Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Igreja Paroquial de Paderne

Igreja Paroquial de Paderne

O ponto de interesse Igreja Paroquial de Paderne encontra-se localizado na freguesia de Paderne no municipio de Melgaço e no distrito de Viana do Castelo.

Igreja construída no séc. 13, em estilo românico, integrando-se na 2ª fase do foco românico do Alto Minho. Apresenta planta cruciforme, de cruz latina, harmonizada com as necessidades e funções de reduzida comunidade monástica rural, mas sendo notório a adoção de algumas soluções arquitetónicas que lembram pormenores da ordem Cisterciense, como a cabeceira tripartida e o transepto. Tem fachada principal terminada em empena com portal de ombreiras salientes e decorativas, capitéis pequenos e decoração vegetal e floral, já do estilo gótico. O portal do transepto da fachada norte possui maiores dimensões e grande desenvoltura, o que se poderá explicar pela função funerária do espaço fronteiro e por razões de serviços de procissões; em termos decorativos é protogótico. A arcada exterior com arcozinhos sobre o toro foi influenciada pela Catedral de Orense. No interior tem azulejos seiscentistas, organizados em dois padrões diferentes sobrepostos e com excelente integração arquitetónica, cadeiral e imagens de madeira polícroma, barrocas, e retábulo-mor de talha em estilo nacional; o retábulo do absidíolo norte é neoclássico. A zona regral, construída à esquerda, possuem as fachadas definidas por pilastras, com fenestração regular, profundamente adulterada com a redução das janelas de sacada no segundo piso. Do claustro restam apenas três alas.

Planta composta por igreja em cruz latina, de nave única curta e transepto desenvolvido, cabeceira de 3 capelas rectangulares, torre sineira e sacristia adossada obliquamente a S.. Também a S. desenvolve-se corpo quadrangular, avançado em relação à igreja, e um outro perpendicular a este, criando pátio, a que se tem acesso por porta junto ao muro do adro. Volumes articulados, com coberturas em telha a 1, 2 e 3 águas. Frontespício, orientado, terminado em empena, aberto por portal de arco pleno, de 5 arquivoltas esculpidas com motivos florais, sobre colunas de capitel decorado, e janelão rectangular. Coroa-o pináculos e cruz central. Fachada N. contrafortada, com cornija a meio para apoio a dependências, 2 frestas de arco pleno e cornija esculpida sobre cachorrada. O braço N. do transepto tem a O., entre contrafortes, portal de arco pleno com arquivoltas esculpidas com motivos geométricos, sobre colunas; encima-o banda lombarda, rosácea decorada e cornija sobre cachorros; a N. abre-se numa espécie de alfiz, portal de arco quebrado com 3 arquivoltas sobre colunas. Interior com coro-alto, púlpito no lado da Epístola e cadeiral com alçados de madeira decorada e banco corrido de pedra de ambos os lados; arco triunfal quebrado sobre colunas com capitel de folhagem encimado por rosácea e várias imagens de madeira aplicadas no muro; tecto de madeira com travejamento à vista. Capela-mor com cadeiral, 2 janelas laterais e retábulo de talha; tecto de caixotões de madeira. Arcos quebrados sobre colunas e capitéis esculpidos fazem ligação aos braços do transepto. O do N. tem vestígios de pintura mural e de friso corrido; a parede O. do absidíolo é revestida a azulejos de padrão e, no seu interior, tem retábulo de talha; cobertura curva de madeira. O do lado N. tem absidíolo com vestígios de pintura nos capitéis e arco, de 2 aduelas; é encimado por fresta alargada e tem uma outra na parede testeira. Sacristia com arcaz, painel pintado, várias imagens e fonte de pedra com 2 carrancas e frontão curvo encimado por pináculos e cruz; tecto de madeira. A parte N. do claustro desapareceu e a de E. sofreu alterações profundas, devido adapatação a habitação. O corpo do claustro, de 2 pisos, é ritmado por pilastras tendo fenestração irregular na fachada N.; a O. tem janelas rectangulares e porta central de arco pleno no 1º piso; janelas quadradas, algumas ladeadas por outras muito pequenas no 2º. Entre este e o corpo perpendicular, os edifícios agrícolas; existe outro com largo arco, dando passagem para a quinta da antiga cerca, sendo encimado por janela. A face interior do claustro, tem os pisos separados por friso, tendo no 1º arcos plenos sobre colunas dóricas e no 2º janelas de sacada fechadas até meio.

