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Grupo Escolar da Célula 4 do Bairro de Alvalade

Grupo Escolar da Célula 4 do Bairro de Alvalade

O ponto de interesse Grupo Escolar da Célula 4 do Bairro de Alvalade encontra-se localizado na freguesia de Alvalade no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Escola primária, projetada e construída na década de 1950 por Manuel Coutinho Raposo, no âmbito da segunda fase do plano dos Centenários em Lisboa, programa de construção em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo a partir de 1941, em sucessivas fases, com o objetivo de constituir uma rede escolar de abrangência nacional. A partir da segunda fase do programa, em Lisboa, processa-se uma decisiva viragem para uma arquitetura moderna. Sem resquícios de monumentalidade ou regionalismo, as propostas arquitetónicas elaboradas nas segunda, terceira e quarta fases revelam uma visão humanizada e funcional do edifício, adequando-o ao universo infantil. O projeto é considerado de uma forma global, abrangendo todos os detalhes do interior e exterior da escola, num renovado interesse por técnicas e materiais caracteristicamente portugueses, como o azulejo ou a calçada mosaico, e com a possibilidade de integração de outras formas artísticas, nomeadamente a escultura, com um reportório atualizado e adaptado ao imaginário infantil. O programa funcional, onde era possível já vislumbrar uma conceção moderna do espaço, continua a ser o mesmo, tendo a sala de aula, com uma capacidade máxima de 40 crianças (medindo 8 x 6 metros, com 3,5 metros de pé-direito, servidas por grandes janelas) como unidade de construção, desenvolvendo-se por dois blocos idênticos, com o mesmo número de salas, um destinado a alunas e outro a alunos, e contemplando ainda espaços de utilização comum. A Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Almirante Gago Coutinho, muito embora se distancie das escolas construídas na primeira fase do plano, não apresenta ainda um arrojo formal perfeitamente integrado no Movimento Moderno, podendo ser considerada como sendo de compromisso, ou transição. Mantém ainda a cobertura maioritariamente telhada de duas águas, um desenho de fachada com marcação vertical de vãos e um grande peso de cantarias, no entanto há a assinalar o moderno uso de grandes alpendres (recreios cobertos) formados por laje de betão sobre pilotis e parede fundeira a separar os espaços das secções masculina e feminina. O grupo escolar é construído procurando dar resposta à preocupação inicial do promotor da obra em aplicar uma economia de custo, dispondo da menor área coberta possível, aproveita o declive natural do terreno criando dois espaços letivos completamente autónomos, localizados em cotas diferentes, muito embora construídos em linha, articulados por um terceiro corpo, central, onde se encontram os dois refeitórios e os espaços de utilização comum, instalações para o corpo docente, secretaria, biblioteca e instalações sanitárias. As salas de aula estão orientadas a sul, assim como os recreios, estando a entrada principal localizada a norte. As entradas das secções feminina e masculina são assinaladas com a presença de grupos escultóricos concebidos para o efeito.

