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Igreja Paroquial de Santo Tirso

Igreja Paroquial de Santo Tirso

O ponto de interesse Igreja Paroquial de Santo Tirso encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Santo Tirso no municipio de Santo Tirso e no distrito de Porto.

Arquitetura religiosa, gótica, seiscentista e barroca. Mosteiro beneditino composto por igreja de planta cruciforme e zona regral composta por dois claustros, dispostos no enfiamento do lado esquerdo da igreja, surgindo o corpo da hospedaria perpendicular à fachada principal, envolvido por ampla cerca, definida pelo rio. Igreja crucífera, composta por nave, antecedia por galilé, transepto e capela-mor, com sacristia adossada ao lado esquerdo, antecedida por ante-sacristia e duas torres sineiras bastante recuadas relativamente à fachada principal; tem coberturas interiores em abóbadas de berço, iluminada por amplos janelões, protegidos interiormente por sanefas de talha. Fachada principal com estrutura maneirista, baseada nos tratados de Vignola, com corpo central ladeado por aletas e remate em frontão triangular, contendo janela termal, existindo um jogo entre linhas retilíneas e curvas, com semelhanças nítidas com o Mosteiro beneditino de Tibães (v. PT010303250015). Interior com coro-alto amplo, assente em três arcos de volta perfeita, contendo cadeiral com duas fiadas, de decoração tardo-barroca, prolongando-se numa tribuna com órgão, no lado da Epístola. Confrontantes, as capelas laterais com retábulos de talha rococó e dois púlpitos, tendo o presbitério marcado por uma grade de ferro, do mesmo período. Sobre supedâneo de degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada de estilo barroco nacional. Sacristia com dois amplos arcazes, oratório e lavabo na ante-sacristia. A zona regral desenvolve-se em torno de dois claustros quadrangulares, com dois pisos, o principal gótico, tendo arcadas abertas no inferior e janelas de varandim no superior; ao centro, chafarizes do tipo centralizado. As escadas regrais acedem ao segundo piso com alas e corredores com tetos de madeira. A hospedaria desenvolve-se de forma simétrica, apresentando uma estrutura de final do séc. 18, com janelas de molduras recortadas e dispostas de forma aparentemente simétrica. Possui inúmeras afinidades no campo decorativo com o Mosteiro de Rendufe (v. PT010301180004), São Miguel de Refojos de Basto (V. PT010304140002) e Santa Marinha da Costa (v. PT010308120020), revelando a mobilidade dos artistas e mestres-de-obras, nomeadamente Frei José de Santo António Vilaça, que imprimiu uma grande unidade decorativa entre todos eles, obedecendo a esquemas iconográficos e estruturais rígidos, impostos pelos estatutos reformados da Ordem. Mosteiro beneditino rural, antecedido por amplo terreiro, marcado pelo cruzeiro, semelhante ao de Tibães e Bustelo, e pelo corpo da antiga hospedaria, autónomo e claramente de execução tardo-setecentista, com vãos em arco abatido, dinamizando a fachada, marcada, no lado esquerdo pelo portal de acesso, decorado por pilastras e encimado por janela de sacada, esquema que se repete na portaria, esta marcada por colunas, encimadas por sacada corrida. Os vãos possuem amplas molduras recortadas, sendo as entradas encimadas pelas insígnias da Ordem. A fachada principal da igreja é, comparativamente, bastante simples, sendo uma sobrevivência da estrutura maneirista, tripartida e formada por vários registos de vãos, os inferiores correspondentes ao acesso à galilé, encimados por nichos com santos da Ordem, janelas e, no remate, uma enorme janela termal, marca das construções seiscentistas. Ainda da estrutura maneirista, as coberturas abobadadas, a da nave marcada por arcos formeiros e a da capela-mor pintada, a imitar pedraria. O transepto tem adossada capela lateral, de estilo barroco nacional, com vão pintado a brutesco dourado, sendo o interior uma gruta de ouro, com teto, ilhargas e retábulo de talha dourada, com profusa decoração de acantos. No coro-alto, mantém o cadeiral de talha tardo-barroco, com a fila exterior encimada por espaldares ornados por painéis pintados a representar um ciclo de São Bento. Junto a este, órgão de tubos, com três castelos e com ampla consola, decorada por figura mecânica. As capelas laterais, que se mantêm protegidas por teias de ferro, ostentam retábulos de talha dourada de estilo rococó, cujas molduras se prolongam superiormente, formando as sanefas das janelas, sendo o primeiro do Evangelho algo distinto, devido a reforma recente, da mesma época, os púlpitos confrontantes, encimados por Virtudes Cardeais e assentes em amplas mísulas de talha. Os braços