Escola primária, projetada por Alberto Aires Braga de Sousa, construída na década de 1940 do século 20, ao abrigo da primeira fase do Plano dos Centenários, programa de construção em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo a partir de 1941, em sucessivas fases, com o objetivo de constituir uma rede escolar de abrangência nacional, que suprisse a falta de estabelecimentos condignos para o ensino e permitisse a aplicação das novas bases pedagógicas definidas pela reforma do ensino promovida pelo ministro Carneiro Pacheco (1887 - 1957). O plano previa a construção 12.500 salas, ao longo de dez anos, tendo a sua execução ficado a cargo da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que, numa primeira fase, retomou e adaptou os projetos tipo regionalizados desenvolvidos em 1935. O projeto base é pensado tendo por unidade de construção a sala de aula para uma capacidade máxima de 40 crianças; desenvolvendo-se em função do número de salas a contemplar, que seria necessariamente par, permitindo a articulação de dois corpos idênticos, um destinado a alunas e outro a alunos; contemplava ainda a existência de instalações para o corpo docente, uma cozinha/copa, refeitório, instalações sanitárias e um alpendre (recreio coberto) e recreio ao ar livre. A fachada principal deveria estar orientada a sul, sudeste, sendo esta a orientação privilegiada para as salas de aulas e alpendre, como forma de tirar um melhor aproveitamento da luz solar, e resguardar dos ventos mais frios, pelas mesmas razões, o recreio deveria estar na frente do edifício. Para norte ficariam orientados os espaços de circulação. Interiormente, as salas de aula deveriam medir 8 x 6 metros, com 3,5 metros de pé-direito, servidas por grandes janelas. lncluem-se, na construção, recreios cobertos, com áreas mínimas de 160 m2 e recreios ao ar livre com cerca de 2000 m2 para cada secção. O gosto tradicionalista é visível sobretudo no exterior, com uma aparência próxima da arquitetura do regime, nas fachadas principais proliferavam cantarias trabalhadas, com destaque para as pedras de armas. Em Lisboa, vivendo-se um período de forte crescimento populacional, houve uma clara opção pela construção de grupos escolares com dezasseis salas (oito em cada secção), no entanto, as condições físicas do terreno disponibilizado para a edificação do presente grupo escolar, obrigaram a que este tivesse apenas doze salas de aula (seis para cada secção), também a orientação do edifício, construído no sopé do Monte Agudo, foi alterada, ficando as salas de aula maioritariamente orientadas a oeste, mas havendo também algumas orientadas a este, a norte e a sul. A área disponível para o recreio descoberto foi aqui também claramente reduzida. Por último de notar que o principal elemento decorativo empregue neste grupo escolar reside na ampla utilização do tijolo aparente.
Conjunto de planta composta, poligonal, resultante da articulação de três corpos principais, semelhantes entre si, de dois pisos, retangulares, e um terceiro corpo, central, de um e dois pisos, composto por três módulos, dois paralelos e um perpendicular, articulados entre si. Ao corpo retangular mais a norte adossa-se, no seu extremo sudoeste, um pequeno quadrado (torre que assinala a entrada no grupo escolar). A estes corpos principais justapõem-se, hoje, duas estruturas de um só piso, também retangulares, de construção mais recente, formando dois pátios internos. As coberturas são maioritariamente em telhados, de duas águas, sendo nos extremos dos edifícios principais de três águas e, na torre, de quatro águas. As estruturas mais recentes apresentam cobertura plana. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, com soco em tijolo, rasgadas por janelas retilíneas com molduras de alvenaria simples. O acesso ao imóvel é feito a oeste, a partir da Praça das Novas Nações, na confluência das ruas da Ilha do Príncipe, a norte, de Angola, a oeste, perpendicular à entrada, e de Cabo Verde, a sul. A entrada encontra-se sensivelmente ao centro, marcando a articulação entre os três corpos principais (corpos letivos), que estabelecem um pequeno pátio fechado ao exterior por uma torre, estreita e alta, revestida a tijolo, contendo o relógio e o mastro para a bandeira nacional, e, anexo a esta, um muro/parede encimado por beiral telhado, também