Ponte de tipo arco, construída provavelmente no séc. 01, e reformada na época medieval, em gótico, passando a ser fortificada com duas torres, e a integrar o sistema defensivo da vila *1. A ponte é composta por dois troços distintos: um romano, mais simples e mais largo, como era comum nas pontes romanas, com o tabuleiro assente em arcos de volta perfeita, de aduelas rusticadas e com visíveis vincos fórfex, apesar do último já ser apontado, possivelmente devido a reforma posterior. O troço medieval, em cantaria siglada, assenta em arcos apontados, dois deles soterrados, devido a arranjos urbanísticos, com talha-mares prismáticos a montante e quadrangulares do lado oposto, encimados por olhais, também de arco apontado. Das torres que a fortificavam, subsiste apenas a base da Torre Velha, a norte, já nada restando da Torre dos Grilos, que ficava no extremo oposto, no alinhamento das muralhas da vila, onde hoje é a R. Amoroso Lima. O tabuleiro com guarda plena tem sensivelmente a meio marco de delimitação territorial, em forma de cruzeiro, com as armas da vila, já referenciado em 1758. O troço medieval representa em Portugal um novo protótipo de ponte, imitando outras espanholas existentes no caminho para Santiago, como Puente la Reina (Navarra) ou a de Zamora, que depois se reproduziu no norte do país, em Ponte da Barca e em Vilar de Mouros.
Ponte composta por dois troços distintos, um romano e outro medieval. O troço medieval possui tabuleiro rampante muito suave, assente sobre quinze arcos apontados, visíveis, um deles ainda com soleira, com talha-mares de forma prismática a montante e quadrangulares do lado oposto, encimados por olhais, também de arco apontado. O tabuleiro tem pavimento lajeado, lateralmente com ralos de escoamento direcionado para as gárgulas, de canhão, que se dispõem irregularmente. É protegido por guarda plena de cantaria, com alvéolos marcados, sendo encimado, sensivelmente a meio, do lado montante, por cruzeiro, de coluna facetada, cruz latina de braços rematados em flor-de-lis e escudo no capitel, com as armas da vila. A norte a do troço medieval subsiste base de uma das torres que a fortificava, avançando para jusante, de planta quadrangular e corpo terminado ao nível da guarda do tabuleiro. A partir da torre, desenvolve-se o troço romano da ponte, muito simples, de tabuleiro rampeado e mais largo que o troço medieval, assente sobre sete arcos de volta perfeita e apontados, dispostos irregularmente e com diferente amplitude de vão. Os arcos têm aparelho rústico e denotam ainda os fórfex para içar as pedras. O sétimo arco, a norte, e do aldo montante, está entaipado pelo maciço onde assenta a Igreja de Santo António da Torre Velha e o seguinte, mas do lado jusante, está também entaipado, restando apenas cinco arcos visíveis. Possui igualmente guarda plena de cantaria, marcado por alvéolos.
Materiais
Estrutura em granito com aparelho "quadratum" e "vittatum".
Observações
*1 - A estereometria do aparelho permite detetar várias reconstruções que, segundo A. de Sousa Machado, se alinham da seguinte forma: 1) inicialmente tinha o seu tabuleiro horizontal; 2) reconstrução com pavimento formado pelo extradorso dos arcos ligados entre si por pedra e entulhados, notando-se ainda as relheiras; 3) recobre-se os arcos, ficando com pavimento de cavalete, mas desprezando-se parte da largura dos arcos primitivos (cerca de 50 a 70 cm de cada lado), os quais já não foram totalmente aproveitados para o leito da ponte; 4) a ponte medieval foi emendada na romana, da Igreja de Santo António para poente, no maciço que separa os seus cinco arcos romanos (quatro de volta perfeita e o quinto apontado) dos outros dois, já de reconstrução medieval, como denota o seu aparelho e as siglas. *2 - A lápide proveniente da demolida Torre Velha, com as armas de Portugal, volta a estar no local da antiga estrutura defensiva da ponte, junto à Igreja de Santo António da Torre Velha, entre os troços medieval e romano, assente sobre quatro cilindros em aço inox, e dispondo de placa explicativa.