do transepto apresentam estruturas retabulares e, sobre o arco triunfal, amplo sanefão com as insígnias da Ordem. De realçar a existência da grade do presbitério, em ferro forjado com decoração de padrões rococós, encimada por cruz e tocheiros, criando uma falsa iconostase. O retábulo-mor é de talha barroca nacional, de planta côncava e três eixos, mas com decoração renovada no final de setecentos. O claustro principal, medieval, apresenta arcadas abertas em duas faces, sobre colunas grupadas, sendo de destacar a decoração individualizada dos capitéis que as compõem. Ambos possuem chafarizes seiscentistas, o principal mais exuberante e datado. Possui vários lavabos, o da ante-sacristia, esta com pavimento preenchido pelas sepulturas dos abades, e o da hospedaria, bem como várias lápides que permitem aferir as épocas de construção dos vários espaços. A sacristia ostenta retábulo-relicário, fechado por volantes pintados. Destaca-se pela exuberância decorativa a antiga Casa do Capítulo, revestida a azulejo figurativo rococó, com as figuras em bicromia e as molduras policromas, sobre rodapés de pedra torta. A cerca é ampla, marcada pelo rio, ao longo da qual surgem várias latadas e caminhos pontuados por jogos de água. Segundo Mário Barroca, a memória sepulcral que D. Miguel da Silva encomendara para o túmulo do conde D. Martim Gil de Sousa e de sua mulher e as inscrições existentes na Capela de São Bartolomeu (v. IPA.00033653), também em Santo Tirso, e na da Capela de São Miguel o Anjo (v. IPA.00003862), que o prelado mandara construir, constam entre os "mais precoces exemplos portugueses de utilização do alfabeto capital, de inspiração clássica" numa época em que o panorama epigráfico nacional "continuava dominado pelo alfabeto gótico minúsculo anguloso" (BARROCA: 2001, p. 27).

Complexo monacal composto pela igreja e zona regral no lado direito, desenvolvida em torno de dois claustros, desenvolvidos perpendicularmente ao templo, integrando torre sineira e, perpendicular à fachada principal da igreja, o corpo da antiga hospedaria, atual museu; possui ampla cerca, delimitada pelo rio. IGREJA de planta em cruz latina, composta por nave, flanqueada por torres sineiras, transepto pouco saliente, praticamente inscrito, capela adossada ao lado esquerdo e capela-mor, de volumes articulados e escalonados, tendo coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, sendo em coruchéus piramidais, revestidos a cantaria nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, da ordem toscana, firmados por pináculos piramidais, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a SO. rematada em frontão triangular truncada por cruz latina sobre plinto paralelepipédico, contendo o tímpano vazado por janelas termais; este assenta em dois pares de pilastras grupadas sobre amplo plinto paralelepipédico; o corpo da fachada é tripartido, com os eixos definidos por pilastras, no registo inferior, é marcada pelos três arcos de acesso à galilé, de volta perfeita e protegido por grades de ferro; na zona superior, três nichos de volta perfeita, encimados por janelas retilíneas e molduras simples em cantaria. A galilé com as paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo abóbada de arestas, também rebocadas e pavimento em lajeado, possui o portal axial retilíneo, com moldura recortada, em cantaria, e encimado por friso e frontão semicircular. No lado direito, porta retilínea e com moldura recortada, de acesso à antiga Portaria. As torres são rasgadas, superiormente, por ventanas de volta perfeita, rematando em frisos e cornija, encimadas por guarda balaustrada, tendo pináculos de bola e gárgulas de canhão nos ângulos; têm coberturas em coruchéus piramidais, revestidos a azulejo. Fachada lateral esquerda rasgada por três janelas no corpo da nave, a primeira desativada pelo adossamento da torre sineira; possuindo três janelas e pequenos vãos no corpo da capela-mor; o corpo da capela adossada remata em empena, com pequena fresta no topo, tendo, na face SO., janela retilínea. Fachada lateral direita parcialmente adossada ao claustro, com o corpo da nave rasgado por duas janelas retilíneas e três no da capela-mor. Fachada posterior em empena com cruz latina no vértice, rasgada por três janelas retilíneas, dispostas em eixo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com coberturas em falsas abóbadas de berço, marcadas, no coro-alto e presbitério, por arcos torais, também rebocadas e pintadas, a da capela-mor com pintura decorativa; pavimentos em taburnos de madeira e réguas de cantaria na nave, sendo em lajeado no sub-coro, coxias, elevadas e protegidas por grades em ferro forjado, e