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Teatro Nacional de São Carlos

Teatro Nacional de São Carlos

O ponto de interesse Teatro Nacional de São Carlos encontra-se localizado na freguesia de Santa Maria Maior no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Arquitectura civil cultural, neoclássica. Teatro de inspiração seiscentista, em estilo neoclássico e com algumas influências italianas, nomeadamente do teatro di San Carlo, de Nápoles (traçado em 1737 por G. A. Medrano) e do teatro dela Scalla de Milão (de Guiseppe Piermarini e construído entre 1776 - 78). A sua fachada, de grande sobriedade decorativa, inspira-se especialmente neste último. Na decoração interior do teatro de São Carlos participaram vários artistas destacando-se, por exemplo, Cirilo Volkmar Machado (tecto do vestíbulo e pano da boca de cena), o italiano Appiani (camarote real) e Manuel da Costa (tecto do salão). Construído como teatro de corte - com todas as suas características na arquitectura interna e função - para a burguesia, constituindo o primeiro teatro público, aberto a todo e qualquer cidadão pagante. A sua rápida construção, em apenas 6 meses, devido ao grande impulso do Intendente de Pina Manique, mas também ao facto de se implantar num terreno de declive e, segundo o arquitecto Luís Benavente, aproveitar um troço da muralha fernandina que ali passava.

Planta longitudinal, composta, de volumes articulados e cobertura diferenciada. Frontispício dividido em 3 corpos, 2 pisos sobrepostos por mezanino e um 3º sobre o corpo central. Este, no 1º piso, todo de aparelho rústico, desenvolve-se em loggia, formada por 3 arcos frontais e 1 lateral, em volta perfeita, encimado por terraço com balaustrada de cantaria. Aqui, as janelas, de cornija saliente e encimadas por painéis com inscrição e alto relevo, são enquadradas por parastase suportando cornija também saliente. No 3º piso este corpo tem relógio envolto em grinaldas e 2 janelas, coroado por 2 vasos e brasão. Os corpos laterais têm no 1º piso 2 portas de verga recta encimadas por janelas baixas; no 2º., 2 janelas com balaustrada de cantaria, cornija saliente e janela baixa no mezanino; enquadram-nas esquema decorativo de aparelho rústico imitando dupla pilastra, coroadas por festões, e criando entre si "painéis" de alvenaria. Interior com átrio, salões, sala de espectáculos de planta elíptica com 5 ordens de camarotes, de tipo italiano e salão nobre ao nível da 4ª ordem.

Materiais

Calcário, em aparelho rústico, talha, pinturas, telas, espelhos, madeiras, etc. Pavimento de madeira e lajedo.

Observações

O teatro de São Carlos ocupou desde a sua fundação um local priveligiado no âmbito da vida social lisboeta, constituindo simultaneamente um elemento dinamizador da mesma e à volta do qual se passam a organizar todos os demais programas recreativos da corte e da alta sociedade. Muitas vezes esteve em íntimo contacto com o estado político e social do país, na medida em que aí se realizavam espectáculos líricos solenizando acontecimentos memoráveis. No final do séc. 19 tornaram-se frequentes os espectáculos de feição benemérita, animados pela presença do rei e do povo, mas com a quase completa abstenção da alta sociedade. O empresário José Paccini (a partir de 1897) procura reverter a situação, insistindo numa rigorosa selecção do público, proibindo para isso a locação dos bilhetes, reduzindo o "carácter humanitário" dos espectáculos e os poucos privilégios que as classes menos abastadas ali podiam usufruir, suprimindo por exemplo as galerias da 3ª ordem. O Conde de Farrobo conservou para si um camarote contíguo ao do da família real e a ele tinha acesso por túnel desde sua casa, numa das ruas paralelas.