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Forte de Santa Luzia

Forte de Santa Luzia

O ponto de interesse Forte de Santa Luzia encontra-se localizado na freguesia de Assunção no municipio de Elvas e no distrito de Portalegre.

Forte construído entre 1643 e 1648, no âmbito da guerra da Restauração, com projeto decidido pelo jesuíta holandês João Paschasio Cosmander e pelo engenheiro francês Jean Gilot, depois de vários projetos e de um início de construção conturbado, não seguindo uma escola de fortificação específica, mas introduzindo características inovadoras que o singularizam e que antecipam o sistema definido pelo Conde de Pagan (1645). O forte, construído num outeiro a sul da cidade e que constituía um padastro para a mesma, teve início logo em 1641, pelo governador das Armas da Província Matias de Albuquerque, como reduto com capacidade para albergar 300 homens, sendo pouco depois redesenhado, com planta em estrela, por Sebastião Frias, e novamente alterado, no ano seguinte, para "forte real", com projeto do engenheiro Jeronymo Rozett. O seu traçado polémico e o desacordo entre os engenheiros, leva o rei, em 1643, a formar uma junta composta por Cosmander, João Ballesteros, Lassart e Rozetti, dando a Cosmander e a Jean Gilot o poder decisório. Estes optam por uma "fortificação externa" ou obra avançada da praça, destinada a defender a sua frente sul, a mais vulnerável a um ataque inimigo. Apesar de a construção decorrer em paralelo com a fortificação da cidade e do envolvimento dos mesmos engenheiros, não se optou pelo Primeiro Método Holandês de Fortificação, abdicando-se de uma possível regularidade geométrica em prol da obtenção de maior poderio e funcionalidade militar, associado à necessidade de rapidez na construção causada pela pressão da guerra. Assim, o Forte de Santa Luzia, com traçado abaluartado, foi construído para melhor defender os lados mais propícios a ataques inimigos, com os ângulos de flanco obtusos e a linha de defesa rasante, fazendo um ângulo de 90º com os flancos dos baluartes e sem flancos secundários, nem canhoneiras nas cortinas. A sua defesa seria ainda reforçada, no início do séc. 19, no âmbito das invasões francesas, com várias obras interiores e exteriores. Apresenta planta poligonal irregular, composta por cortinas a formar um retângulo, com quatro baluartes poligonais nos ângulos, contendo no interior e separado por fosso, reduto central retangular, sobreposto pela casa do governador, e exteriormente circundada por fosso, com dois revelins nas frentes mais propícias a ataque, caminho coberto de traçado tenalhado, trincheiras e covas de lobo. Tem paramentos em talude, com grande parte da escarpa exterior formando ressalto, em alvenaria de pedra à fiada e cunhais em cantaria, rematados por cordão e parapeito liso ou em merlões e canhoneiras, integrando no ângulo flanqueado dos baluartes, a meio das cortinas e nos ângulos do recinto central, guaritas prismáticas e quadrangulares, sobre diferentes tipos de mísulas, rematadas por frisos e cornijas e cobertas por falso domo, de quatro panos contracurvos. Na frente norte, os parapeitos, à exceção do flanco nascente do baluarte da Conceição, são muito menos espessos e não têm canhoeiras, inclusive o reduto central, porque, segundo Domingos Bucho, se o forte fosse tomado pelo inimigo, o fogo da cidade destruiria esses parapeitos, impossibilitando a artilharia inimiga defender-se nos merlões. As mesmas características apresentam os flancos norte dos baluartes de Santo António e de São Pedro, o que permitiria apenas ao inimigo disparar a barbeta sobre parapeitos frágeis em direção à praça, conforme justifica o mesmo autor. A porta da magistral abre-se a meio da cortina virada à cidade, em arco de volta perfeita, em silharia almofadada e fendida, ladeada de pilastras toscanas, sustentando entablamento e espaldar recortado, com lápide alusiva à construção e brasão real. É encimada por compartimento quadrangular, de feitura mais tardia, coberto por falso domo, de panos contracurvos, que alberga o mecanismo da antiga ponte levadiça, que a precedia, o qual é acedido por adarve desenvolvido a partir da gola dos baluartes e que corre ao longo da cortina. Na frente oposta, virada a sul, rasga-se poterna, em arco de volta perfeita, com transito em abóbada de berço e portas duplas. O maior reforço militar faz-se nesta frente, por onde se esperava o ataque do inimigo. Assim, os baluartes, para além das canhoneiras, possuem baterias para tiro a barbeta e a gola foi reforçada, no séc. 19, por dois