revestido a tijolo e rasgado por três arcos de volta perfeita, tendo no final um baixo-relevo com o brasão municipal. Ultrapassado o muro, o pátio é formado pelas fachadas laterais, direita do corpo mais a norte, e esquerda do corpo mais a sul, e pela fachada lateral direita do terceiro corpo. As fachadas laterais dos corpos norte e sul contêm a porta, com moldura de verga curva, em arco de volta perfeita, ladeada por uma janela retangular no piso inferior e encimada por duas janelas retangulares no piso superior, a fachada lateral do terceiro corpo é rasgada, ao centro, por uma janela retangular em cada piso. A fachada principal, a oeste, é composta pelas fachadas de dois corpos letivos, o primeiro com dois panos, sendo a parede do primeiro cega e, a do segundo, rasgada por um grupo de três janelas com moldura de alvenaria simples e separadas entre si por painel em tijolo. O segundo corpo letivo apresenta um único pano rasgado por dois grupos de três janelas com moldura de alvenaria simples e separadas entre si por painel em tijolo. As fachadas laterais externas destes dois corpos letivos (fachada esquerda do corpo norte e direita do sul) apresentam parede cega. As fachadas norte e sul do corpo central, dizem respeito a corpos letivos, são compostas por dois panos, um rasgado por um grupo de três janelas com moldura de alvenaria simples e separadas entre si por painel em tijolo em cada piso e, o pano mais próximo da articulação com os outros dois corpos, rasgado por duas pequenas janelas retangulares ao nível do teto de cada piso, mostrando um área de circulação, corredor e escadas. A fachada este do corpo norte é composta por dois panos, sendo aquele que faz ângulo com o central rasgado por duas pequenas janelas retangulares ao nível do teto de cada piso, mostrando uma área de circulação, corredor, e o seguinte, rasgado por dois grupos de três janelas com moldura de alvenaria simples e separadas entre si por painel em tijolo em cada piso. A fachada este do corpo sul é composta por um só pano rasgado por três grupos de duas pequenas janelas retangulares ao nível do teto de cada piso, demonstrando tratar-se de corredores. Na sequência do terceiro corpo ficam as estruturas alpendradas, suportadas por arcos de volta perfeita e os dois refeitórios/cantinas. INTERIOR: a escola encontra-se estruturada a partir dos dois edifícios principais, idênticos (que correspondiam às secções masculina e feminina), aos quais se acede a partir de um átrio, localizado no extremo sul do corpo norte e no extremo norte do corpo sul, de onde partem os amplos espaços de circulação, corredor do rés-do-chão, escadas e corredor do primeiro andar (ambos os corredores com iluminação unilateral feita a partir de janelas colocadas ao nível do teto nas traseiras do corpo sul e na segunda metade do corpo norte, e na fachada principal da segunda metade do corpo norte), que dão acesso a quatro salas de aula semelhantes entre si (com 8 x 6 metros e 3,50 metros de pé-direito). Comportam ainda a existência de gabinete para docentes e instalações sanitárias. O corpo central, com acesso direto a partir dos corredores dos dois primeiros, comporta as restantes quatro salas de aula, permite, ainda, o acesso às estruturas alpendradas que servem o recreio coberto (com 160 m2 cada), finda a qual se encontra a pequena copa/cozinha e as cantinas/refeitórios (pensadas para cem crianças). O recinto comporta ainda um recreio descoberto, servido por um equipamento lúdico, é vedado por cerca de arame a poente e por um muro de contenção de terras a nascente.
Materiais
Estrutura em betão e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; socos em tijolo, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria de calcário; caixilharias em madeira, vidro e metal.
Observações
*1 Em 1935, numa tentativa de resolver a situação da falta de espaços aptos para o ensino, tinham já sido desenvolvidos para a DGEMN, pelos arquitetos Rogério de Azevedo (Norte e Centro) e Raul Lino (Estremadura e Sul), a partir de um ante-projeto desenvolvido pelo então arquiteto-chefe da 1.ª secção da Direção de Edifícios Nacionais do Sul, Guilherme Rebelo de Andrade (1881 - 1969); *2 Em projeto desde 1921, o designado Bairro das Colónias foi edificado ao longo da década de 1930 no Sítio da Charca, entre os bairros do Andrade e de Inglaterra.