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Área urbana das Amoreiras e Campolide

Área urbana das Amoreiras e Campolide

O ponto de interesse Área urbana das Amoreiras e Campolide encontra-se localizado na freguesia de Campolide no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Sector urbano. Área urbana situada em planalto e encosta. Abrange áreas de formação e malha urbana distintas, cujos pontos comuns assentam na implantação em terrenos altos, nos eixos viários que as interligam e articulam com outras áreas da cidade, assim como no atravessamento do aqueduto e localização da mãe de água principal, e na integração da linha defensiva da cidade. Inicialmente um subúrbio de carácter rural, constituiu-se desde a época setecentista como um espaço distribuidor da cidade, em parte também por via da implantação de algumas casas religiosas (Trinitárias, Oratorianos) e quando foi projectada a localização de um palácio régio e patriarcal nas proximidades da área (sítio de Buenos Aires). Integra área proto-industrial pombalina planeada por engenheiros militares (Fábrica das Sedas e Bairro das Águas Livres) e bairro oitocentista com traçado ortogonal (Campo de Ourique). Parte integrante da área escolhida no reinado de D. João V para expansão da cidade setecentista, aí se situando o ponto de chegada monumental da infraestrutura do aqueduto das Águas Livres (arcaria do vale de Alcântara, Arco das Amoreiras e Mãe de Água). O Largo do Rato converteu-se num espaço distribuidor de fluxos da cidade, para lá confluindo caminhos anteriores à estruturação do seu espaço urbano, aspeto reforçado pelos eixos viários construídos no século 20. A Fábrica das Sedas e o Bairro das Águas Livres, cujo desenho se deve a Carlos Mardel (tal como a Mãe de Água das Amoreiras e o Chafariz do Rato), constituíram uma das primeira unidades proto-industriais planeadas de raiz em Portugal.