traveses, com canhoneiras acasamatadas, existindo também sobre o reparo da cortina nascente e poente, no ângulo mais a sul, e nesta última, um traves, para defender possíveis brechas causadas pelo inimigo. Ao longo das três frentes mais expostas desenvolvem-se no fosso interior, adossadas ou sob o reparo, as dependências de apoio, de um piso. As dispostas a nascente conservam a casa do forno e quartel, seguindo a tipologia dos construídos na praça, com grande simplicidade e sem recurso à cantaria, com compartimentos individualizados, acedidos por porta retilínea e com fresta para iluminar o interior, que tem cantareira e lareira, marcada exteriormente por chaminé sobre o remate da fachada, paralela à cumieira. O edifício poente albergava as cavalariças, tendo os vãos retos ou abatidos, e no ângulo sudoeste implanta-se, à superfície, um paiol retangular. Os compartimentos sob o reparo sul, do séc. 19, têm abóbada de berço à prova e fachada em talude, terminada em platibanda plena, com portas retilíneas, molduradas a cantaria. O reduto central, mais alto e com comandamento sobre o forte, ergue-se descentrado, avançando mais para norte, de modo a libertar espaço nos terraplenos a sul, e o parapeito do remate dessa frente tem maior número de canhoneiras, duas delas de ângulo, direcionadas para as linhas capitais dos baluartes. Tem acesso sobrelevado a norte, a partir do adarve da magistral, por porta simples, rasgada em corpo avançado, precedido por ponte levadiça. Integra pátio retangular, marcado por arcos sobre pilares, onde se abrem os vão de comunicação aos vários espaços. A sul, a antiga capela de Santa Luzia, existente no outeiro e que foi conservada, com planta retangular e atualmente de eixo longitudinal interno, composta por nave e capela-mor, cobertas por abóbadas de cruzaria de ogivas e de nervuras, respetivamente, tendo a sul vão de ligação a paiol retangular, rebaixado. A poente do pátio ficam as dependências dos soldados, em L irregular, cobertas por abóbadas de aresta, com duas naves, e cozinha, e a nascente, a área dos oficiais, antigo paiol e as comunas, atualmente adaptadas a latrinas individualizadas, com assentos de madeira; nesta frente há ainda túnel de acesso ao terraço do reduto, com plano inclinado para condução das águas pluviais para as caleiras dispostas junto ao parapeito, de abastecimento das duas cisternas existentes a nascente e a poente. No topo do reduto sobressai a casa do governador, construída sobre parte da capela, de planta quadrada, igualmente coberta em terraço, com lanterna quadrangular ao centro, semelhante às guaritas. As fachadas, simétricas, têm maior cuidado decorativo, com trabalhos de massa, de três panos definidos por pilastras, sustentando frisos, cornijas e platibanda plena, formando ao centro arco, contendo vieira sobre os vãos (portas a nascente e poente e janelas de varandim a norte e sul), e tendo nos panos laterais e no remate apainelados. No interior, um corredor em cruz grega estrutura quatro salas, tendo na sua intercessão curiosa escada para o terraço, desenvolvida na vertical, com degraus separados pelo corredor. Este esquema de reduto central sobreposto pela casa do governador, influenciará, na centúria seguinte, na construção do Forte de Nossa Senhora da Graça (v. IPA.00003771). O recinto magistral é circundado por fosso, aberto na rocha, com dois revelins irregulares virados a Espanha, um a sul, em frente da poterna, existindo entre ambos capoeira, e outro a nascente. No alto da contra escarpa do fosso, desenvolve-se caminho coberto, acedido por rampas, composto por sete tenalhas bastante avançadas nas frentes mais expostas, sobretudo a nascente e a sul, onde possui nos ângulos salientes bateria para tiro a barbeta, e tendo ainda a sul e poente sistema de galerias de contramina. Na frente norte, sob a proteção da praça, o caminho coberto possui apenas uma pequena tenalha central, a flanquear a porta do recinto magistral, e uma outra, tipo meio baluarte, a noroeste, por onde se acede ao forte e ao fosso. No início do séc. 19, a defesa foi complementada com a construção de trincheiras de pedra, de perfil curvo, a nascente e a sul, e angulosas a poente, a abertura de covas de lobo na rocha ao longo das estruturas, e a construção de uma galeria subterrânea de comunicação com a praça, integrado um paiol circular, coberto por cúpula. O forte comunicava com a cidade ainda por caminho coberto, construído logo em 1644, desenvolvido em linha reta a partir da porta de acesso ao forte, com parapeitos e banqueta de ambos os lados.

