profusa decoração. Possui azulejos seiscentistas tipo "tapete" e retábulos de talha maneiristas e o mor barroco. A arca tumular de D. Rodrigo Sanches, destaca-se na arte funerária nacional por ser o jacente mais antigo que se conhece no Entre-Douro-e-Minho e ainda por documentar o primeiro exemplo de importação de uma obra do S., da zona de Coimbra. Entre a escultura funerária portuguesa singulariza-se por documentar o início da arte gótica, embora ainda pautada por algumas reminiscências da estética anterior.
Planta composta por igreja de planta longitudinal de nave única e transepto inscrito, e dependências conventuais desenvolvidas à direita, com claustro de planta quadrada. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. IGREJA com fachada principal de dois registos separados por entablamento, decorado por almofadas rectangulares, e ritmado por pilastras que nos cunhais são duplos. No primeiro registo, três altos arcos plenos dão acesso à galilé; no segundo, as pilastras são caneladas e têm o terço inferior decorado com motivos florais, assentando num embasamento decorado com almofadas de motivos geométricos. Ao centro, abre-se grande janelão vertical e lateralmente, nichos de abóbada concheada com imagem de São Pedro e São Paulo, encimados por janelas quadradas. Remata a fachada, frontão triangular truncado, antecedido por balaustrada, tendo lateralmente duplos pináculos sobre acrotério, e no fastígio pináculos e cruz central. No INTERIOR, galilé de abóbada abatida com três tramos nervados, revestida com azulejos enxaquetados procedentes da Sala do Capítulo. Nave ritmada por pilastras, separando as seis capelas colaterais intercomunicantes, de arco pleno, com paredes pintadas ou decoradas com trabalhos de estuque ou azulejos, tendo retábulos de talha dourada e abóbada de caixotões; encimam-nas tribunas e na primeira do lado da Epístola, junto ao coro-alto, órgão de tubos. Arco triunfal pleno sobre pilastras, ladeado por pilastras coríntias que suportam entablamento decorado tendo ao centro nicho com imagem, coroado por frontão curvo interrompido. Cobertura em abóbada de berço formando caixotões na nave e de arestas no cruzeiro. Capela-mor revestida a azulejos enxaquetados, com cadeiral de madeira e, no lado do Evangelho, arcossólio de vão recto com molduras decoradas terminando em pináculos e frontão curvo sobre a cornija, contendo urna de madeira com os ossos do Infante D. Rodrigo Sanches. Retábulo-mor de talha dourada com tela central. Tecto em abóbada de berço formando caixotões. Sacristia revestida a azulejos tipo tapete, dois armários embutidos e arcaz. CLAUSTRO de dois pisos, tendo no primeiro, onze tramos e colunata jónica e no segundo colunelos coríntios e tecto de madeira. As paredes da quadra entre os dois pisos são revestidas a azulejos com figuras policromas de apóstolos e de doutores da igreja, entre painéis brancos e verdes de faixa e contrafaixa. Na ala N., na parede, abre-se arcossólio em arco de volta perfeita, com o túmulo de D. Rodrigo Sanches, em pedra de ançã. É constituído por uma arca decorada assente em pequenos capitéis poligonais *2 e coberta por tampa com o jacente. Na face frontal, a única visível devido à sua actual posição, observa-se, ao centro, um campo rectangular com mandorla, tendo iconografado Cristo em Majestade, sentado no Trono e segurando, com a mão esquerda, o Livro Sagrado. Nos cantos, entre a mandorla e a moldura rectangular, estão representados os quatro Evangelistas. Enquadrando o motivo central, uma sucessão de treze edículas, seis à esquerda, com outros tantos Apóstolos, e sete à direita, seis com Apóstolos e a ùltima com uma figura real coroada. A tampa mostra o jacente deitado com a cabeça apoiada sobre duas almofadas, na maior das quais repousam dois querubins enquadrando a cabeça e segurando, o da direita um lençol ou toalha onde emerge a Alma do defunto, sob a forma de uma criança, o da esquerda estando representado em posição de oração. D. Rodrigo jaz vestido com trajo de guerreiro, capa sobre os ombros e túnica curta cingida por cinto, tendo os braços flectidos sobre o peito, segurando pela bainha uma espada que se alonga ao centro do corpo. Os pés estão calçados e mostram esporas. Junto destes, num supedâneo, foram representados mais quatro querubins. Ao centro do claustro, chafariz circular de duas taças. Na parte posterior do convento, tanque rectangular com figura feminina ao centro.
Materiais
Paredes em alvenaria de pedra, com acabamento rebocado e aparente, pavimentos em lajeado de granito e soalho; cobertura em telha cerâmica; caixilharias em madeira e ferro; lambris de azulejos; retábulos de talha, pedra de ança na arca tumular.
Observações
O Mosteiro, além do couto de Grijó, possuía ainda os de Tarouquela em Vilar do Paraíso, e o de Brito em S. Félix da Marinha. *1 DOF: Mosteiro de Grijó, conjunto formado pela igreja, sacristia, claustro e cerca, com chafariz; *2 Na sua localização inicial, na Capela de Santa Maria, o monumento deveria apoiar-se sobre quatro colunelos de fuste poligonal e capitéis historiados, sendo que na sua actual localização os colunelos foram cortados a meio, sendo visíveis dois deles, que sustentam a arca, repartidos em quatro fragmentos e alinhados ao longo do lateral esquerdo. Outros quatro fragmentos, dos restantes dois colunelos, encontram-se na face oposta do monumento, junto à parede, não sendo visíveis; *3 D. Rodrigo Sanches era filho de D. Sancho I e de D. Maria Pais Ribeira, a Ribeirinha, tendo ocupado importantes cargos, quer no reinado de D. Sancho I, quer no de D. Sancho II, a quem se viria a opôr.