na capela-mor. As janelas e portas encontram-se encimadas por sanefas de talha dourada ou pintada. O coro-alto assente em dois pilares toscanos, contendo pias de água-benta concheadas, e mísulas laterais, formando três arcos de volta perfeita, tendo guarda de madeira torneada, contendo pequena maquineta com o Crucificado. Tem pavimento em soalho e possui duas portas confrontantes, de verga reta e moldura simples, encimadas por sanefas pintadas com elementos em marmoreados fingidos, formando friso e espaldar recortado e vazado por acantos. Possui cadeiral de madeira, disposto em U, que centra uma estante de coro. Portal axial protegido por guarda-vento de madeira e vidro, ladeado por bancos de madeira e espaldares recortados. No lado do Evangelho, o batistério, formado por nicho côncavo e acesso por vão retilíneo, encimado por sanefa semelhante às das portas do coro-alto, contendo pia batismal em cantaria de granito, composta por coluna galbada e com folhagem na zona inferior, com taça gomada e com bordo saliente, liso e facetado; no lado do Evangelho, nicho de alfaias embutido no muro. No lado oposto, junto ao coro-alto, um órgão de tubos. Nas paredes da nave, cinco capelas embutidas no muro, compostas por retábulos de talha, quatro delas confrontantes, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, São Bento e Nossa Senhora das Graças (Evangelho) e a Santa Escolástica e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Ainda confrontantes, os púlpitos, com acesso por escadas de cantaria, a partir dos braços do transepto. O presbitério encontra-se marcado por grade de ferro forjado, dando acesso ao cruzeiro e braços do transepto, estes marcados por amplos arcos de volta perfeita, protegidos por sanefões de talha de marmoreados fingidos, de rosa, vermelho e dourado, compostas por duplos frisos, pendentes e elementos recortados e vazados por folhagem, tendo, ao centro, glória de querubins. O braço do lado do Evangelho é marcado pela Capela de Nossa Senhora da Piedade, tendo, laterais, duas estruturas retabulares; o braço oposto possui a porta de acesso ao espaço regral, protegida por guarda-vento de madeira e encimada por vão retilíneo, enquadrado por arco de volta perfeita, tendo, no lado do Evangelho, capela. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, encimado por sanefão de talha pintada de branco e dourado, possuindo friso curvo e vários elementos recortados e volutados, que centram cartela com as armas da Ordem, encimadas por cornija de perfil contracurvo, de inspiração borromínica. Capela-mor com painéis pintados a representar cenas da vida de Santo Tirso, possuindo as janelas encimadas por sanefas de talha dourada. Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e três eixos definidos por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por folhagem, as exteriores sobre consolas amplas. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e moldura simples, contendo trono expositivo de cinco degraus, ornados por festões, encimado pro baldaquino de colunas coríntias; o fundo e ilhargas estão decorados por acantos. Os eixos laterais possuem mísulas enquadradas por frisos retilíneos, formando apainelados e encimadas por baldaquinos simples. A estrutura remata em frisos de querubins, cornijas e por quatro arquivoltas, duas delas torsas, a prolongar as colunas do corpo do retábulo, unidas por aduelas decoradas por querubins. Altar paralelepipédico, sustentado por colunas, ladeado pelas portas de acesso à tribuna e encimado por sacrário embutido na estrutura, sobrepujado por nicho com imagem. No lado da Epístola, porta de acesso à ante-sacristia, com pavimento preenchido por lápides sepulcrais, teto de madeira em caixotões, possuindo bancos de pedra e lavabo, com porta de ligação à sacristia; esta tem cobertura em abóbada de berço em caixotões de pedra, assente em frisos e cornijas, e pavimento em lajeado, com dois arcazes laterais, oratório, retábulo-relicário. As torres sineiras têm três registos definidos por frisos e cornijas, rasgadas por ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematando em balaustrada com pináculos e gárgulas de canhão angulares; têm coberturas em coruchéus piramidais. A ZONA REGRAL é composta por dois corpos retilíneos desenvolvidos em torno de dois claustros, evoluindo em dois pisos, rasgado uniformemente por janelas retilíneas, as dos pisos superiores de varandim e guardas metálicas. Adossado à fachada da igreja, o corpo da portaria, com dois registos de vãos, separados por entablamento, o inferior com portal de perfil côncavo flanqueado por colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, assentes