Fortificação de planta poligonal irregular, composta por recinto magistral retangular, de 161m x 144m, com quatro baluartes poligonais dispostos nos ângulos, denominados, a partir da porta principal, e no sentido dos ponteiros do relógio, por baluarte de Santa Isabel, de Santo António, São Pedro e da Conceição, possuindo no interior reduto central retangular, separados por fosso, e pelas seguintes obras exteriores: o fosso, circundando a fortificação, dois revelins, um a nascente e outro a sul, a flanquear a poterna, denominados, respetivamente, de Badajoz e da Poterna, capoeira, caminho coberto com traçado tenalhado, tendo nos ângulos re-entrantes das frentes nascente e sul trincheiras curvas e, na frente poente, uma angulosa, covas de lobo, esplanada e caminho coberto de ligação à praça. Apresenta paramentos em talude, com a escarpa exterior formando ressalto, em grande parte da sua extensão, em alvenaria de pedra à fiada e cunhais em cantaria, rematados por cordão e parapeito liso ou em merlões e canhoneiras, e com guaritas prismáticas, no ângulo flanqueado dos baluartes, assentes em mísulas com duas bolas, ou quadrangulares, a meio das cortinas e nos ângulos do recinto central, respetivamente, assentes em mísulas quadrangulares, ou formando arco inferiormente, mas todas rasgadas por três frestas de tiro e vão de acesso retilíneo, remate em friso e cornija e cobertas por falso domo, de quatro panos contracurvos, coroados por bola ou pináculo, precedidas de corredor. RECINTO MAGISTRAL: a meio da cortina norte, rasga-se porta magistral, em arco de volta perfeita, em silharia almofadada e fendida, flanqueado por pilastras toscanas, sustentando entablamento e espaldar recortado, definido por cordão, contendo lápide inscrita e brasão real. A porta é sobreposta por compartimento quadrangular, com cobertura em falso domo de quatro panos contracurvos, coroado por pináculo, sobre plinto paralelepipédico. Tem as faces firmadas por pilastras de massa nos cunhais, rematadas em cornija, encimada por acrotérios e espaldar central de volutas. Este compartimento alberga o mecanismo de acionamento da antiga ponte levadiça, com sarilho, e é acedido por portas de verga reta, através de duas rampas laterais, desenvolvidas ao longo da cortina, a partir da gola dos baluartes, permitindo ainda a comunicação com o reduto central por passadiço. Na frente sul abre-se a meio da cortina poterna, em arco de volta perfeita, sobre os pés direitos, moldurado, com transito coberto por abóbada de berço e tendo porta dupla. Transposto o portal entra-se no fosso interior, que circunda o recinto central, com faixas pavimentadas a calçada à portuguesa, a orientar o percurso de visita pelo terrapleno dos baluartes. Na cortina nordeste, sob a rampa do adarve, existe vão abatido, a partir do qual se desenvolve galeria subterrânea, estreita, com pavimento em terra e cobertura toscamente formada por lajes de pedra, dispostas em ângulo, que faz parte de um labirinto subterrâneo que estabelecia ligação com a cidade. Ligado à galeria, existe ainda paiol subterrâneo, de planta circular, de alvenaria de pedra parente, com pavimento em terra e coberto por cúpula. Os baluartes possuem as baterias cimentadas, tendo numa delas uma peça de artilharia, montada em reparo sobre plataforma de madeira, ladeado por estátua de um soldado, e pelo terrapleno dispõe-se vários pelouros. Os baluartes de Santo António e de São Pedro possuem plataforma para tiros a barbeta no ângulo flanqueado, acedida por rampa, e na gola dois traveses, dispostos em ângulo, rasgados por canhoneiras acasamatadas, de vão abatido. Sobre o reparo, junto à escarpa interior e perto dos