Arquitectura residencial, maneirista e barroca.
Planta irregular composta, traduzindo a adaptação à morfologia do local em que se insere (o edifício abrange um troço da cerca moura bem como parte de uma das torres); organizado em quatro pisos, com ocupação desigual de áreas, o espaço interior testemunha das várias ocupações, intervenções e transformações de que foi alvo ao longo dos séculos. Volumetria escalonada, com coberturas a 2 e 4 águas. O edifício tem 4 pisos; na fachada principal (E) destaca-se o portal de feição seiscentista - encimado por volutas, pináculos e pequeno frontão triangular, integrado no soco de cantaria e ladeado por 2 portas rectangulares vulgares. No piso nobre, 5 janelas de sacada rematadas por cornija de cantaria e com grades de ferro forjado (varas verticais). A (O), a fachada é rematada por cunhal de cantaria, e a (E) observa-se a torre da cerca moura. No interior - onde está instalado o Museu de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santos Silva - há a destacar, no piso térreo: o Átrio, de planta rectangular, dividido pelo arco de cantaria aberto na Cerca Moura, coberto por tecto de madeira com pintura ornamental (Antero Basaliza e artífices da Fundação durante a campanha de obras de 1950), paredes com silhares de azulejos de composição figurativa, em monocromia azul em fundo branco (que se sabe serem oriundos da antiga capela do palácio) sendo ainda visíveis 2 arcos de sustentação de volta inteira. A nascente do átrio, situa-se a escadaria, que se desenvolve em 3 lanços rectos, de cantaria; nas paredes, silhares de azulejo de composição ornamental, simulando uma balaustrada na qual se destacam figuras de convite (guardas) em tamanho real; a escadaria conduz ao salão nobre, de planta quadrangular, principal compartimento do palácio; na verga da porta destaca-se a pedra de armas oitocentista dos Salter Mendonça *1; nas paredes, silhares de azulejo de composição figurativa e ornamental; tecto com decoração de estuque, rococó; o salão nobre tem acesso directo a um pequeno oratório, de planta trapezoidal. O pátio interior, em cujos topos se observam 2 arcos de cantaria de volta perfeita, possui no centro da quadra uma cisterna, com guarda de pedra e armação de ferro. Ainda no nível 4, destaca-se a sala Cadaval, com ligação ao salão nobre; tem planta rectangular, silhares de azulejo de composição ornamental e tecto de madeira apainelado;
Materiais
Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, ferro forjado, azulejos, mármore, estuque pintado.
Observações
*1 - cuja leitura heráldica é a seguinte: escudo esquartelado, no 1º de Noronhas, no 2º de Salter, no 3º de Arrais de Mendonça e no 4º de Rodrigues (de Salamanca ou de Varilhas).