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Igreja de Santa Maria de Cárquere

Igreja de Santa Maria de Cárquere

O ponto de interesse Igreja de Santa Maria de Cárquere encontra-se localizado na freguesia de Cárquere no municipio de Resende e no distrito de Viseu.

Mosteiro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, composto por igreja e construções anexas no lado esquerdo, onde surgia a zona regral, desenvolvida em torno de um claustro. É de transição do românico para o gótico e deste para o manuelino, muito adulterado por obras sucessivas e pela reutilização dos espaços, com o desaparecimento do alpendre da fachada principal, púlpito e claustro *4, transformado em cemitério. Acha-se ligado a episódios da formação da nacionalidade portuguesa, a Egas Moniz e à Honra de Resende, cujos tutelares possuíam panteão no mosteiro, com várias arcas tumulares, identificadas por lápides com inscrições. A Igreja é de raiz românica, remodelada no período gótico, composta por nave, capela-mor, sacristia, um panteão e torre sineira, com coberturas interiores diferenciadas, de madeira na nave e anexos e em abóbada de nervuras na capela-mor. Fachada principal rematada em empena, tendo os vãos rasgados em eixo composto por portal de volta perfeita e rosácea, o primeiro modernizado no séc. 16, com o acrescento de arco canopial inserto em alfiz, manuelinos. Existência de siglas de pedreiro nas cantarias e manutenção de vãos românicos e góticos da capela-mor, que permitem uma escassa iluminação interna. Retábulos de talha dourada de estilo barroco nacional, os colaterais prolongando-se e revestindo parcialmente o arco triunfal, ainda arreigados a esquemas maneiristas, com remate em tabela. Sobre o arco, reaproveitamento de frisos de acantos entalhados, rodeiam a imagem do Crucificado, que remata com o símbolo da Companhia de Jesus e o escudo português. No arco triunfal, subsistem vestígios das pinturas murais quinhentistas. Na capela-mor, o atual acesso à sacristia era um arcosólio com túmulo, bastante saliente, em arco apontado e frisos de esferas.