ângulos, dispõem-se a nascente, poente e a sul traveses perpendiculares à cortina. Ao longo destas três frentes, surgem EDIFÍCIOS, a nascente e poente, adossado à escarpa interior das cortinas, e na frente sul, um adossado e outro sob o próprio reparo. Possuem planta retangular, de um piso, os adossados mais altos que o reparo e com cobertura em telhado de uma ou duas águas, rematada em beirada simples. As fachadas são pintadas de ocre. A ala a nascente é rasgada por vãos retilíneos, sem moldura, correspondendo à casa do forno, e antigos quartéis, tendo a divisão central servido de corpo da guarda. Os quartéis têm módulo regular, com pequenos compartimentos independentes, rasgados por porta e fresta, sobrepostos por chaminé, paralela à cumieira, tendo no interior lareiras e cantareiras. A casa do forno, atual receção e loja, conserva o forno, circular, com cúpula em tijolo, lar em placas cerâmicas e boca quadrangular, moldurado a cantaria. O edifício poente, de perfil posterior curvo, é rasgado irregularmente por vãos retilíneos e de arco abatido, sendo as janelas gradeadas, correspondendo dois compartimentos, um deles bastante amplo, a antigas cavalariças, com manjedouras. O edifício sul sob o reparo, antigas casamatas e atual museu, apresenta a fachada em talude, rematada em platibanda plena, rasgada por vãos moldurados a cantaria, seis de verga reta, de acesso aos compartimentos, e um em arco de volta perfeita, sobre os pés direitos, da poterna. No interior, os compartimentos têm as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico, e cobertura em abóbada de berço, com lareiras e cantareiras, interligando-se atualmente por vãos retilíneos. O corpo adossado ao reparo a sudoeste, de planta retangular e cobertura de duas águas, mais alto que os outros edifícios, corresponde a antigo paiol, com porta de verga reta moldurada, possuindo dois arcos de reforço até à escarpa do reduto central. O REDUTO CENTRAL, mais alto e com comandamento sobre o forte, tem igualmente paramentos em talude, rematadas em cordão e parapeito liso, na frente norte, mas rasgada a nordeste por 4 frestas de tiro, e em merlões e canhoneiras, nas restantes frentes, que são mais espessas. Apresenta cobertura em terraço, de ligeiro pendor, sobre parte da qual se desenvolve a casa do governador e integra a norte pequeno pátio retangular, no enfiamento da porta, delimitado por guarda em ferro. A meio da cortina norte, e ao nível do adarve da magistral, tem corpo retangular saliente, rasgado por porta de verga reta, encimado por duas frestas de tiro e lápide inscrita, precedida por passadiço fixo. O transito da porta, enviusado, acede ao pátio, com fachada sul de pois pavimentos, o superior correspondendo à casa do governador, e o inferior rasgado por porta de acesso à capela entre duas janelas, de verga reta, molduradas e gradeadas. As restantes fachadas têm estrutura semelhante, com algumas variações; a nascente e poente são reforçadas por arcos de volta perfeita sobre pilares, e rasgadas por janelas de peitoril, molduradas e gradeadas, e porta central; na fachada nascente ao centro possui túnel em L de ligação ao terraço; a norte existe arco sobre pilares, enquadrando o portal, e, lateralmente, dois arcos mais estreitos, encimados por friso de cantaria sobre mísula. INTERIOR: a sul dispõe-se a capela de Santa Luzia, de planta retangular e eixo interior longitudinal, composta por nave e capela-mor. Apresenta as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico e cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas, na nave, com com os arcos e mísulas sublinhados a ocre. Na parede fundeira, existe a marcação do antigo portal, em