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Palácio dos Duques de Lafões

Palácio dos Duques de Lafões

O ponto de interesse Palácio dos Duques de Lafões encontra-se localizado na freguesia de Beato no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura residencial, pombalina neoclássica. Palácio urbano de planta quadrangular irregular, composta, no piso térreo em U e, nos pisos superiores por dois corpos rectangulares formando um L tendo o seu corpo maior disposto no sentido Norte-Sul e no interior deste L um pátio a nível superior ao da rua, fechado por construções modestas, e possuindo jardim em cota sobrelevada na fachada posterior. Fachada principal inacabada. Capela palaciana, de planta rectangular com arco triunfal de cantaria, dividindo a meio o espaço; retábulo da segunda metade do século 18, de talha dourada e policromada com marmoreados. Salas e pequenas divisões ricamente decoradas ostentando lambris de azulejos e pintura de estilo rococó e neoclássica ornamental de temática alegórica nos tectos. Antiga quinta de veraneio com projecto de edifício palaciano de grandes dimensões, pátio, jardins e alameda caso tivesse sido completado; a sua actual planta, apenas corresponde a metade do projecto desenhado. Das quatro fachadas apenas a posterior, a N., se encontra concluída. Apesar de inacabado o seu exterior não sofreu alterações de fundo em relação ao projecto inicial (sendo possível a sua conclusão sem grandes alterações ou pastiches). O projecto inicial desenvolvia-se em três plataformas que se interligam sobre um terreno em declive. Sobre a rua (voltada ao rio) fachada de dois pisos de características neo-clássicas. No plano superior, pátio com fachada a N. mais elaborada. Em terreno mais elevado, a fachada N. voltada sobre os jardins com elementos mais barrocos. São notáveis os seus interiores, quer pela sua decoração, nomeadamente pelas pinturas murais de autoria de Cirilo Wolkmar Machado, diversas portadas pintadas com grinaldas de flores e um conjunto de azulejaria do século 18 e 19, bem como o seu recheio artístico e mobiliário com algumas peças históricas ao nível da pintura de retrato do século 18 e 19. É dos raros edifícios nobres da cidade de Lisboa que ainda se mantêm na posse da família directa do seu fundador.