Área urbana composta por unidades morfologicamente distintas: Amoreiras, Campo de Ourique, Prazeres (cemitério) e Campolide, relacionadas entre si pela implantação em planalto e encostas do vale de Alcântara, pelo percurso do aqueduto da Águas Livres (Campolide e Amoreiras) e pela integração da linha defensiva da cidade (Prazeres, Campo de Ourique e Campolide). Encontram-se articuladas por eixos viários, antigos caminhos anteriores à consolidação urbana desta zona, que convergem na sua maioria para o Largo do Rato, ponto fulcral da distribuição viária da cidade, pelo menos desde o século 18. Situada no limite do termo de Lisboa, esta área era essencialmente rural no século 16: Campolide e as encostas de Alcântara abundavam em vinhedo, pomares e olivais. A partir do período da Restauração o limite natural a ocidente constituiu-se também como limite administrativo, sendo a encosta entre os Prazeres e Campolide integrada no sistema fortificado da cidade. Nessa sequência começaram a surgir as primeiras quintas, pertencentes a membros da nobreza ou a ordens religiosas, com destaque para a quinta de São João dos Bem Casados, cuja rua homónima deu origem à Rua Silva Carvalho, eixo de ligação entre Campo de Ourique e a Rua das Amoreiras. A decisão, na época joanina, de construir o aqueduto das Águas Livres e de levar a sua infraestrutura para a área noroeste da cidade, onde se projetava a edificação do novo palácio real e patriarcal, na colina de Buenos Aires, permitiu o planeamento da expansão de Lisboa, para além do abastecimento de água. A edificação da Fábrica das Sedas junto à Rua Direita do Noviciado da Cotovia impulsionou o crescimento urbano do Largo do Rato, iniciado antes com o aforamento de terrenos pertencentes ao Convento das Trinas (IPA.00004043). O facto do terramoto não ter sido destruidor nesta área, propiciou uma migração da população da zona ribeirinha para as zonas mais altas situadas a ocidente (Rato / Amoreiras e Campo de Ourique). Duas décadas depois, a reforma pombalina da produção da Real Fábrica das Sedas, seguindo um modelo industrial apoiado na manufatura doméstica, deu origem a uma nova área urbana com traçado regular, desenhada por Carlos Mardel, situada a N. do Largo do Rato, no início da Rua das Amoreiras, e a NE. do conjunto do Arco das Amoreiras e Mãe-de-Água: o Bairro das Águas Livres (dos Fabricantes ou das Amoreiras), constituído a partir de uma praça de forma retangular (duplo quadrado por omissão de dois quarteirões), enquadrada por quarteirões quadrados, compostos por lotes com habitações de dois pisos, incluindo uma área oficinal. Além da Rua das Amoreiras (antiga Rua do Arco das Águas Livres) e da Rua da Escola Politécnica (antiga Rua da Direita do Noviciado da Cotovia, Rua Direita da Fábrica das Sedas), ao Largo do Rato chegavam ainda a Rua de São Bento (antiga Rua dos Olivais de São Bento), que fazia a ligação à zona ribeirinha, a Rua do Salitre (antiga Calçada do Salitre), vinda do Passeio Público, e as ruas do Sol ao Rato e de Rua São Filipe de Néri, eixos de ligação à Estrada da Circunvalação oitocentista, em parte correspondente à antiga linha defensiva. Tal como na área S. das Amoreiras, junto ao Largo do Rato, a ocupação de Campolide encontra-se estreitamente relacionada com o Aqueduto das Águas Livres, particularmente com a construção do troço do vale de Alcântara, organizando-se em duas áreas distintas: uma destinada aos mestres, a nascente do vale, com habitações de melhores condições, a outra, a poente, mais precária e onde se implantava o casario dos operários. No final do século 19, na sequência do Plano do Parque da Liberdade, de Frederico Ressano Garcia, surgiu a possibilidade da expansão para norte e a poente do Passeio Público, e a abertura, no início do século 20, da Avenida Alexandre Herculano, permitiu a ligação do Largo do Rato à Rua de Santa Marta, estabelecendo contacto com o Bairro Camões, situado a nascente da Avenida da Liberdade. A malha ortogonal dos bairros então edificados (Barata Salgueiro e de Entre Muros), encaixou-se nos eixos preexistentes: Rua São Filipe Néri, Rua Artilharia Um (antiga Rua de Entremuros de Campolide) e Rua do Salitre, constituindo estas vias os seus limites a O. e S. Nesta época, e também planeado por Ressano Garcia, estruturou-se o Bairro de Campo de Ourique, situado a O. do Largo do Rato, e limitado a N. pelo eixo da Rua Campo de Ourique / Rua de Sol ao Rato e a S. pela Rua Saraiva de Carvalho / Rua D. Dinis (antiga Rua de Santa Isabel / Rua de Santo Ambrósio), na antiga Quinta do Alto dos Prazeres e no Campo da Parada, no local onde se implantavam o aquartelamento setecentista e as obras de fortificação do Alto dos Prazeres e Campo de Ourique, integradas na linha de defesa da cidade. A S. estava já situado o cemitério dos Prazeres (antigo cemitério ocidental). Tal como os bairros do plano do Parque da Liberdade, o plano de Campo de Ourique obedece a uma malha ortogonal, composta por quarteirões regulares, atravessada por vias de menor dimensão do que os eixos viários principais. O plano inicial, que contemplava a área situada entre a Rua Ferreira Borges e a Rua Tomás da Anunciação, foi completado cerca de duas décadas depois, até à Rua Sampaio Bruno. O crescimento urbano desta área ganhou novo fôlego durante a década de 40 do século 20, na sequência do impulso dado às obras públicas pelo Estado Novo e da elaboração do Plano geral de Urbanização de Lisboa (ou Plano de Groër), onde são traçados os "eixos de circulações e comunicações principais". A execução do primeiro troço da autoestrada Lisboa - Cascais, até ao Estádio Nacional, proporcionou um rápido desenvolvimento para norte deste eixo, datando sensivelmente dessa altura a consolidação urbana de Campolide. No entanto, a Avenida Engenheiro Duarte Pacheco veio a interromper o eixo setecentista da Rua das Amoreiras / Estrada de Campolide. As encostas a nascente e poente do vale de Alcântara, onde se localizaram outrora as habitações dos mestres e operários da construção do aqueduto, foram as zonas escolhidas para a implantação de bairros de casas económicas: o Bairro da Calçada dos Mestres (a O.) e o Bairro do Alto da Serafina (a E.). Nessa década também, e para norte, foram abertos eixos complementares a fim de facilitar o acesso de e para a cidade: a Avenida Gulbenkian, prevista no Plano de Groër, que prolonga a Avenida de Berna, e a avenida Dom João V, que atravessa o espaço correspondente à cerca do mosteiro do convento das Trinas, ligando o Largo do Rato à auto-estrada A5.

Materiais

Não aplicável

Observações