arco apontado, ladeado por dois nichos modernos, com imaginária. Arco triunfal boleado, encimado por friso almofadado e com pequenos motivos vegetalistas, e no intradorso formando apainelados de estuque, branco e ocre. Capela-mor pouco profunda coberta por abóbada de nervuras, sublinhadas a ocre. Na parede testeira, possui amplo arco, pouco profundo, para albergar o retábulo, e encosta-se altar e falso banco, em alvenaria rebocada e pintada de branco, com motivos decorativos de estuques, a ocre; o altar, tipo urna, tem o frontal decorado de apainelados e elementos vegetalistas. Na parede da nave, do lado do Evangelho, abre-se vão, em arco abatido, com escadas de acesso ao paiol, a uma cota muito mais baixa, com planta retangular e estrangulamento a meio, tendo cada um dos setores seccionado por arco diafragma; é coberto por abóbada de berço, com orifício circular de ventilação, com boca ao nível do terraço do reduto. As dependências a poente do pátio, do antigo corpo da guarda, possuem duas naves, cobertas por abóbada de aresta e cozinha, com lareira, sobreposta por chaminé quadrangular, ao nível do terraço. A nascente do pátio existe compartimento para os oficiais, um antigo paiol e as comunas ou latrinas, com quatro compartimentos individualizadas, acedidos por porta de verga reta, precedido de corredor, coberto com abóbada de berço, e tendo assento de madeira, com buraco circular e recorte frontal, encimados por fresta de tiro. No terraço da cobertura existem caleiras, ao longo dos parapeitos, para recolha das águas pluviais e respetiva canalização para as duas cisternas, a disposta a poente com planta irregular e boca junto ao parapeito, e a disposta a nascente de planta retangular com os ângulos facetados, tendo a boca junto às escadas para o pátio; ambas as cisternas têm cobertura em abóbada de berço. A CASA DO GOVERNADOR tem planta quadrada, desenvolvida sobre soco mais largo, criando faixas a nascente e a poente, por onde se faz o acesso. Tem cobertura plana em terraço, sobreposta por lanterna quadrangular, de cunhais bastante salientes, sustentando friso e cornija, coberta em falso domo de quatro panos contracurvos, coroado por bola; cada uma das faces é rasgada por duas frestas. As fachadas são rebocadas e pintadas de ocre, de três panos, definidos por pilastras de massa, sustentando o remate em frisos e cornijas, alteada ao centro, e platibanda plena, delimitando a cobertura. Em cada uma das faces, rasga-se ao centro, vão retilíneo, com moldura de massa recortada, encimado por vieira, correspondendo a portais a nascente e poente, e a janelas de varandim, a norte e a sul; nos panos laterais e na platibanda tem apainelados relevados. INTERIOR com corredor em cruz grega, enquadrando quatro salas, tendo ao centro pequeno espaço retangular, com circulação de norte para sul, integrando escada de comunicação com o terraço e a lanterna, desenvolvidas na vertical, em que cada um dos degraus surge separadamente em dois lados do retângulo. As salas têm lareira e alta cantareira e são cobertas por abóbada de aresta. Na frente poente, o murete que delimita a faixa que precede o portal, é rasgado por janela jacente, de iluminação da capela-mor. OBRAS EXTERIORES: o recinto magistral é circundado por FOSSO, aberto na rocha, comportando dois REVELINS irregulares, dispostos à frente da cortina nascente e sul, tendo acesso na gola, por lanço de escadas; a sul, entre a poterna e o revelim existe capoeira. Percorrendo o perímetro exterior do fosso e no alto da contra escarpa do mesmo, desenvolve-se o CAMINHO COBERTO, de traçado tenalhado, composto por oito tenalhas, a do meio da frente norte e a frontal à