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Igreja de São Gião

Igreja de São Gião

O ponto de interesse Igreja de São Gião encontra-se localizado na freguesia de Famalicão no municipio de Nazaré e no distrito de Leiria.

Igreja visigótica e românica com 3 naves e transepto, ábside de planta quadrangular, coberta por abóbada de berço, iconóstase, coro-alto (Garcia, Almeida, 1966, 1978). Igreja de nave única, com iconóstase, transepto, ábside, celas monacais dos 2 lados da nave (Schlunk, 1971). Segundo estes autores, a igreja foi construída no séc. 7, integrando-se estilisticamente na arte visigótica, pelo tipo de decoração das impostas e frisos (que surge também em San Juan de Baños e São Frutuoso de Montélios), pelo uso do arco ultrapassado apenas em 1/3 do raio, pelas dimensões dos vários espaços idênticas às de outras igrejas visigóticas (São Pedro de Balsemão) (Garcia, 1966), mostrando a iconóstase influência bizantina. Para Ferreira de Almeida a igreja integra-se num período mais tardio, já de influências moçárabes (séc. 10): o espaço interno muito fechado, centrado em torno do cruzeiro (distinto do espaço mais aberto da arquitectura visigótica), a existência de tribuna elevada sobre a porta, a entrada adintelada com arco de descarga, a solução adoptada na iconóstase, os arcos peraltados e não ultrapassados, os capitéis, o desenho e o recorte dos elementos decorativos (palmetas e acantos), as fortes impostas de acentuada molduração e as possíveis arcadas cegas da capela-mor (cujo arranque é visível junto aos alicerces) são indícios que apontam para a época da reconquista. Para Manuel Nuñez Rodriguez, trata-se de uma igreja monástica que dispunha, entre a nave e um suposto coro-alto, de uma porta e 2 janelas segundo disposição que vai dar à base orientativa da tripla abertura observada futuramente na Igreja de São Julião de los Prados, nas Astúrias. Esquema que marcaria a separação entre o espaço monástico e o ponto de acolhida aos fiéis.

Planta rectangular; volume simples coberto por telhado de 2 águas. Fachada principal virada a NO., com empena triangular, rasgada por porta de vão rectangular, com lintel encimado por arco a meio ponto adintelado, rematado por fresta; na fachada oposta reconhece-se o arranque de uma abóbada a berço rebaixado, contornando um arco ultrapassado cujo vão está tapado com tábuas; na parede O. rasga-se uma fresta e um nicho, adossando-se à parte terminal uma armação em madeira, protegendo a dupla arcada aí posta a descoberto. O interior, com tecto em madeira com travejamento à vista, é dividido por uma parede transversal que sobe até ao telhado, em que se rasgam 3 arcos peraltados, uma porta e 2 vãos laterais assentes em muretes, a c. de 1m do primitivo pavimento (a iconóstase), com uma abertura quadrangular perto do telhado; nas paredes laterais do transepto arcos duplos peraltados, apoiando-se em coluna monolítica central e lateralmente em impostas, com relevos (quadrifólios e SS); na parede NO. rasga-se o arco peraltado, que dava acesso à capela-mor, quadrangular (cujos alicerces foram descobertos nas escavações) assente em impostas, com palmas esculpidas. No chão distinguem-se restos de um pavimento em "opus signinum".

Materiais

Silharia e alvenaria, telha cerâmica, madeira.

Observações

A igreja situava-se outrora na margem da lagoa da Pederneira, entretanto assoreada.