Mosteiro masculino cisterciense, gótico, maneirista e barroco, composto por igreja de planta cruciforme, de três naves escalonadas, capela-mor e sacristia e torre sineira adossadas ao lado esquerdo; no mesmo lado, desenvolviam-se as dependências conventuais, com claustro, dormitórios, noviciado, enfermaria, e a cerca, composta por várias capelas e fontes. A igreja, de fundação medieval, como se depreende da persistência de uma rosácea na fachada e a existência de arcos apontados e abóbada da nave em berço quebrado, foi muito alterada, em termos estruturais, no período maneirista, com transformação das naves laterais em capelas intercomunicantes e na reforma da fachada principal, tripartida por pilares salientes, rasgada por portal de verga recta, encimado por nicho e pelas armas portuguesas. Interior com capelas laterais decoradas com azulejo do tipo tapete e retábulos maneiristas e do barroco nacional, tendo, na nave central, o cadeiral da comunidade e um órgão, ambos de produção barroca. Transepto marcado por ampla janela termal, tipicamente maneirista, para onde abrem duas capelas colaterais, sobrevivência dos absidíolos medievais. Capela-mor ampla, decorada com azulejo figurativo azul e branco, de produção joanina e retábulo do estilo barroco nacional. No lado esquerdo, os dormitórios maneiristas e barrocos, amplos e rasgados por janelas de sacada regulares. Na cerca, subsistem três capelas barrocas. Do primitivo núcleo românico que incluía a igreja, um claustro, a sala do capítulo e restantes anexos conventuais, resta apenas a igreja e as estruturas monásticas de encanamento; tradicionalmente, o primitivo convento situar-se-ia no local onde se ergue a Capela de São Gonçalo. O templo é de pequenas dimensões, contrastando com a imponência das ruínas dos dormitórios, mas com profusa decoração escultórica, pictórica e azulejar. No interior, destaca-se a manutenção do cadeiral na zona da nave, como era usal entre os mosteiros cistercienses, o do lado da Epístola, encimado por órgão. Importantes vestígios dos sistemas de canalização hidraúlica, com "levadas". Imediatamente contíguos ao monumento se encontravam, sobre testemunhos arqueológicos românicos, um conjunto de parcelas, em regime de minifúndio, edificações situadas a poente, estruturas góticas em ruínas, dotadas de grande monumentalidade e de função desconhecida.
Mosteiro bastante arruinado, de que restam a igreja, de planta cruciforme de três naves com cinco tramos, a central mais elevada e as laterais formando capelas intercomunicantes, transepto e capela-mor mais estreita, de volumes articulados a que se adossam a sacristia e uma torre sineira, quadrada, ambas à fachada lateral esquerda; no lado N., sobrevive o corpo dos dormitórios e vestígios da cerca, onse se implantam duas capelas. IGREJA de volumes articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, três na sacristia e quatro na torre e fachadas em alvenaria e cantaria de granito aparente. Fachada principal em empena, rematada por cruz latina sobre plinto, seccionado em três panos por dois pilares colossais salientes, que marcam a divisão interna da nave, com cunhais apilastrados, todos firmados por pináculos piramidais com bola. Pano central rasgado por portal de verga recta encimado por friso, cornija, nicho rectilíneo, flanqueado por pilastras, contendo a imagem de São João Baptista, e as armas da Ordem; está flanqueado por duas pilastras toscanas sobre plintos paralelepipédicos; o nicho está ladeados por duas janelas rectilíneas, assentes e rematadas por cornija, a superior encimada por frontão interrompido por elemento fitomórfico. Superiormente, uma rosácea. Os panos laterais são cegos, existindo, no do lado esquerdo, um arcosólio de perfil apontado. No lado esquerdo, a torre sineira, de dois registos divididos por cornija, o interior cego e o superior com sineira de volta perfeita na face S., surgindo, na face O., porta de verga recta de acesso através de escadas de cantaria e guarda metálica. Fachada lateral esquerda, virada a N., com a nave marcada por quatro contrafortes que a seccionam em cinco panos, rasgados por janelas de volta perfeita. O corpo do transepto apresenta uma janela de volta perfeita no topo. O corpo da sacristia tem duas janelas rectilíneas; junto a ela, torre sineira arruinada, rasgada por ventanas de volta perfeita. Fachada lateral direita, virada a S., marcada pelos contrafortes, por janelas de volta perfeita e, no corpo do transepto, por janela semiesférica; no corpo da capela-mor, duas janelas rectilíneas em capialço. Fachada posterior em empena, rasgada por duas janelas rectilíneas e molduras simples. INTERIOR em cantaria de granito aparente, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em abóbada de berço