Castelo de montanha, composto inicialmente pelo recinto da Alcáçova (4 ha.) e pelo perímetro muralhado da vila (33 ha), defendido em parte por uma barbacã, logo seguido pelas cercas dos 2 importantes bairros ribeirinhos, a Ribeira (10 ha.) e o Alfange (2ha.) (BEIRANTE, 1980). Características românico-góticas: muralhas de panos verticais, coroadas por merlões prismáticos, rasgados por seteiras, reforçados a espaços regulares por baluartes de planta quadrangular e semicircular e por torres quadrangulares; portas de acesso de vão em arco quebrado; vestígios de fortificação maneirista: revelim triangular, de panos em talude, com guarita cupulada no vértice. As muralhas do castelo eram inicialmente rasgadas por portas, onde terminavam as 7 vias de acesso à povoação intramuros, cruzando os vales que delimitavam o seu perímetro e ainda por vários postigos: Porta do Sol, de acesso ao Alfange, Porta de Santiago (1416120012) e Porta de Atamarma, com ligação à Ribeira, Porta das Figueiras, Porta de Leiria, Postigo de Gonçalo Eanes, da Carreira ou de D. Margarida, Porta e Postigo de Manços, Postigo de Santo Estêvão, Postigo de Vale de Rei, Porta de Valada; surgem também na documentação referências ao Postigo de Gonçalo Correia, rasgado na muralha que delimitava uma zona intermédia entre a Alcáçova e Marvila, à sombra da Igreja de São Martinho a Porta de Alpram, de acesso a Marvila, o Postigo do Ferragial, em Marvila; das antigas torres são referidas a torre do Bufo, na Alcáçova a torre de Manços; a torre albarrã ou torre de menagem junto à Alcáçova (BEIRANTE, 1980). O coroamento com merlões prismáticos do revelim maneirista não atendeu às características da época a que o mesmo se reporta, considerado aliás por alguns autores como obra mourisca (FEIO, 1929). A Guarita que se destaca no corpo muralhado, junto à estrada de acesso a Alfange, assinala uma das sete entradas da cidade e é o único exemplar existente em Santarém.
Planta irregular, composta por muralhas de panos verticais, em parte rematados por merlões prismáticos, por vezes rasgados por seteiras, reforçados por baluartes de planta quadrangular e semicircular e ainda por torres quadrangulares; são ainda visíveis alguns troços do adarve. Reforçando a muralha a NO. um revelim, de panos em talude, rematado por pequenos merlões prismáticos, mostra no vértice uma guarita cupulada. Das antigas portas e postigos restam a Porta de Santiago, em arco quebrado, encaixada entre 2 casas de habitação, virada a NO., perto da Igreja de Santa Maria da Alcáçova (v. PT031416120035), a Porta do Sol, virada a SE., também em arco quebrado, rodeada por 2 torres quadrangulares assimétricas, abrindo no troço de muralha que rodeia o jardim das Portas do Sol, o postigo do Alfange virado a S., em arco redondo e a Porta de Leiria, em arco quebrado, embebida na parede da capela-mor da Igreja da Piedade (v. PT031416210022). A Torre das Cabaças (v. PT031416120020), junto a São João de Alporão (v. PT031416120002), é a mais bem conservada das torres da fortificação, antiga torre de Alpram (BEIRANTE, 1980), adaptada a torre do relógio; de planta quadrangular, com cobertura em domo, é coroada por uma armação em ferro onde se apoiam vasilhas de barro, que lhe dão o nome. Da torre de menagem resta parte da estrutura integrada no edifício do Seminário (v. PT031416210013), rasgada por 2 portas em arco quebrado e várias frestas. A porta de SANTIAGO, de vão em arco quebrado, de aduelas chanfradas do lado exterior, rasga-se a meio de um túnel, coberto por abóbada de berço em cantaria do lado interno, por abóbada de tijolo rebaixada do lado externo. Nesta face, sobre a porta, uma moldura em toro semicircular enquadra um recesso onde está esculpido o escudo nacional, parcialmente tapado pela abóbada do passadiço: de contrachefe em bico, mostra 6 castelos na bordadura e 5 quinas com besantes, as laterais postas na horizontal. Do lado interno são visíveis dos 2 lados pedras com orifícios onde giravam os gonzos da porta.
Materiais
Alvenaria de pedra.
Observações
*1 - abrange ainda as freguesias de São Nicolau e São Salvador; dentro do recinto muralhado existiam 8 freguesias: Santa Maria da Alcáçova, São Martinho, Santa Maria de Marvila, São Nicolau, São Salvador, São Julião, Santo Estêvão, São Lourenço; na Ribeira 4 paróquias: Santa Iria, Santa Cruz, São Mateus e Santiago; no Alfange 3: São João Evangelista, São Bartolomeu e São Pedro. *2 - DOF: Muralhas e Portas de Santarém (vestígios). Não estão abrangidos pela classificação troços da muralha entretanto postos a descoberto: Porta de Leiria, no interior da Igreja da Piedade, troço por detrás do edifício dos Bombeiros Municipais, troço fronteiro à Rua do Outeirinho, troços no Monte do Pereiro, atual cemitério dos Capuchos, torre situada junto à Calçada das Figueiras, antes ocultada por prédio que entretanto caíu, troço de ligação à porta de Manços, com brasão do Município, situado num prédio setecentista, na Rua da Amoreira, nº 114. A Porta de Santiago tem classificação distinta (v. PT031416120012). *3 - A porta de Atamarma está encimada por uma capela com tribuna de talha e a imagem de Nossa Senhora da Vitória, mandada erigir por D. Afonso Henriques; tem uma porta e uma escada dentro da muralha; sobre o arco, a inscrição "Vir Dei (sic dicta) Ibi Victoria nomen / Hac Terrae Alphonsus vi patefecit iter: 1568". A Porta de Leiria ligava à Fonte das Figueiras e foi aberta por D. Manuel I para dar acesso ao Chão da Feira, com uma ermida pertencente ao Paço, dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe e com várias pinturas antigas. A Porta de São Mansos tem uma capela com a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso, de vestir e com 2 palmos de altura. A Porta de Valada tem a Capela da Senhora Madre de Deus, que divide sobre a porta um arco de volta perfeita, com retábulo de madeira pintada com a Virgem com o Menino em pedra e 4,5 palmos, tendo coroas de prata; surge, ainda, uma imagem de São Benedito. A Porta de Alcáçova tem sobre o nicho tosco a Virgem e Santa Ana, ladeadas pelas imagens de São Sebastião e de São Miguel, todas de pedra. (MATOZO, pp. 88 - 93).