cortina poente de pequenas dimensões, e com pequeno meio baluarte a noroeste, por onde se faz o acesso ao fosso, por portal convexo, em arco abatido, sobre pilastras e com fecho saliente, rematado por cordão e platibanda plena. O transito curvo, coberto por abóbada de berço abatido, tem, de ambos os lados, porta de verga reta para os compartimentos. O caminho coberto é acedido por rampas e protegido por um reparo que servia de parapeito, possuindo nos ângulos salientes das frentes nascente e sul bateria para tiro a barbeta; na frente sul e poente, vão em arco abatido acede a galerias de contramina, interiormente de alto pé direito, coberto por abóbada de berço, em tijolo maciço colocado a cutelo. Nos ângulos re-entrantes do caminho coberto da frente nascente e sul surgem duas TRINCHEIRAS, de perfil curvo e, na frente poente, duas outras de perfil angular. As estruturas são ainda circundadas, à exceção do troço a noroeste, por três fiadas de COVAS DE LOBO, abertas na rocha. Entre o meio baluarte a a tenalha noroeste, desenvolve-se CAMINHO COBERTO de comunicação com a Praça de Elvas, em linha reta, atualmente interrompido pela estrada nacional, com cerca de 10m de largura, guarnecido por parapeitos e banqueta de ambos os lados, terminando na esplanada, em frente do baluarte da Parada ou da Praça de Armas.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra disposta à fiada e argamassa de cal, ou rebocada e pintada; portais, molduras dos vãos, cordão e mísulas em cantaria; guaritas em tijolo maciço, argamassado e rebocado; parapeitos e canhoeiras em alvenaria de tijolo, com formigão de terra e cal; terraplenos em terra e pedra; abóbadas à prova, em tijolo maciço; pavimentos cerâmicos nas dependências e nos terraços; lápides e brasão em mármore; portas, caixilharia e cobertura de algumas dependências em madeira; decoração em estuque na capela; cobertura exterior dos edifícios adossados ao reparo em telha.

Observações

*1 - Nesta planta de Guilherme Frederico Westernacher, é representando no fosso interior, adossado ao reparo da magistral, três quartéis, um a nascente, um a poente, e um outro mais pequeno a sul (posteriormente adaptado a paiol); no recinto central um corpo da guarda, em L, à direita do pátio, e um armazém de pólvora e as comunas à esquerda do mesmo; no baluarte de Santa Isabel e no caminho coberto em frente do baluarte de São Pedro e da tenalha da cortina poente existiam contraminas (Direção de Infraestruturas do Exército, GEAEM, SIDCarta, cota: 1703-1A-14-19). *2 - A cedência da parte do forte, onde em 1884 e 1890 fora estabelecido o lazareto, estava sujeita às seguintes condições: 1) as despesas de preparação e adaptação desta parte do forte ao fim para que era cedido seriam feitas por conta do Ministério do Interior; 2) esta parte do forte seria restituído ao Ministério da Guerra logo que cessassem as causas que determinaram esta concessão; 3) ficavam dependentes da aprovação do Ministério da Guerra quaisquer obras cuja necessidade se reconhecesse e que não fossem de simples preparação ou adaptação da parte cedida para o fim indicado. *3 - Passados dois anos, a 8 de janeiro de 1972, o guarda entrega no Quartel General da 3ª Divisão da Região Militar uma carta endereçada ao Diretor-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais a solicitar ser nomeado guarda do forte com renumeração, visto ser do chefe de família com nove filhos. Como o assunto não era da sua competência, a DGEMN, a 26 de janeiro, remete a carta à Direção-Geral da Fazenda Pública, mas não houve qualquer resposta, pois, em 1973, Francisco da Conceição volta a fazer a mesma solicitação, desta vez à Câmara Municipal.