abatido, com arcos formeiros sustentados por mísulas, tendo os panos rebocados e pintados de branco; encontra-se seccionada, sendo a zona imediata ao portal axial dedicada aos fiéis e a seguinte, correspondente aos dois últimos tramos, ocupada pelo antigo coro dos monges, com cadeiral de pau santo, composto por 60 assentos, divididos em duas filas e com misericórdias em forma de carranca, marcados por alto espaldar de talha dourada que emoldura oito pinturas de cada lado, representando abades e papas, encimado por órgão no lado da Epístola. As naves laterais formam, de cada lado, cinco capelas intercomunicantes, que abrem para a nave central por arcos apontados bastante estreitos, as três primeiras com oragos e espólio decorativo; possuem coberturas em abóbadas de berço rebocadas e pintadas de branco e revestimento em azulejo policromo, do tipo tapete, sendo protegidas por teia de madeira com portadas centrais em balaustrada; são dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, São João Baptista e São Miguel (Evangelho) e a Nossa Senhora da Glória, Virgem, e São Pedro (Epístola). O transepto tem, no lado do Evangelho, porta de verga recta e remate em friso e cornija, correspondendo ao antigo acesso às dependências conventuais, apresentando quatro painéis de azulejo monocromo, azul sobre fundo branco, figurativo. Junto à porta, o túmulo do conde D. Pedro *2. No topo oposto, iluminado por ampla janela termal, e tendo retábulo de talha dourado, dedicado ao Desterro. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, encimado pelas armas de Portugal e tendo, no lado do Evangelho, uma capela com acesso por arco apontado, assente em impostas salientes, dedicada a São Bento; no lado da Epístola, uma capela colateral, dedicada a São Bernardo, com pavimento em lajeado e cobertura em abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, tendo retábulo de talha dourada. Capela-mor elevada por um degrau, com cobertura em abóbada de berço, ornada por grotescos e, painel central, com a representação de um raio. Nas paredes, quatro painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre fundo branco, com cenas alusivas à Ordem de Cister. Sobre três degraus, o retábulo-mor de talha dourada e planta côncava, de um eixo definido por seis colunas torsas ornadas por pâmpanos e duas pilastras, assentes em plintos paralelepipédicos e consolas, que se prolongam em quatro arquivoltas, três delas torsas, unidas no sentido do raio, formando o ático; ao centro, tribuna de volta perfeita, contendo trono expositivo; altar em forma de urna, ornado por cartela recortada. No transepto, surge uma porta de verga recta de acesso à sacristia, composta por dois tramos, totalmente revestida a azulejo de figura avulsa, com pavimento em ladrilho e cobertura em falsas abóbadas de arestas, decorada com grotescos e pelo escudo da Ordem de Cister. Possui arcaz de pau-santo, encimado por espaldar pintado e oratório central. No lado N. da igreja, é visível o corpo arruinado dos DORMITÓRIOS, em alvenaria de granito aparente e cunhais apilastrados, revelando a existência de dois pisos, o superio rasgado regularmente por janelas de sacada, rectilíneas, sobre óculos elípticos, com provável função de arejamento. Os topos apresentam empena contracurvada, rematada por cruzes latinas. A CERCA era ampla, implantada em encosta suave, disposta em socalcos, revelando vestígios do antigo sistema hidráulico, composto por galerias abobadadas, a casa da tulha, o moinho, e três capelas, a de Santa Catarina, quase arruinada, a de Santo António e de Santa Umbelina, esta junto à Fonte da Carranca. A Capela de Santa Umbelina é de planta longitudinal simples, com paredes rebocadas, percorridas por embasamento saliente, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por pináculos e rematadas em cornija. Fachada principal em empena recortada, rasgada por portal de verga recta e moldura recortada, encmado por frontão triangular interrompido, encimado por óculo com moldura simples, de cantaria.
Materiais
Estrutura em alvenaria e cantaria de granito; em alvenaria de tijolo; pilastras, cornijas, pináculos, cruzes, abóbadas, pavimentos em cantaria de granito; paredes interiores rebocadas; pavimentos, retábulos, portas, assentos de madeira; painéis e revestimentos em azulejo; janelas com vidro simples.
Observações
*1 - DOF: Compreendendo o Túmulo do Conde de Barcelos e o quadro de São Pedro e o Convento com todos os elementos que ainda possui. *2 - junto a este túmulo, existia o da Condessa, actualmente no Museu de Lamego. *3 - este dado coloca por terra a fundação do mosteiro cisterciense por Frei João Cirita, dado revelado pela crónica de Frei Bernardo de Brito, lenda questionada pela historiografia desde o séc. 19.