Planta composta em L, volumes articulados e coberturas diferenciadas. Distinguindo-se a S. um único corpo, que se apresenta organizado em 3 andares. Ao nível do piso térreo, revestido com placagem de cantaria, distinguem-se as 3 portas das primitivas cocheiras, enquanto no andar nobre se reconhecem 4 janelas de sacada com varões de nós e encimadas por cornijas salientes e no último andar 4 janelas de peito de emolduramento simples. Um segundo corpo desenvolve-se a E., com um só piso, apresenta-se guarnecido superiormente por balaustrada. No alçado posterior N., virado ao jardim e rematado por balaustrada, distingue-se um corpo central - animado por 3 portas em arco de volta redonda encimadas por igual número de óculos envidraçados e decorados por grinaldas - e 2 corpos laterais, separados por pilastras, cada um com uma porta decorada com grinalda na sobreverga encimada por janela de peitoril. Na continuação para O. e fazendo ângulo recto recuado fachada de quatro vãos de cujo patim desce uma pequena escadaria para uma faixa de jardim. O acesso às fachadas sul e nascente faz-se através de um portão, de chapa de ferro, colocado numa meia rotunda que abre sobre a Calçada do Duque de Lafões; ao fundo, a fachada voltada a nascente apresenta cinco portas com cinco janelas superiores rectangular com caixilhos de madeira pintada e no telhado quatro águas furtadas; na fachada voltada a sul apresenta sete portas, no piso térreo, sendo a central de acesso à escadaria (ladeada por dois candeeiros de braços) e a do lado direito, de acesso à capela; nos pisos superiores, sete janelas e, no telhado, sete águas furtadas; para nascente, volume correspondendo a ala interrompida, com quatro janelas superiores e um arco de passagem para uma rampa de ligação ao jardim; no terraço fronteiro diversas clarabóias dos estabelecimentos do piso inferior e alguns plintos de pedra com vasos. O acesso ao INTERIOR faz-se pela escadaria de dezoito lanços em pedra e revestida por lambrins de azulejos, do final do séc 17, em azul e branco representando cenas galantes e mitológicas (Diana e Actião) *1; no patamar superior, três portas, com panos de armar em veludo carmim com brasões, encimadas com painéis de azulejos, em azul e branco, do século 19, recortados com os brasões heráldicos das Casas de Lafões, Cadaval e Marialva; a porta central dá acesso ao Salão ou SALA DOS ÓCULOS de planta quadrada (originalmente rectangular) com dez vãos de porta sendo que três, a N., abrem sobre o jardim, três a S., de acesso às dependências e os dois pares no eixo E. - O. abrem para as duas salas que no século 19 foram criadas; sobe os vãos óculos ovais verticais com caixilharia raiada em teia-de-aranha; a sala apresenta pavimento de madeira e as paredes estucadas e pintadas com frisos em tons de amarelo e verde; a sala contígua, a E., comunica com um átrio, cujo pavimento em tijoleira apresenta um curioso desenho de cinta e losangos em azulejo marmoreado a rosa, dá acesso à zona residencial superior e ao jardim; da sala contígua a O., acede-se por escadaria descendente ao piso situado a nível do pátio central onde se distribuem salas pertencentes ao edifício original; passando o átrio da escadaria, encontra-se sala de passagem de acesso lateral à capela. CAPELA de planta rectangular com arco triunfal de cantaria, dividindo a meio o espaço; no piso térreo quatro portas (duas na capela-mor, duas na nave), em talha dourada, com portadas de madeira recortada, com verga superior ostentando relevo representando a coroa ducal cruzada por um ramo de carvalho e uma palma; no piso superior varandim em forma de ferradura, com balaustrada em ferro forjado correndo a toda a volta do espaço, suportado por mísulas; na capela-mor retábulo da segunda metade do século 18, de talha dourada e policromada com marmoreados imitando malaquite, docel sobre o nicho do trono eucarístico; sobe a banquete de altar sacrário em talha dourada. SALA DO DUQUE, de planta rectangular com pavimento de madeira e porta decorada com pintura perspectivada; o tecto apresenta pinturas ornamentais de festões, grinaldas e, sobre as portas de comunicação, frontões com putti. SALA DA ACADEMIA *2: de planta rectangular com oito vãos e pavimento de madeira apresenta paredes e tecto de estuque pintado com decoração policroma, de final do século 18, com fundos brancos e profusamente preenchidos de flores, putti, pássaros e festões com instrumentos musicais; no tecto, representa-se, num grande oval central, uma figura alada feminina com atributos ligados à ciência e às artes e nas paredes do lado O., entre vãos, duas pinturas em nicho representando alegorias às artes; na parede oposta uma grande pintura mural, com cercadura em arco, representando uma alegoria à música com figura feminina tocando harpa e rodeada de diversas crianças tocando outros instrumentos musicais ou representando tragédias, numa paisagem com templete e estátua de Mercúrio. SALA CHINESA: planta quadrada com pavimento de madeira apresenta cinco vãos e paredes em estuque com pinturas de estilo neoclássico representando camafeus, figuras femininas em cercaduras, grinaldas de flores e festões com aves e diversos objectos separadas por pilastas desenhadas; no fundo da sala, oposto à janela voltada ao jardim, espelho rectangular vertical emoldurado por pintura e ladeado por duas portas (uma delas convertida em armário) envidraçadas e rematadas por pintura com ovais. SALA DE VÉNUS: planta rectangular com pavimento de madeira, seis vãos com portadas pintadas com flores, paredes de estuque pintado com delicada pintura ornamental, tecto com grande oval central com pintura rodeada de cercadura representando Vénus emergindo das águas e apoiada em dois tritões. A sala contígua apresenta guarnição superior das paredes com pinturas de grinaldas suspensas, silhares de azulejos policromos de estilo rococó e neoclássico de composição ornamental. A sul desta sala, situa-se a escadaria que dá acesso a zona residencial de quartos e instalações sanitárias, cujos quartos apresentando silhares de azulejos idênticos ao piso térreo. Numa sala de jantar, junto à escadaria, de planta quadrada observa-se lareira de pedra e os cantos cortados com armários com portadas em vidro dando à divisão uma forma oitavada com decoração de estilo neoclássica (redecorada em meados do século 20). PICADEIRO: de planta rectangular situa-se a E. da Sala dos Óculos, apresenta na fachada voltada a N., porta com verga de cantaria curva e a ladear duas janelas; o interior é amplo com algumas divisórias de arrecadação e tecto de vigas de madeira com telhado em telha tipo Marselha à vista; do lado nascente do picadeiro desce rampa que, passando o passadiço, liga ao pátio central do imóvel.

Materiais

Fachadas em alvenaria mista, rebocada e pintada, embasamento do piso térreo em cantaria aparelhada, vãos em cantaria de calcário e mármore com caixilharia de madeira pintada, telhados em telha de tipo marselha; interiores com paredes de estuque pintadas, pavimentos em madeira de carvalho, pau-santo e tijoleira; capela com pavimento em cantaria, retábulo de talha dourada e policromada, azulejos, ferro forjado.

Observações

*1 - Os azulejos da escadaria são de uma época anterior à construção do imóvel e alguns autores referem o facto de talvez pertencerem ao palácio que a família detinha dentro da cidade e que sofrera com o Terramoto de 1755; acresce o facto das cenas representadas não estarem na continuidade da escada, mas sim num plano horizontal do painel e de apresentar zonas truncadas. *2 - Nome que a tradição liga às primeiras reuniões ou sessões preliminares da Academia Real das Ciências realizadas nessa sala, com a presença do 2º Duque de Lafões, do abade Correia da Serra e outros membros, antes da instalação definitiva da Academia no edifício do extinto convento de Nossa Senhora de Jesus (v. 1106220314). *3 - Segundo informação dada pela casa leiloeira, os desenhos provinham da "Colecção dos Duques de Lafões".