em plintos paralelepipédicos, rematando em entablamento com as armas da Ordem; está ladeado por óculos ovalados e molduras recortadas; no segundo piso, sacada corrida de perfil contracurvo, para onde abrem três portas-janelas com molduras recortadas e remates em frontões interrompidos. Dá acesso à zona monacal e ao claustro principal, de planta quadrangular composto por dois pisos, o inferior de arcadas e o superior com janelas de varandim, quatro por ala, de perfis apontados e guardas metálicas, possuindo folhas de madeira e bandeiras pintadas de branco, formando falsos espelhos. As arcadas do primeiro registo são em arco apontado, assentes em colunas grupadas, de fustes lisos e capitéis decorados, assentes em muretes de cantaria de granito, abertos no centro de duas das alas, no lado NE. com três arcos e um no lado oposto; os pilares angulares são truncados e apresentam nichos em abóbadas de concha. As alas têm tetos de madeira e pavimentos em lajeado, formando taburnos, a NO., com capela retabular de Nossa Senhora da Assunção e, na SO., um arcosólio e arco de volta perfeita, de acesso às escadas regrais. No centro da quadra um chafariz, enquadrado por canteiros angulares, recortados. No segundo piso, corredores amplos, com pavimentos em soalho e tetos abobadados, ligando às antigas dependências. O segundo claustro evolui em dois pisos, tendo duas alas com arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas, e as outras duas com vãos retilíneos, que se repetem no segundo piso, numa das alas com molduras recortadas e bandeiras em arco abatido. A quadra é de terra batida com canteiros angulares e chafariz central, tendo, nas alas, pavimento em lajeado e teto de madeira; na ala norte amplo salão, onde funciona o refeitório, correspondente à antiga cozinha e refeitório dos monfes e, no lado oposto, um laboratório e sala de informática. A atual capela corresponde à primitiva Casa do Capítulo, com as paredes forradas a azulejo figurativo, representando cenas da vida de Cristo, tendo, num dos lados, painéis pintados, com teto em abóbada de lunetas pintada e pavimento em soalho. Possui bancos corridos de madeira e retábulo de talha, ladeado por duas portas em arco abatido e molduras simples. A antiga HOSPEDARIA é de planta retangular simples, com as fachadas principal e posterior a evoluir em dois pisos separados por friso, a principal virada a N., dividida em três panos definidos por duas ordens de pilastras toscanas, encimadas por pináculos; é rasgada por vãos em arco abatido e com molduras recortadas, sobrepujadas por cornijas, as dos panos centrais correspondendo a janelas de peitoril, surgindo, no piso inferior e no pano do lado esquerdo porta de acesso ao espaço, encimado por pequena bandeira, e janelas de peitoril, surgindo, no oposto, janelas de peitoril; no segundo piso, janelas de sacada com guardas metálicas, para onde abrem portas-janelas com molduras recortadas. Fachada lateral direita de um único piso, rematada em balaustrada interrompida por frontão contracurvo contendo as armas do orago; é rasgada por porta em arco de volta perfeita e janela lobulada e moldura recortada. Fachada posterior com porta e dez janelas de peitoril no primeiro piso, todas retilíneas e de molduras recortadas, surgindo, no superior, quinze janelas de volta perfeita e molduras recortadas, duas delas com balcão e duas janelas retilíneas. INTERIOR com quatro salas expositivas com corredores amplos, abobadados, uma sala de serviço educativo, um auditório, uma receção e uma sala de serviços administrativos.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; pilares, colunas, sacadas, estátuas, gárgulas, goteiras, modinaturas, pavimentos, sepulturas, lápides, lavabos em cantaria de granito; guardas e grades em ferro forjado; caleiras em zinco, tetos em gesso e madeira, revestidas exteriormente em telha cerâmica; vãos, arcos, painéis e caixotões de tetos, caixilhos, portadas em madeira; vãos com vidro simples; azulejo figurativo; retábulos, púlpitos, órgão, sanefas e sanefões de talha dourada e/ou pintada.

Observações

*1 - DOF: Conjunto formado pela igreja do Mosteiro de São Bento, convento e respetiva cerca e cruzeiro processional em frente daquela. *2 - do acervo arqueológico destacam-se utensílios de pedra dos períodos Neolítico e Calcolítico provenientes de sítios arqueológicos megalíticos existentes na região, materiais cerâmicos e metálicos provenientes da necrópole do Corvilho, várias pelas do Castro do Monte do Padrão e do Castro de Alvarelhos, bem como espólio cerâmico e vidro da necrópole galaico-romana de Rorigo Velho e os monumentos epigráficos de São Bartolomeu e Roriz.