Arquitectura civil, de raiz maneirista.
Planta irregular, sendo a articulação dos volumes preferencialmente na horizontal. Composto por dois volumes distintos mas uniformizados; um volume composto pelo alçado O. (lateral) voltado à Rua de Josefa de Óbidos e o alçado N. (frontal) voltado ao Largo de São Pedro. Continua, no entanto, visível esta diferença na volumetria do telhado. O alçado frontal, voltado a N., é composto por dois pisos. No r/c existem cinco janelas e duas portas (a principal de maiores dimensões); no piso superior outras cinco janelas e, entre a segunda e terceira, uma pedra de armas, com as Armas Reais portuguesas. No alçado lateral (voltado a O.) observam-se, no r/c, duas portas e duas janelas; no primeiro andar, um óculo oval, quatro janelas e, sobre as três últimas, outras três, que primitivamente iluminavam uma área de mansarda. Todo o edifício é cingido pelas tradicionais barras de cor, à excepçao do cunhal que define uma esquina entre os dois alçados, em cantaria, com almofadas proeminentes. Junto a este cunhal, sobre a primeira janela do primeiro andar do alçado O. (canto superior esquerdo) um pequeno campanário em cantaria e alvenaria. No interior, denotam-se algumas dificuldade de articulaçao dos diversos espaços. Ao nível da planta do imóvel, observam-se também duas áreas distintas, a ala E. com dois pisos e a N. com três. A escadaria de comunicação entre os dois pisos é de cantaria. Numa das paredes do Salão Nobre observa-se um nicho em pedra. Numa outra sala deste piso observam-se vestígios do arranque de uma abóbada e, no gabinete comunicante, uma pia de água benta (eventualmente uma pia de água benta de uma pequena capela ou oratório do palácio).
Materiais
o exterior: coberturas em telha mourisca assente em madeiramentos ou em placa de betao e tijoleira; paredes em alvenaria, rebocada e caiada, com aplicação de cantaria no acabamento dos vãos e em um cunhal (visível). Uso de madeiras, vidros e ferro nas caixilharias dos vaos (portas e janelas). No interior, uso de rebocos (alguns deles acabados a estuque e massa de afagar) e aplicaçao de azulejos artísticos em silhar, nas paredes do Salão Nobre; divisão entre os pisos em laje de betão e em madeira, uso de madeira nos soalhos (pinho) do piso superior, e de pedra calcária (molianos) e ladrilho no pavimento do piso inferior. Tectos em madeira e estuque (sem aplicações artísticas).
Observações
*1 - A construção deste palácio, eventualmente ocupou áreas já primitivamente edificadas, parece fazer parte integrante de uma profunda intervenção de reorganizaçao urbanística, operada a partir do senhorio da raínha D. Catarina de Austria, mulher do rei D. João III, na qual se incluem transformações em muitos outros imóveis. Vejam-se cunhais semelhantes em diversos outros edifícios de importância na Vila e junto à igreja de São Pedro, os quais apresentam feições maneiristas e de forte influência italiana (Paladium). *2 - A pia de água benta que existe num gabinete do piso superior deverá ter sido de uma capela particular do palácio. *3 - A pedra de armas foi colocada neste século e é proveniente da fachada da Igreja do desaparecido Convento de Nossa Senhora da Conceição de Vale Benfeito. *4 - Devido às obras que presentemente decorrem não se encontra definida a nova planta do imóvel, sendo que da sua distribuição primitiva só restam algumas das salas do piso superior: Salão Nobre (abarcando duas salas antigas), a sala que lhe fica imediatamente antes e um pequeno gabinete comunicante com o Salão Nobre e com uma varanda.