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Capela da Praça

Capela da Praça

O ponto de interesse Capela da Praça encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Arcos de Valdevez (Salvador) no municipio de Arcos de Valdevez e no distrito de Viana do Castelo.

Arquitectura religiosa, românica-gótica. Pequena capela funerária, construída no início do séc. 15, ou ainda durante os últimos anos do 14, estabelecendo estilisticamente a transição do românico para o gótico, de planta longitudinal com nave e capela-mor, sensivelmente inclinada, interiormente com tectos de madeira e iluminada por frestas laterais na capela-mor. Fachada principal terminada com empena, rasgada por portal em arco quebrado, de duas arquivoltas sobre impostas corridas. No interior, o arco triunfal é igualmente quebrado, de duas arquivoltas, com chanfro. Caracteriza-se pela sobriedade e singeleza de linhas, quer exterior, quer interior. Destaque Exteriormente, destaca-se apenas o portal, decorado com boleado numa das arquivoltas. Sobre este, foi rasgado posteriormente janela rectangular, entretanto fechada. Na fachada lateral esquerda possui porta travessa de verga recta, actualmente entaipada, e referência à existência de uma cachorrada sob a cornija antes da antes da construção do edifício adossado. No interior a parede que envolve o arco triunfal e a testeira da capela-mor conservam restos de pinturas murais, possivelmente executados no séc. 15, apresentando ainda em 1966 figuras de santos e cenas religiosas. A sua função funerária manteve-se ao longo de toda a época moderna, o que se pode atestar pela presença de lápides funerárias de membros da nobreza local, como por exemplo das famílias Casson, Abreu, Brito e Araújo que foram administradores da capela.

Planta longitudinal de nave única e capela-mor, rectangulares, de volumes horizontalizados com coberturas escalonadas, em telhado de duas águas. Fachadas de cantaria aparente com aparelho isódomo. A fachada principal, orientada, e terminada em empena, coroada por cruz latina de cantaria, é rasgada por portal de arco quebrado, com duas arquivoltas, a interior moldurada e a exterior decorada com bosantes, apoiadas em imposta corrida simples, que se prolonga pela fachada. No cunhal direito surge gárgula de meia-cana. Fachada lateral esquerda cega, terminada em beiral. INTERIOR: com aparelho de cantaria aparente, pavimento de lajes graníticas integrando diversas lápides funerárias com inscrições, duas com brasão, e tecto de masseira com travejamento à vista. À entrada, do lado do Evangelho, surge pia de água benta, aberta em capitel, de perfil facetado e com torsal inferior, assente num plinto cilíndrico. No lado da Epístola, rasga-se portal de verga recta, entaipado, e junto ao qual se dispõe troço de meia coluna. Segue-se-lhe arca tumular, de D. João Domingues, Abade de Sabadim, de tampa trapezoidal, em pedra e sem ornamentação. Arco triunfal quebrado, de duas arquivoltas, assentes nos pés direitos, com chanfro, precedido por dois degraus; a parede envolvente conserva, no lado da Epístola, vestígios de pintura mural. Nas paredes da nave dispõem-se, de ambos os lados, painéis acrílicos com fotografias do património do concelho. A capela-mor possui, lateralmente, frestas com vidros policromos, rasgadas sobre armários rectangulares embutidos, com porta almofadada. Na parede testeira, com vestígios de pintura mural no lado do Evangelho, rasga-se uma outra fresta, com capialço, terminada em arco abatido, albergando actualmente imaginária, possuindo do lado do Evangelho, pequeno nicho de alfaias, rectangular moldurado.

Materiais

Estrutura de granito aparente; pavimento de lajes em granito; tecto de travejamento de madeira; algerozes metálicos; cobertura de telha.

Observações

*1 - O escudo da lápide, não apresenta timbre, no entanto, ambas as armas das famílias representadas tinham timbre: o dos Araújo era um meio mouro sem braços, vestidos de azul e ouro ou a aspa do escudo; no timbre dos Cerqueira repetia-se o leão do escudo. *2 - O Abade João Domingues fundador da capela, destinou-lhe para a sua manutenção casais, herdades, uma quinta, devesas, soutos, chousas, vinhas e bacelos, distribuídos por Arcos de Valdevez e Ponte de Lima, podendo assegurar ainda a manutenção de três capelães, que tinham como função cantar três missas, duas dedicadas às almas do instituidor e uma ao rei. Em testamento expressou o seu desejo de ser sepultado nesta capela, sendo-lhe atribuída a arca tumular existente no seu interior, embora já não possua ossadas. *3"(...) esta casa foi deitada ao chão em Junho de 1838, e feita de novo toda e dividida em duas moradas, cada uma com a sua entrada, e cada uma deve reparar o telhado da Capela correspondente aos limites de cada uma e paragem o foro supra ao meio, isto no caso de divisão e suposto a obrigação dos reparos do telhado da Capela fosse para obter a licença da janela que está na cozinha da meação, da Casa do Terreiro, também foi para virar as águas da Capela todas à rua e tirar o cano que vertia as águas da Capela e da Casa que ia pelo meio da parede, e arruinavam a casa e por isso tem a mesma obrigação de reparar, a sua parte isto tudo no caso de divisão das mesmas para isso faço estas clarezas para constarem as obrigações que as mesmas tem sem contradição algumas de partes"", in João Baptista da Silva Gomes, A Capela de Nossa Senhora da Conceição da Praça (RESTUARADA), Sep. Terra de Valdevez, 2, Braga, 1981, p. 41. *4 - Assim se continuou o disposto por D. João IV, a 11 de Setembro de 1646, segundo o qual, as câmaras deviam reconhecer Nossa Senhora da Conceição como Padroeira do Reino, ao que acresceu a directiva de 30 de Julho de 1654, determinando que se colocassem pedras com inscrições comemorativas em todas as entradas das cidades, vilas e lugares do reino.