Conjunto arquitetónico composto por igreja, ladeada por dependências do primitivo mosteiro adossados, surgindo, nas imediações, o nicho da Senhora do Encontro, do séc. 17, cruzes da Via Sacra, estátua da Senhora do Bom Caminho e monumento ao Imaculado Coração de Maria, ambos do séc. 20. No lado esquerdo, o nicho da Senhora da Piedade, datado de 1641, escadório com altar de granito e cruzeiro. IGREJA de planta poligonal composta por nave, capela-mor mais estreita, sacristia, capelas, torre e várias dependências do primitivo convento adossadas, de volumes articulados e disposição horizontalista das massas, com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas, rematadas em beiradas. Fachadas em cantaria de granito aparente com remates em cornija, as da capela-mor marcadas pela existência de contrafortes e cornijas, assente em cachorradas. A torre sineira remata em ameias decorativas. Fachada principal virada a O., rematada em empena encimada por cruz latina no vértice, de dois registos definidos pelo tipo de aparelho, o primeiro reentrante, rasgado por portal escavado, em arco de volta perfeita com três arquivoltas assentes em finos colunelos com base e capitéis ornados por motivos fitomórficos, a exterior formando arco canopial, e inscrito em alfiz, surgindo, superiormente a marcação do perfil do antigo portal. No segundo registo, com cunhais perpianhos, rasga-se óculo circular. No lado direito, adossa-se corpo com dois pisos, com aparelho irregular com vários silhares saliente, com remate em cornija suportada por cachorrada, rasgado por porta dintelada no primeiro piso, encimada por janela de peitoril, surgindo o vestígio de um antigo vão retilíneo, atualmente entaipado. No mesmo plano, arco a pleno centro que suporta o que resta de um muro de construção já desaparecida, com vários vão retilíneos marcados. Perpendicular a este muro, no lado direito, desenvolve-se a Casa do Caseiro. Fachada lateral esquerda rasgada por portal de arco polilobado com moldura múltipla, formando cogulhos nos remates interiores, ladeado por pia de água benta, surgindo, superiormente, três frestas e várias mísulas, marcando o adossamento de um corpo. Adossados à capela-mor, desenvolvem-se dois corpos de diferentes pés direitos, a atual sacristia e a capela funerária, a primeira rasgada por porta de verga reta, ambas com pequenas fenestrações jacentes, duas na sacristia e uma na capela. A fachada lateral direita está marcada pelo adossamento de vários corpos, o do extremo esquerdo com escada de dois lanços que acede a uma porta de verga reta, de acesso à Sala da Lamosa e ao coro-alto. Segue-se o volume da torre sineira, rasgada por porta de verga reta, fresta e sineiras, as da face S. descentradas; a silharia possui várias siglas, compostas por pequenas cruzes e letras (A, C, D, E, P). Segue-se o corpo da capela, rasgado por fresta e janela com mísulas nos ângulos. Fachada posterior rasgada por duas janelas apontadas, a do topo de dois lumes, com pequeno óculo trilobado. O corpo da sacristia possui fresta e porta de verga reta, surgindo, no corpo da capela, janela de volta perfeita apoiada em colunas. INTERIOR com as paredes em cantaria de granito aparente, com a nave coberta por teto de madeira em masseira e pavimento em lajeado com estrados de madeira. Coro-alto sobre arco em asa de cesto, com guarda de madeira. No lado do Evangelho, no sub-coro, um pequeno vão em arco abatido, com duas arquivoltas assentes em colunelos com capitéis ornados por folhagem, formando, no topo, um pequeno canopo, acede ao batistério. A pia é em cantaria de granito, composta por colunas e taça hemisférica e de bordos boleados, ornada por motivos vegetalistas e cordas em espiral. Junto à porta travessa, um nicho envolvido por talha policroma. No lado oposto, porta em arco de volta perfeita comunicante com divisão incaracterística, a Capela das Confissões *1, que, por sua vez, comunica com a torre e com outro espaço através de arco apontado. Desta, tem-se acesso ao coro-alto e ao exterior. Arco triunfal de volta perfeita com três arquivoltas, assentes em colunelos simples com capitéis decorados por elementos vegetalistas. Está ladeado por capelas retabulares colaterais dedicadas a Santa Maria e ao Sagrado Coração de Jesus, que se prolongam revestido parcialmente o arco e entaipando uma antiga fresta. Capela-mor com cobertura em abóbada de nervuras, assente em colunas nos ângulos e pavimento em lajeado de granito. Na parede testeira, o retábulo-mor de talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos e assentes em plintos paralelepipédicos e consolas, que se prolongam em duas arquivoltas, também torsas, unidas por aduelas salientes, formando apainelados de acantos e cabeças de querubins, constituindo o remate. Ao centro, tribuna de volta perfeita e boca rendilhada, contendo trono expositivo, com o intradorso ornado por acantos. Os eixos laterais formam apainelados de volta perfeita, assentes em pilastras e envolvidos por acantos, que enquadram duas mísulas com imaginária. Altar paralelepipédico ornado por acantos e encimado por sacrário do tipo templete, facetado e ladeado por pares de colunas torsas, tendo, nas ilhargas imagens relevadas e, na porta, a imagem de Cristo Redentor. Fronteira, a mesa de altar em cantaria, composta por pilares e tampo simples. No lado do Evangelho, um arco apontado, com alfiz e friso de esferas acede à sacristia, de planta quadrangular simples, com teto de madeira e pavimento em lajeado de granito, contendo o túmulo de Ambrósio B. Pereira com jacente, atualmente picada *2. Contígua a esta, capela funerária de planta retangular, com quatro arcas tumulares, duas delas insertas em arcosólios. No interior da Sala da Lamosa, algumas portas e janelas em ogiva e dois nichos e três frestas entaipadas para o lado da igreja. Possui lareira na espessura da parede.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; modinaturas, cruzes, colunelos, colunas, pavimentos, cobertura da capela-mor, túmulos, frisos em cantaria de granito; cobertura da nave, portas, caixilharias, pavimentos de madeira; retábulos de talha dourada; pinturas murais; cobertura exterior em telha cerâmica.

Observações

*1 - era, provavelmente, a primitiva sacristia. *2 - o túmulo foi colocado, inicialmente, no vão que liga a capela-mor à sacristia, constituindo um arcosólio fechado. *3 - segundo a tradição e crónicas dos primeiros reis de Portugal, o mosteiro terá nascido de um milagre de Nossa Senhora de Cárquere, que curou o problema nos membros inferiores com que D. Afonso Henriques nascera; em agradecimento, o seu aio Egas Moniz mandou edificar o mosteiro. *4 - o púlpito que se erguia no lado da Epístola, foi desativado e a sua pedra encontra-se no centro do escadório do Carvalhal, em frente ao altar; uma das colunas do alpendre encontra-se nos muros do cemitério.