Materiais

Estrutura em granito: portas de madeira; cadeiral em talha; retábulo de talha; revestimento a azulejos policromos; pinturas murais; pavimento em lages de cantaria; teto de madeira; cobertura de telha.

Observações

*1 - Os capitéis, à excepção de um historiado, têm decoração vegetal e nada volumosa, num estilo bem diferente da escultura arquitectónica anterior, mostrando que houve em meados do século, no Alto Minho, uma grande mudança de gosto. *2 - Junto à ala dos sepulcros encontramos um grafito posterior à construção - um cão com coleira - e que pode ter missão de guarda. *3 - A inscrição com a data de sagração "DEDICACIO: EGIDII: EPI: ISTA / ECLESIA: I IPE: JOHANES / PETRI: PRIOR: E: M: CCCII", foi feita com letras unciais, como é já usada no séc. 13 e princípios do séc. 14, mas nota-se ainda um certo arcaísmo nela. *4 - Segundo o Arq. Fernandes Pinto, "o grande afastamento entre a localização do revestimento de Paderne e as localizações mais próximas de revestimentos de iguais motivos denuncia um fornecimento originário da região centro. Por outro lado, a escassa quantidade de material necessário e a grande variedade de temas aplicados em obra tão pequena, permitem supor que foi utilizado o remanescente de outras aplicações maiores". *5 - Durante as obras de beneficiação do adro não foram identificados quaisquer vestígios arqueológicos. *6 - Apesar de alguns autores localizarem a fundação do Mosteiro no séc. 11 por D. Paterna e dizerem que era misto ou dúplice, ou seja, que tinha uma comunidade masculina e outra feminina, a documentação existente não permite confirmar tal facto; na pouca existente, nomeadamente a carta de couto, nada existe que permita chegar a essa conclusão. *7 - Em 1770 o Mosteiro constava de uma igreja com cinco altares, um na capela-mor, dois em capelas profundas e dois outros à face debaixo da grade, tinha uma "casa de grades" para a pia baptismal e uma sacristia junto ao claustro, que servia para os religiosos; tinha uma outra sacristia para os clérigos de fora, paramentada pelo mosteiro para os dois altares. No adro e pátio de fora, aberto, à direita da portaria ou do portão de entrada, surgia uma casa alta, tendo no piso térreo a cadeia e no superior a casa de audiência, a qual para além das funções ligadas à administração do couto, funcionava, sistematicamente, como tribunal. A S. do claustro, havia um grande pátio, em que se entrava directamente do exterior pela portaria, com alpendre da parte de fora, à volta do qual se dispunha a carpintaria (à direita), para S. a adega e lagar de vinho, com celeiro por cima, cavalariças e por cima a casa dos moços fidalgos; a E. tinha um forno e duas casas altas para fruta e, por baixo, a casa de bois; a N. tinha um arco com trânsito para o claustro, tendo na passagem, do lado direito, uma casa de hospedaria e, em frente, a de visitas, com quatro camarotes; a O. no claustro ficava a casa do capítulo, uma casa de visitas e a escada para os dormitórios; a N. ficava uma porta para a sacristia, num canto, e outra para o "de profundis"; a E. ficava uma outra imediata para despejos de madeira e a S. uma casa de procuração com outra imediata para despejos; no piso térreo do claustro ficava ainda outro "de profundis", o refeitório, a cozinha e a cozinha dos moços, e do outro lado duas casas que servia de dispensa; a cozinha tinha porta para um pátio onde se achava uma escada para os sinos da torre e para os dormitórios; esse pátio tinha uma porta para a cerca dos coelhos. No segundo piso do claustro existiam quatro dormitórios, do lado O. tinha um coro com o seu trânsito que servia de ante-coro e três celas, do lado S. tinha seis celas e uma alfaiataria; a E. tinha três celas e uma maior que servia de cartório e a N. tinha a livraria e duas celas que serviam de despejos com uma ante-câmara para a torre e para descer para o pátio da cozinha. Existia ainda um outro pátio fechado a S. da parte do celeiro, com o pomar de laranjeiras e limoeiros, dois moinhos, um para moer trigo e outro para milho, com um rego de água que passava por dentro da cerca, um pombal sem cobertura e umas casas velhas, a um canto.