Planta poligonal, composta, conseguida pela articulação, de dois corpos retangulares, de dois pisos, alongados, desenvolvidos no sentido poente-nascente, e um central mais saliente, ao qual se adossa, perpendicularmente, uma outra estrutura retangular (sentido sul-norte). A estes juntam-se, atualmente, para sudeste, mais três corpos retangulares de um só piso, alongados, dispostos em forma de ferradura; para noroeste encontra-se um outro retângulo autónomo. As coberturas do edifício original são maioritariamente em telhado de telha cerâmica de duas águas, sendo as do corpo de ligação e estrutura perpendicular (recreio coberto) plana em laje de betão; as coberturas dos restantes corpos (pavilhões, incluindo o gimnodesportivo), são em telhado de duas águas em fibrocimento. As fachadas do edifício original são rebocadas e pintadas de amarelo, rasgadas por janelas retilíneas com molduras de alvenaria simples e caixilharias metálicas, pintadas a vermelho, e soco de pedra; as dos pavilhões são de madeira escura, rasgadas por janelas retilíneas, sendo as do pavilhão gimnodesportivo novamente rebocadas e pintadas de amarelo, rasgadas por uma fileira de pequenas janelas retangulares ao nível do teto do primeiro registo e junto à cobertura. O imóvel encontra-se numa pequena elevação, sendo o acesso principal, a norte, feito por escadaria ladeada por muro de pedra que sobe por uma vereda desde a Rua Dom Pedro Cristo, no início do qual figura um grupo escultórico (um menino a acariciar um cão), hoje bastante danificado. A fachada principal, de dois e um pisos, é composta por três módulos, um central, correspondente ao corpo de ligação, com dois panos, um primeiro, que vence o declive natural do terreno, rasgado por duas filas de pequenas janelas retangulares, uma sobre o soco de pedra, e outra ao nível do teto, o segundo pano é centralizado por um envidraçado com caixilharia metálica, onde fica a porta principal, ladeada por inscrição com o nome da escola. Os dois módulos laterais dizem respeito às traseiras dos corpos letivos, são idênticos, muito embora se encontrem em cotas distintas (o terreno apresenta um desnível com uma amplitude máxima de 6 metros no sentido poente-nascente, o edifício apresenta um desnivel de aproximadamente um piso), de dois pisos, apresentam paredes rasgadas por uma fila de cinco grupos de três janelas retangulares em cada piso, e com três caleiras metálicas vermelhas. As fachadas laterais do edifício principal apresentam paredes cegas, sendo visível em ambas, a estrutura perpendicular ao corpo de ligação, um alpendre sob laje de betão assente em pilotis e parede fundeira decorada, de ambos os lados, com painéis de azulejo. O acesso nascente a esta estrutura é feito por uma pequena escadaria. A fachada sul do edifício principal, de dois pisos, apresenta-se novamente com três módulos, um central, que vence o declive natural do terreno, e que apresenta, ao nível do primeiro piso, uma galeria conseguida a partir de laje de betão sobre pilotis, atualmente fechada em marquise, encimada por doze janelas de guilhotina. Este módulo articula-se, de ambos os lados, com os módulos seguintes da fachada principal, idênticos, embora em cotas diferentes, de dois pisos, que correspondem às fachadas principais dos corpos letivos. Apresentam dois panos, um junto ao corpo central, onde se encontra a porta de entrada do primeiro piso, antecedida por um alpendre formado por pala de betão assente em muro do mesmo material no edifício da antiga escola feminina (na cota mais elevada do terreno), ou ficando na continuação do alpendre do módulo central, edifício da antiga escola masculina (cota inferior). O segundo módulo dos corpos letivos é rasgado por quatro grupos de cinco janelas com moldura de alvenaria simples em cada piso. O centro da fachada traseira do corpo principal articula com a estrutura perpendicular do duplo recreio coberto (cada com cerca de 160 m2). INTERIOR: a escola encontra-se estruturada a partir de um eixo de simetria que permite a separação entre duas secções, a feminina e a masculina, em módulos geminados, que a existência de cotas diferentes ajuda a tornar perfeitamente autónomos. O acesso ao interior é feito através da entrada norte, no corpo central, onde se encontram os serviços comuns, distribuídos em torno do átrio por onde se acede, neste piso, à cozinha/copa, despensa, dois refeitórios e casas de banho, no piso inferior acede-se a um recreio coberto (hoje uma marquise). No primeiro piso da fachada norte, para poente, encontra-se o primeiro piso do corpo da antiga escola feminina, aqui ficando o vestíbulo, porta independente, a sul, gabinetes de professores, vestiários, escadas para acesso ao piso superior, e corredor de distribuição das quatro salas de aula. O segundo piso é idêntico ao inferior. O corpo da antiga escola masculina desenvolve-se para nascente do corpo central. A sua entrada autónoma fica a sul, na continuação do recreio coberto do piso inferior do corpo central, a sua distribuição interna é semelhante à do corpo letivo feminino. As salas de aula (com 8 x 6 metros e 3,50 metros de pé-direito) são todas de iluminação unilateral, orientadas a sul, sendo os corredores, igualmente de iluminação unilateral, orientados a norte. No final do alpendre coberto, a sul, desenvolve-se, no sentido nascente-poente, um pavilhão gimnodesportivo. Grande parte do recreio descoberto é hoje ocupada por estruturas prefabricadas em madeira que albergam os laboratórios das ciências, as salas de trabalhos manuais, de educação musical e de educação visual e tecnológica. A assinalar ainda a existência de campos de jogos no recreio remanescente. Todo o recinto é vedado por cerca de arame.

Materiais

Estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria calcária; caixilharias em metal.

Observações